Capitulo 4.

39 6 2
                                    

"Callena.. o papai che..go" diz ele tentando abrir a porta de qualquer jeito. Dava para ver no tom de sua voz que estava embriagado pelo álcool.

"Lena, e se foi o papai bom?" Cochicha. Corinna me observa com os olhos cheios de lágrimas, agarrada a mim como nunca.

"Não é Corinna, ele nunca é bom, lembra?" Digo e ela balança a cabeça concordando.

Papai nunca pegou Corinna no colo desda primeira vez que a trouxe pra casa. Nunca mais lhe deu carinho. Infelizmente a única pessoa do mundo dela, sou eu.

Ouço passos, saindo de perto da porta. Eu solto um suspiro baixinho.

Ouço o chuveiro sendo ligado. Depois de alguns minutos Corinna já está cochilando no meu braço.
A aperto para mais perto de mim.

Logo também já estou cochilando.

---

"Lena, eu tô mounta votade de faze sisi" acordo com Corinna em pé do meu lado, inquieta com a mão entre as pernas. DROGA. Esqueci de levar ela ao banheiro antes de deitar.

Coço os olhos e levanto, a olho e faço um sinal com o indicador entre os lábios pra ela fazer silêncio.

Vou até a porta e tento escutar atrás dela, mas eu não ouço nada.

"Vamos rapidinho, está bem?" Digo a ela e a mesma assente.

Abro a porta devagar e olho entre ela pra ver se escuto ou vejo algo.

Só tem breu, e o escuto levemente roncando.

Olho para ela e pego em sua mãozinha que já está segurando em minha blusa, e caminho pelo corredor escuro. Cuido para não fazer barulho com os passos e para não bater em nada. Acho que Corinna entende exatamente tudo, porque ela faz o mesmo.

Chegamos ao banheiro e fecho a tranca devagar atrás da gente.
Não ligo a luz pra não chamar atenção.

"A Lena tá aqui, faz xixi rápido, não vou largar sua mão." Digo e a ajudo a tirar a calcinha e ela se senta na privada. Pego em sua mão para lhe mostrar que estou aqui. Não dá para ver nada a não ser a escuridão completa.

"Deu Lena" diz ela e se levanta, a ajudo novamente a por a roupa de baixo. Me viro e abro a tranca da porta e a abro devagar, pego em sua mãozinha novamente grudada em minha roupa.

Caminhamos devagar pela casa escura, quando entramos no corredor tropeço em algo e quando percebo que são seus pés, o pânico toma conta de mim. O sentimento de medo me domina, e a primeira coisa que faço é o empurrar e pegar Corinna no colo e correr, pelo menos o correr é que tento, ele é mais rápido e me pega pelo colarinho da camisa e me puxa para trás fazendo com que a parte da frente da camisa me machuque o pescoço.

Eu me engasgo e a camisa me enforca mas não desisto.

Largo Corinna e ela fica apavorada, sem saber o que fazer. Como está um breu, não vejo nada mas sinto ela tateando tentando pegar em minha roupa.

"cori, corre e fecha!" Grito sem ar e ela imediatamente sai que é um jato e se tranca no quarto.

Ele puxa pelos meus cabelos e me vira fazendo eu o encarar. Sinto seu bafo de álcool perto do meu rosto e ele cospe.

Sinto sua saliva escorrer no meu rosto.
Logo vem a ânsia de vômito e o empurro.
"Me solta!" Grito e o estapeio mesmo sabendo que ele não sentirá nada, tenho que tentar de algum jeito.

"Ora-ora, tô com vontade de rir de você" diz ele me segurando pelos cabelos e outra mão no meu braço esquerdo. Sinto uma aliviada nos cabelos e um tapa forte no lado direito do rosto.

Por extinto, coloco a mão em cima da bochecha, tentando acalmar a dor.

"Você é tão fraquinha! Aguenta menos que sua mãe" ele cospe novamente e logo minha garganta fica fechada e sinto as lágrimas escorrendo sem parar.

"Por favor, papai" falo abaixando a cabeça, não aguentando mais ser humilhada desse jeito.

No momento que ele me solta, tenho a esperança que ele tenha me escutado pedir por favor, e que talvez tenha piedade de mim.

Mas no segundo seguinte, ele prende as mãos em meus cabelos, e puxa soltando um alguma coisa como um 'argh' e me empurra pra trás com muita força.

Sinto minhas costas batendo com força na parede atrás de mim, escorro para o chão, logo sentindo uma pancada nas costelas e assim percebo que foi um chute, me dobro sentindo as costelas arderem. Sinto outra pancada na cabeça ao lado esquerdo da orelha e fico grogue sem muita noção das coisas, tudo roda, minha cabeça está um chumbo.

"Eu não disse, que era mais fraca que aquela vadia..?" ouço a voz dele e logo depois minha cabeça sendo jogada mais uma vez para o lado. Neste momento eu não sinto mais dor nenhuma, só sinto meu rosto melecado pelas lágrimas e o líquido espesso escorrendo pelo meu nariz chegando ao meu pescoço.

Minha cabeça tomba pro lado e eu não vejo mais nada, só a escuridão me consumindo.

-

"Lena, acoida, ele nao tá mais aqui." Ouço uma vozinha bem baixinha dizendo, tento abrir os olhos, mas só o que consigo sentir é as suas mãozinhas tocando minhas bochechas e ver o breu da escuridão do corredor e assim deixo ela me tomar novamente.

-

O que será que vem por aí hein? Até quando Callena aguentará ser saco de pancadas ?

Vote e comente ❤️ sua interação me estimula a continuar a escrever cap por cap. Não seja um leitor fantasma ❤️ até o próximo .

CallenaOnde histórias criam vida. Descubra agora