PRÓLOGO

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Era uma fria madrugada de agosto, e como a maioria dos jovens da época, me deparei deitado em meu quarto, oculto por um cobertor que, deliberadamente estava sobre toda extensão do meu corpo chegando até meu pescoço. Uma deleitante brisa passava por uma pequena fenda que eu deixara propositalmente aberta na janela. havia sido uma semana costumeira, a qual me permiti ser comunicativo apenas através da tela do meu pequeno smartphone. um fio preto e fino serpenteava sobre o chão do quarto escuro, chegando até a cabeceira de minha cama, passando por baixo do meu pescoço e se conectando ao celular. Fazia horas que eu estava na mesma posição, e isso consequentemente fez meus pés formigarem, o que não tirou meu foco, pois eu estava profundamente entretido na conversa que estava tendo com Josh, um rapaz que eu havia conhecido naquele mesmo mês, e já ousava colocar lhe o título de amigo. talvez porque ele, conversando comigo, me distraía momentaneamente de alguns problemas que eu estava enfrentando, e que em minha mente, meus pais eram os únicos responsáveis, pois passaram a semana toda me alertando sobre ficar muito tempo em casa, e também, sobre não ter ido no aniversário de 90 anos de minha bisavó, alegando não estar disposto, o que em parte era apenas uma falsa afirmação, para me livrar de ouvir uma senhora falando sempre as mesmas coisas e contando seus repetidos depoimentos de como a vida era melhor sem os celulares, que segundo ela, são as “escravidões de bolso”. A conversa fluía muito bem, falávamos sobre nossos sonhos e vontades, sobre querermos logo um trabalho para consequentemente sairmos das casas dos nossos pais, eu principalmente, não aguentava mais ver o rosto do meu irmão Max, nunca fui um ser cordial com crianças, e o meu irmão mais novo com certeza não era uma exceção, brigávamos todos os dias, pois ele sempre queria chamar atenção de todos. E isso para mim era um forte motivo para sair daquela maldita casa, na qual eu me sentia mais como um estranho do que como um membro da família em si. Entre as notificações de mensagens de Josh, recebi uma mensagem de Zack, um garoto amável e humildemente determinado, que conheci aos sete anos de idade, e que depois de onze anos amadurecendo, ainda continuava com a mesma essência de sempre. A mensagem de zack causou uma vibração intensa no celular,  fazendo meu dedo trepidar e, acidentalmente entrar no seu bate papo. Como não podia fazer tal desfeita com o garoto, resolvi ler a mensagem, de uma forma breve, pulando todas as vírgulas e pontos presentes no texto, o que me impossibilitou de interpretá - lo corretamente, mas, por conta da minha curiosidade e apreço por sua pessoa, resolvi ler a mensagem. naquele momento, uma ligeira sonolência fez meus olhos lacrimejarem , mas antes de dar lugar ao sono, li toda a mensagem de Zack, que dizia o seguinte : “ cara, fiquei horas esperando você chegar na sorveteria, eu te disse que o milkshake era por minha conta. precisava falar algo sério com você, se não quisesse ir, poderia ter ao menos me avisado antes, você já não é mais o mesmo.”  Após terminar de ler o texto, me veio à mente o compromisso que tinha feito com ele, mas que eu havia esquecido, talvez por ficar ocupado demais arrastando o dedo na tela trincada do celular, vendo publicações de amigos que eu adorava stalkear, e curtindo fotos de celebridades em lugares paradisíacos que eu sonhava em conhecer. um breve remorso rodeou meus pensamentos, mas antes mesmo de conseguir respondê - lo, adormeci em um sono profundo.

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