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demorei mais do que eu gostaria pra vir com essa atualização, mas esse capítulo é um pouquinho mais emocionalmente "pesado" do que os últimos dois e eu quis fazer algo aceitável OAKOSKASOK

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Kihyun era tudo que Changkyun tinha.

Não era exagero, não era demagogia nem sentimentalismo falso. Kihyun era, literalmente, tudo que Changkyun tinha.

Os pais do Im faleceram quando o garoto ainda era muito novo e ninguém nunca havia lhe explicado como tudo acontecera. Até os dias atuais, a morte de seus progenitores ainda era um enorme ponto de interrogação e sua criação ficara sob a responsabilidade da avó materna, que não podia ser considerada a melhor pessoa do mundo. Pelo contrário. Changkyun passara anos sob o tratamento nada carinhoso da senhora, sendo culpado por coisas que não fizera e obrigado a amadurecer muito mais rápido do que o normal para um adolescente de 12 anos.

Até Kihyun aparecer.

Apesar de muito maduro, Changkyun também era muito frágil. E, obviamente, os valentões da escola se aproveitavam disso. Como um aluno transferido, tímido demais e sem muita disposição para socializar por não saber como, o Im simplesmente não tinha amigos ou alguém para defende-lo. Sempre que era importunado por alguém, Changkyun abaixava a cabeça e aceitava, para, logo em seguida, se trancar no banheiro e chorar. Não podia fazer queixa aos superiores da escola, pois era certeza de que sua avó seria acionada e essa era, definitivamente, a última coisa de que o garoto precisava.

Kihyun estudava em um ano acima por ser um ano mais velho e foi pura coincidência quando o Yoo se deparou com o bolo de pessoas ao redor de três alunos que batiam em um quarto. O rapaz estava na escola para estudar à tarde na biblioteca, mas foi mais como se ele simplesmente estivesse no lugar certo na hora certa.

E o que Kihyun não tinha de altura, tinha de coragem, porque rapidamente ele se enfiou entre as pessoas e se colocou à frente do garoto caído no chão. Não era uma luta justa e o Yoo apanhou feio, mas também bateu forte o suficiente para garantir que aqueles babacas não chegariam perto do novato mais uma vez.

Changkyun se lembrava bem do diálogo que tiveram no banheiro vazio do terceiro andar, porque o Im insistira que não queria — não podia — ir à enfermaria, mas Kihyun, mesmo assim, afanou alguns itens de primeiros-socorros e então trancaram-se no banheiro para que ele cuidasse dos ferimentos de ambos.

— Qual o seu nome? — A voz de Kihyun era suave e reconfortante como cafuné de mãe em uma tarde chuvosa. O timbre morno conseguiu aquecer o coração de Changkyun, que parou de tremer e de chorar, focado em se sentir acolhido pelo toque gentil daquele rapaz que fizera tanto por si, mesmo sem se conhecerem.

— Changkyun. Im Changkyun. 601 A — Já a voz de Changkyun quebrara, frágil pela falta de uso e pelo choro de minutos antes, e seus olhos viajavam pela expressão focada do garoto. Não entendia muito sobre as coisas da vida, mas ele lhe parecia tão bonito que se pegou querendo admirá-lo por todo o tempo que lhe fosse permitido, ainda que fossem aqueles poucos segundos em que o outro cuidava dos ralados em seus braços e joelhos e dos cortes em seu rosto. — E o seu?

— Yoo Kihyun, sou da 701 C. Já pode me chamar de hyung — Brincou Kihyun, erguendo o rosto, antes concentrado, do machucado do Im para sorrir, os olhos fechados em pequenas luas crescentes deixando Changkyun admirado.

Tão bonito.

— Você deve ser inteligente. — O mais velho tornou a se manifestar, focado em procurar por mais ralados e suspirando ao encontrar mais um no cotovelo de Changkyun.

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