140km/h

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a gente ignora que eu publiquei o capitulo dessa fic em outra fic e segue o barco

boa leitura <3


O escolhido da noite era o dito sortudo que tinha a oportunidade de estar com Changkyun dentro do carro durante a corrida. Parecia algo sem tanta importância, não tão digno do alarde que faziam em cima da situação, mas a coisa toda era que: se O Invicto ganhasse a corrida — e ele sempre ganhava —, a pessoa que estivesse com ele ganhava uma belíssima recompensa.

E Kihyun odiava ter de ficar esperando o melhor amigo fazer os parceiros gozarem sabe-se lá quantas vezes para poder voltar para casa.

Porque doía. Doía de uma maneira que o Yoo, mesmo depois de tantos anos, nunca aprendera a lidar. Doía ao ponto de Kihyun se trancar no quarto quando chegavam ao apartamento e chorar baixinho até o sono tornar o aperto no peito suportável novamente.

Foi inevitável para Kihyun admitir os sentimentos que cultivava por Changkyun. O estágio de negação foi longo — aquela batalha interna começara na adolescência de ambos. No entanto, uma hora ou outra a ficha de que aquela palpitação insana de seu coração toda vez que o mais novo sorria não era normal cairia. E quando caiu, não havia coragem o suficiente para que algo a respeito fosse feito.

Quer dizer, eram melhores amigos há tanto tempo, acabava sendo difícil não ter medo de estragar tudo enfiando sentimentos românticos no meio. A situação inteira caía no clichê mais clássico possível: Kihyun não sabia se Changkyun retribuía, até porque o garoto não dava sinais muito claros — não que ele percebesse, pelo menos —, o que o levou a concluir que era melhor manter as coisas nos lugares em que estavam. Arriscar não era uma opção.

O que não mudava o fato de que ter de assistir o Im com uma pessoa diferente a cada semana doía muito mais do que Kihyun conseguia mensurar.

Porque a verdade mesmo era que Kihyun queria ser aquelas pessoas. Ele queria ser quem Changkyun abraçava, beijava, tocava, fodia. Ele queria estar sob o corpo do melhor amigo, sentindo-o de maneiras que só podia imaginar; queria poder beijá-lo e sussurrar todos os sentimentos que o sufocavam até ser difícil respirar. Mas, no fundo, Kihyun sabia que, provavelmente, todos aqueles desejos continuariam como o que eram: apenas desejos. Era melhor daquela maneira.

E aquela merda doía.



— Me tira daqui, por favor. — Kihyun sussurrou, os olhos suplicantes recaindo sobre Minhyuk assim que o rapaz sentiu que encarar Changkyun e o outro garoto se agarrando contra a lataria do carro era demais para o próprio coração. Não valia à pena aquela sensação de sufocamento, não valia à pena a vontade de chorar embolada na boca do estômago. Queria estar longe dali o quanto antes e sabia que podia contar com o loiro para isso.

Felizmente, não demorou muito para o Lee ler o olhar de Kihyun e sorrir, condescendente, lhe beijando a testa com carinho.

— Claro, babe.

Entrelaçando os dedos longos aos de Kihyun, Minhyuk levou-o até o próprio carro, rapidamente dirigindo para longe de Hongdae. Longe de Changkyun e da dor que aquela situação trazia ao Yoo.

Kihyun se aproveitou da liberdade que tinha com o mais velho para ligar o rádio do carro, sorrindo verdadeiramente pela primeira vez naquela noite quando ouviu os acordes de uma de suas músicas preferidas saindo pelos alto-falantes. A cabeça repousou contra o encosto do banco, os olhos focados nas luzes que passavam pela janela aberta, a brisa fresca parecendo levar embora a angústia que, pouco a pouco, se dissipava no peito do Yoo.

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