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olha quem voltou bem rápido, hihi

o capítulo tá bem curtinho porque ele é mais um capítulo de transição

boa leitura <3



Kihyun voltou o olhar ao rosto de Changkyun assim que a avalanche de memórias dos acontecimentos da semana anterior terminou de atordoá-lo. O mais novo mantinha aquela expressão de cachorrinho que havia caído da mudança, na tentativa de convencer o melhor amigo, mas, em sua cabeça, ele também relembrava tudo que acontecera e torcia ainda mais para que o Yoo aceitasse o convite. Precisava que o garoto aceitasse.

As palavras de Changkyun ao final daquela noite tornaram a rondar a mente de Kihyun, porque era somente naquilo que o moreno conseguira pensar durante toda a semana. Os carinhos, o beijo na testa, as confissões de alguém que acreditava piamente em sua inconsciência, quando o Yoo estava acordadinho da silva e ouvindo cada sílaba. Era algo difícil de deixar para lá quando representava o que Kihyun mais queria, o que ele mais almejava ouvir. O problema mesmo era saber se havia interpretado da maneira correta ou se sua mente estava, mais uma vez, lhe pregando peças, como quando achou que o Im fosse beijá-lo no meio da confusão.

(E ele ia, só não teve os culhões, para variar.)

E Kihyun quis perguntar, como ele quis. Quis colocar Changkyun contra a parede e saber qual era o sentido de tudo aquilo, o que ele pretendia com aquelas coisas todas. Só que ele também não teve os culhões. Principalmente não depois de Changkyun ter se tornado o perfeito namorado-que-não-era-namorado e começado a ser ainda mais atencioso do que o normal.

O Yoo não sabia se era o peso na consciência, a culpa pela confusão ou se eram aquelas palavras sendo levadas a sério, mas ele nem podia reclamar de todos os mimos que passou a receber. Até ajudar com a faxina o Im se dispusera a ajudar e fez bem feito, por mais incrível que pudesse parecer. Fora o carinho e a atenção redobrada, deixando Kihyun até um pouco mal-acostumado, porque, pertinho do fim da semana, o garoto já embirrava se não ganhava beijo de bom dia, boa tarde e boa noite.

Não que Changkyun não fosse carinhoso e meigo anteriormente; ele sempre foi. No entanto, aquela avalanche de cuidado parecia ser tudo de que Kihyun precisava e o Yoo não queria descer da nuvem de ilusões acerca de um relacionamento perfeito onde o tratamento do Im o colocara.

Ele não queria que a sexta-feira chegasse.

Só que ela chegara e ele precisava lidar com a realidade que seria jogada em sua cara. Changkyun não era seu namorado, não era o cara que ele poderia levar para jantar e depois se beijarem até as bocas ficarem dormentes. Changkyun era seu melhor amigo e não o escolheria naquela noite. Talvez nunca o escolhesse, em noite ou dia algum.

— Eu não sei, Chang... — Murmurou o moreno, fechando o notebook e começando a catar o próprio material espalhado pela mesa em uma missão árdua de ignorar o cara de quem gostava seminu e fazendo manha ao lado. — Na semana passada a gente brigou e eu não sei se é uma boa eu voltar lá. Não quero brigar contigo de novo. — Seguiu com seus pertences para o quarto e sentiu que Changkyun veio atrás, fazendo-o suspirar e se preparar para mais um pouco de insistência e chantagem. Não tinha psicológico para os bicos do Im, sinceramente.

Como esperado, lá estava o mais novo, jogado em sua cama, os cotovelos apoiados no colchão para que as mãos segurassem o rostinho bonito em que um bico carregava toda a súplica que os olhos não conseguiam expressar o suficiente. E Kihyun quis tanto não ceder, mas na primeira palpitação mais forte de seu coração, ele já havia arriado os ombros, suspirado pesadamente e assentido, nem se dignando a falar qualquer coisa para não parecer ainda mais patético.

Changkyun desceu do colchão dançando e pulando — a maldita toalha cada vez mais frouxa no quadril —, como se tivesse ganhado na loteria, e correu para segurar o rosto do mais velho entre as mãos, enchendo-o de beijos entre múrmuros animados de "obrigado" antes de abandonar o cômodo, deixando um Kihyun atônito e sem qualquer força nas pernas para trás.

