- Callena! Venha me ajudar!
Ouço minha mãe gritando do outro lado da cerca da nossa casa.
Saio correndo e a encontro carregando muitas sacolas das compras.- Mamãe por favor quando precisar ir fazer as compras me chame pra ir junto, é perigoso ficar carregando muitas sacolas sozinha com essa barriga. - pego as sacolas das suas mãos e abro a porteira com o quadril para que ela possa entrar, entro logo e escuto a porteira bater atrás de nós.
Ela já está de 8 meses, com uma barriga enorme, suas mãos e seus pés estão inchados.
Felizmente ela anda me ensinando muitas coisas, ela vai precisar muito da minha ajuda quando o bebê nascer.Ela me explicou que papai fica tonto daquele jeito porque bebe álcool, que deixa ele sem saber muito bem o que está fazendo.
Ela me disse também que aquilo que fazíamos de brincar de fazer silêncio não era uma brincadeira, e que a gente estava se escondendo dele para não acontecer nada de pior com nenhuma das duas.
Ele tinha parado de bater na mamãe, tinha parado de ir ao bar.
Mas na última semana voltou, e a gente voltou a se esconder. Novamente.
Entramos em casa e batemos os pés antes de entrar na sala, ela fica louca quando entramos sem bater, o tapete fica imundo.
"Sabe que não poderia me ajudar, certo? Foi bom ficar em casa adiantando algumas coisas" diz ela depois de eu lhe ajudar a por as sacolas em cima da mesa.
Nossa casa tem estado uma bagunça, e ela não tem tempo pra limpar, estamos fazendo de tudo para conseguir juntar dinheiro para quando o bebê nascer, porque não vamos ter muito tempo pra fazer cupcake para vender para nos manter, papai trabalha durante o dia, mas a maioria do seu dinheiro vai para o bar quando ele sai do serviço. Eu tentarei continuar sozinha.
"Só falta decorar mamãe, eu fiz a massa e já assei muitos." Digo pegando uma cadeira e fazendo ela se sentar.
"Estou me sentindo tão cansada hoje meu amor." ela estica os pés e estrala os dedinhos. Fico olhando aquilo e pensando e como ela consegue fazer isso ainda. Os pés estão enormes.Ela tem se sentido tão cansada em todos os dias dessa semana, mas nós duas sabemos o por que, mas prefiro não dizer nada.
"Você quer se deitar? e eu termino tudo." Falo tirando as coisas das sacolas e guardando nos armários e geladeira.
"Claro que não, só vou descansar um pouquinho, cinco minutinhos" ela diz sorrindo enquanto observa o que estou fazendo "O milho em conserva é no armário não na geladeira Callena."
" desculpe" tiro as duas que estava colocando na geladeira e coloco no armário ao lado da pia.
Assim que termino de guardar as compras, que não foi muita coisa porque o dinheiro que conseguimos com os cupcakes estamos guardando mais da metade, estamos tentando economizar o máximo de coisas possíveis dos armários.
"Posso começar a decorar então ?"
Pergunto tirando a ultima fornada do forno e colocando sobre a pia fria. Ela olha tudo que estou fazendo com devida atenção."Claro querida" ela diz e olha para suas mãos inchadas e esticas os dedos.
Pego os ingredientes e faço a pasta na batedeira. Coloco no saquinho de açúcar e começo um por um. Quando completo doze ela se levanta e começa a me ajudar em silêncio.
"Qual vai ser o nome?" Pergunto decorando mais um de rosa e colocando alguns corações pequenininhos de chocolate por cima.
"Eu conversei com seu pai, ele disse que se fosse menino seria Caleb" Diz ela e olha pra baixo e passa a mão pela barriga.
"Caleb" disse baixinho, não sei nem porque ela deixa ele sequer escolher o nome, queria que ele não fizesse parte da nossa família.
Ela pega o saquinho de açúcar que tem a pasta amarela e começa a decorar lindamente seu cupcake
"Se for menina, será Corinna" ela diz e sorri
Assim que ela diz o nome a olho, e tenho a certeza que foi ela quem escolheu este.
Nós não tínhamos dinheiro o suficiente para fazer um ultrassom para saber o sexo do bebê, então preferimos comprar roupinhas vermelhas e amarelas. Nós também aceitamos todas as roupinhas usadas que alguns vizinhos nos ofereceram. De roupinhas, podíamos dizer que tinha de sobra, não iríamos precisar se preocupar com isso.
"Corinna" disse baixinho esse também .
Terminamos os Cupcakes e colocamos em uma forma na geladeira.
Quando terminamos, nem vimos a hora, já estava noite.
Ouvimos um 'click' na porta e ela se abriu para trás, e papai entrou cambaleando."Querida, vá para seu quarto" fala mamãe me olhando apreensiva.
Olho para ele e vejo e está com uma garrafa de Álcool em sua mão direita.
Concordo devagar, mas para passar para meu quarto preciso passar por ele, caminho devagar e ele me agarra o pulso e me puxa . Seu olhar era frio e duro, ele tinha o olhar de um lobo faminto.
"Aonde pensa que vai garotinha do papai?" ele diz, as palavras se enrolando. O cheiro do seu hálito e das suas roupas não são bons, são esquisitos e sinto uma forte vontade de vomitar.
"A mamãe disse para ir pro quarto pai" tento abaixar a cabeca e prende por alguns segundos a respiração, estou ficando enjoada.
"Larga ela Richard" diz mamãe, ele olha sério pra ela e me solta.
Não sei se vou para o quarto ou se fico para ver o que vai acontecer. Ao mesmo tempo que quero ir pro quarto e me trancar, não quero deixa ela com ele."Claro!" Diz ele indo em direção a ela, cambaleando. Mamãe me olha mandando eu ir para o quarto novamente. Mas eu não obedeço. Meus pés fincam no chão e não consigo me mexer ao ver ele largando a garrafa com força na mesa que faz um barulho ensurdecedor, ele tenta sem sucesso se equilibra bem perto dela e por fim desiste e se apoia na ponta da mesa somente com uma mão.
Sinto a tensão se instalar na cozinha
"Callena já mandei ir para seu quarto!" Grita mamãe. Por que ela está brava comigo? O que eu fiz para ela gritar ?
Me viro rápido e dou dois passos para sair e escuto a garrafa de álcool sendo jogada na parede e o barulho de um tapa.
Paraliso no lugar. Não sei se me viro ou se saio correndo para meu quarto. E se ela gritar comigo de novo?
Me viro devagar, e a vejo apoiada na cadeira com uma mão e a outra na barriga.
Com uma expressão de dor."Por que você sempre faz isso papai?" Digo antes de pensar, e acabo me arrependendo assim que ele vem na minha direção cambaleando e vejo o olhar horrorizado da minha mãe com a mão no rosto, aonde deve ter levado o tapa.
Mas antes que eu possa pensar em correr para o quarto, ou antes que minha mãe diga qualquer coisa me sinto sendo jogada para o lado e batendo na parede atrás de mim, caio sentada e sinto a dor na altura do quadril. Meu rosto arde e coloco a mão sobre a pele sensível.
Já me acostumei mais do que deveria com isso.
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- L.P
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Callena
ChickLitPLÁGIO É CRIME! Callena é uma menina simples e forte, uma menina que carrega um fardo que as meninas da sua idade não aguentariam carregar, e não deveriam. Quando Callena completa sete anos de idade, seu pai Richard, começa a ter o costume de...