"Callena.. o papai che..go" diz ele tentando abrir a porta de qualquer jeito. Dava para ver no tom de sua voz que estava embriagado pelo álcool.
"Lena, e se foi o papai bom?" Cochicha. Corinna me observa com os olhos cheios de lágrimas, agarrada a mim como nunca.
"Não é Corinna, ele nunca é bom, lembra?" Digo e ela balança a cabeça concordando.
Papai nunca pegou Corinna no colo desda primeira vez que a trouxe pra casa. Nunca mais lhe deu carinho. Infelizmente a única pessoa do mundo dela, sou eu.
Ouço passos, saindo de perto da porta. Eu solto um suspiro baixinho.
Ouço o chuveiro sendo ligado. Depois de alguns minutos Corinna já está cochilando no meu braço.
A aperto para mais perto de mim.Logo também já estou cochilando.
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"Lena, eu tô cô mounta votade de faze sisi" acordo com Corinna em pé do meu lado, inquieta com a mão entre as pernas. DROGA. Esqueci de levar ela ao banheiro antes de deitar.
Coço os olhos e levanto, a olho e faço um sinal com o indicador entre os lábios pra ela fazer silêncio.
Vou até a porta e tento escutar atrás dela, mas eu não ouço nada.
"Vamos rapidinho, está bem?" Digo a ela e a mesma assente.
Abro a porta devagar e olho entre ela pra ver se escuto ou vejo algo.
Só tem breu, e o escuto levemente roncando.
Olho para ela e pego em sua mãozinha que já está segurando em minha blusa, e caminho pelo corredor escuro. Cuido para não fazer barulho com os passos e para não bater em nada. Acho que Corinna entende exatamente tudo, porque ela faz o mesmo.
Chegamos ao banheiro e fecho a tranca devagar atrás da gente.
Não ligo a luz pra não chamar atenção."A Lena tá aqui, faz xixi rápido, não vou largar sua mão." Digo e a ajudo a tirar a calcinha e ela se senta na privada. Pego em sua mão para lhe mostrar que estou aqui. Não dá para ver nada a não ser a escuridão completa.
"Deu Lena" diz ela e se levanta, a ajudo novamente a por a roupa de baixo. Me viro e abro a tranca da porta e a abro devagar, pego em sua mãozinha novamente grudada em minha roupa.
Caminhamos devagar pela casa escura, quando entramos no corredor tropeço em algo e quando percebo que são seus pés, o pânico toma conta de mim. O sentimento de medo me domina, e a primeira coisa que faço é o empurrar e pegar Corinna no colo e correr, pelo menos o correr é que tento, ele é mais rápido e me pega pelo colarinho da camisa e me puxa para trás fazendo com que a parte da frente da camisa me machuque o pescoço.
Eu me engasgo e a camisa me enforca mas não desisto.
Largo Corinna e ela fica apavorada, sem saber o que fazer. Como está um breu, não vejo nada mas sinto ela tateando tentando pegar em minha roupa.
"cori, corre e fecha!" Grito sem ar e ela imediatamente sai que é um jato e se tranca no quarto.
Ele puxa pelos meus cabelos e me vira fazendo eu o encarar. Sinto seu bafo de álcool perto do meu rosto e ele cospe.
Sinto sua saliva escorrer no meu rosto.
Logo vem a ânsia de vômito e o empurro.
"Me solta!" Grito e o estapeio mesmo sabendo que ele não sentirá nada, tenho que tentar de algum jeito."Ora-ora, tô com vontade de rir de você" diz ele me segurando pelos cabelos e outra mão no meu braço esquerdo. Sinto uma aliviada nos cabelos e um tapa forte no lado direito do rosto.
Por extinto, coloco a mão em cima da bochecha, tentando acalmar a dor.
"Você é tão fraquinha! Aguenta menos que sua mãe" ele cospe novamente e logo minha garganta fica fechada e sinto as lágrimas escorrendo sem parar.
"Por favor, papai" falo abaixando a cabeça, não aguentando mais ser humilhada desse jeito.
No momento que ele me solta, tenho a esperança que ele tenha me escutado pedir por favor, e que talvez tenha piedade de mim.
Mas no segundo seguinte, ele prende as mãos em meus cabelos, e puxa soltando um alguma coisa como um 'argh' e me empurra pra trás com muita força.
Sinto minhas costas batendo com força na parede atrás de mim, escorro para o chão, logo sentindo uma pancada nas costelas e assim percebo que foi um chute, me dobro sentindo as costelas arderem. Sinto outra pancada na cabeça ao lado esquerdo da orelha e fico grogue sem muita noção das coisas, tudo roda, minha cabeça está um chumbo.
"Eu não disse, que era mais fraca que aquela vadia..?" ouço a voz dele e logo depois minha cabeça sendo jogada mais uma vez para o lado. Neste momento eu não sinto mais dor nenhuma, só sinto meu rosto melecado pelas lágrimas e o líquido espesso escorrendo pelo meu nariz chegando ao meu pescoço.
Minha cabeça tomba pro lado e eu não vejo mais nada, só a escuridão me consumindo.
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"Lena, acoida, ele nao tá mais aqui." Ouço uma vozinha bem baixinha dizendo, tento abrir os olhos, mas só o que consigo sentir é as suas mãozinhas tocando minhas bochechas e ver o breu da escuridão do corredor e assim deixo ela me tomar novamente.
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O que será que vem por aí hein? Até quando Callena aguentará ser saco de pancadas ?
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Callena
ChickLitPLÁGIO É CRIME! Callena é uma menina simples e forte, uma menina que carrega um fardo que as meninas da sua idade não aguentariam carregar, e não deveriam. Quando Callena completa sete anos de idade, seu pai Richard, começa a ter o costume de...