— Eu amo você, hyung! — Ele ainda teve a ousadia de gritar do corredor antes de bater a porta do próprio quarto e Kihyun riu, desacreditado, o corpo caindo na cama. Aquele garoto ainda lhe causaria um ataque cardíaco e não demoraria muito.




Como em todas as semanas, Changkyun o deixou na entrada do galpão e seguiu para os fundos com o carro, indo preparar o veículo e colocá-lo diante do ponto de largada. Kihyun caminhou por entre as pessoas já altamente ébrias, dançando ao som de alguma eletrônica que explodia nos autofalantes, até encontrar seu cantinho particular perto da pista onde ocorriam as corridas. Minhyuk já estava lá, encostado no próprio carro com uma garrafa de cerveja entre os dedos longos, o sorriso ladino se abrindo assim que o loiro pôs os olhos no Yoo.

— Hey, gatinho. — Cumprimentaram-se com beijos na bochecha e abraços e Kihyun logo estava aceitando a bebida oferecida pelo mais velho, quase como em um déjà vu da semana anterior. — Você e o Im já se entenderam, eu imagino.

Minhyuk sabia de tudo. Da briga, dos sussurros que Kihyun ouvira de madrugada e da mudança de comportamento de Changkyun ao longo da semana. Os dois haviam virado amigos, acima de qualquer coisa, e acabavam por marcarem de se encontrar para tomarem um café juntos e colocarem os assuntos em dia. Tinham gostos em comum, entendiam-se como ninguém; não era uma foda que ficaria no caminho de uma amizade boa daquelas. Óbvio que Kihyun se certificara de que Minhyuk não sentia nada além de um afeto muito grande por sua pessoa antes de chegarem a tamanho nível de intimidade — e foi surpreendente saber do passado do loiro com o garoto escolhido na semana anterior por Changkyun.

— Na verdade, não. Ele só insistiu muito para que eu viesse e, bem, aqui estou.

— Você, como sempre, mimando o moleque. — Minhyuk revirou os olhos e Kihyun deu de ombros, desviando o olhar da expressão julgadora no rosto do Lee para a movimentação adiante. Changkyun conversava com algumas pessoas e, vez ou outra, procurava por algo com os olhos. Apesar da curiosidade, o Yoo, com um aperto no peito, deduziu que ele procurava por quem seria o escolhido daquela noite e decidiu que era melhor não deixar aquilo subir à cabeça mais uma vez.

Passou a encarar os próprios pés, desejando internamente que a noite só terminasse de uma vez. Nem mesmo o abraço reconfortante de Minhyuk parecia distraí-lo daquela vez, talvez porque Changkyun o fizera se apaixonar ainda mais durante aquela semana e o Yoo não conseguisse lidar com o incômodo da situação dez vezes maior. Queria ir para casa, fugir dali e se enrolar nos cobertores para afogar a dor de seus sentimentos unilaterais em sorvete e muitas temporadas seguidas de friends e filmes da Pixar.

— Ei, Kihyun, você vai querer ver isso... — A voz do Lee o tirou dos devaneios acerca de todas as maneiras que poderiam funcionar em fazê-lo superar o amor descontrolado pelo melhor amigo. Erguendo os olhos em meio a muxoxos, o moreno encarou o mais velho, que simplesmente apontou com o queixo para frente, sem fita-lo de volta.

Kihyun não entendeu o porquê de todos os olhares terem recaído sobre o canto em que estava com Minhyuk até ele finalmente encontrar o motivo do alarde. Changkyun caminhava em sua direção, nos olhos a certeza do que fazia, a mão esticada para si e o sorriso matador nos lábios bonitos, fazendo aquele maldito piercing reluzir sob a luz do luar: a imagem perfeita do pecado encarnado e o Yoo nem ligava de ir o caminho inteiro até o inferno por aquele garoto.

Kihyun perdeu a força nas pernas, mas Changkyun estava lá para segurá-lo, o agarre firme ao redor de sua cintura, como devia de ser. O coração batia em seu ouvido e o mundo ao redor parecia ter simplesmente desaparecido, como se fosse apenas os dois.

— Corre comigo? — E bastou um sussurro ao pé de seu ouvido para Kihyun finalmente entender.

Ele era o escolhido da noite





vou só deixar isso aqui e sair correndo

até a próxima atualização, bebês, rs

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