DOIS

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capítulo ii.
❝ hi. ❞

— Tem certeza que quer ficar por aqui? — Natasha perguntou, quando pararam o carro em frente a um pequeno hotel

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— Tem certeza que quer ficar por aqui? — Natasha perguntou, quando pararam o carro em frente a um pequeno hotel. - Acho que chegamos em um péssimo momento.

Steve olhou para o céu através da janela do carro por alguns segundos. A tempestade que castigava Tyrenwood era assustadora, principalmente se fosse levado em conta o habitual clima quente daquela região do país, mas não para Rogers. Na verdade, ele precisava de um lugar como aquele para fugir de todo o caos que o assombrava dia após dia.

Uma chuva forte não era nada comparada ao temporal que a vida dele havia se tornado desde que a separação dos Vingadores se tornou algo real. Não bastava-lhe viver longe das pessoas com quem havia passado os melhores momentos de sua longa vida, ainda tinha que viver em uma constante fuga do governo, que parecia querer colocá-lo atrás das grades a todo custo.

— Sim, eu vou ficar por aqui. — O Capitão América respondeu, finalmente, virando-se para olhar o banco de trás, onde Nyx e Atena, as duas deusas gregas que haviam conhecido anteriormente, se espremiam ao lado de Sam Wilson. - E vocês?

— Ficaremos aqui por alguns dias, apenas para ter certeza de que é seguro para você. — Atena não desviou o olhar da janela. A deusa fazia uma careta estranha na direção da tempestade, como se a chuva lhe assustasse mais do que deveria. — Depois, procuraremos outros lugares. Não é seguro ficarmos todos juntos.

— Tudo bem. — Rogers suspirou, por fim. Ele pegou seu boné e saiu do carro, correndo na direção da parte coberta do hotel. Na recepção, havia apenas uma senhora, que lia um livro qualquer. Steve precisou apertar a pequena campainha para que ela percebesse sua presença. O loiro torceu para que ela não o reconhecesse.

— Oh, olá! — Ela se levantou da cadeira e caminhou até ele com um sorriso acolhedor. — Meu nome é Hellen. Em que posso ajudá-lo, querido?

— Preciso de quartos. — Ele apontou para o carro onde seus amigos estavam, e Hellen assentiu.

— Os quartos 94 e 95 têm três camas, cada um. — Ela pegou as duas chaves dos respectivos quartos. - Um para as garotas, e o outro para os rapazes. Não precisa se preocupar em acertar os valores comigo por agora, meu bem. Se acomodem, tirem essa roupa molhada e descansem. Consigo fazer um preço amigável, já que são tantas pessoas.

— Obrigado. — Ele agradeceu, e fez um sinal positivo na direção do carro. Natasha assentiu e dirigiu o carro até uma das vagas livres do estacionamento.

Rogers se dirigiu até o quarto 94, no segundo andar, mas parou pouco antes de alcançar a porta. Poderia jurar que ouviu algo se quebrando, e alguém dizendo algo em uma língua que ele não soube identificar.

Talvez, fosse apenas a sua imaginação. O Capitão América passou a ouvir coisas demais desde que se tornou um fugitivo. Por vezes, acordava no meio da noite, pondo-se em posição de ataque, com a sensação de que alguém estava em seu quarto de hotel, pronto para prendê-lo.

Ele estava ficando louco.

— Esse lugar não é tão ruim assim. — Sam apareceu, com um sorriso divertido em seu rosto. — Os chuveiros têm água quente.

— Estamos fugindo do governo, e tudo que você consegue pensar é na temperatura do seu banho? — Nyx, a deusa da noite, revirou os olhos. Desde que deixaram Bucky em Wakanda, seu humor havia deixado de ser tão agradável. Afinal, ver a pessoa que ama ser congelada, mais uma vez, não deve ser uma das melhores experiências do mundo.

— Dê um tempo, luzinha. — Atena, deusa da sabedoria, brincou, aparecendo ao lado da parente e colocando as mãos sobre os ombros da mesma, massageando-os, fazendo Sam e Natasha rirem. — Este deve ser o lugar mais seguro que encontramos em semanas. Duvido que sequer tenham acesso à um canal digno de televisão ou internet de qualidade por aqui.

— Oh, céus, Steve, vamos embora. — Sam resmungou ao ouvir as palavras da deusa loira.

— Eu vou ficar. — Ele balançou a cabeça, girando a chave na porta do quarto que dividiria com Wilson. — Podem procurar um lugar melhor para vocês daqui alguns dias.

— Steve precisa de um lugar como este. — Atena concordou, pegando a chave de seu quarto da mão dele e lhe dirigindo um sorriso solidário, como se entendesse o que ele sentia. E, talvez, ela realmente entendesse. — Um lugar que viva no passado.

— Eu não sei. — Nyx fez uma careta. — Atena, você realmente não acha essa tempestade familiar? Toda essa... energia. Isso não lhe soa como algo vindo de-

Não diga o nome dele, Nyx! — A loira a interrompeu, fechando subitamente a cara. — Aquele maldito deve saber de nossa situação e está rindo de nossas caras, mas não enviando uma de suas tempestades.

— Elas não estão falando do Thor, não é? Porque, se estiverem, eu também não acho que ele seja capaz de fazer uma tempestade dessas. — Sam murmurou, ao lado de Rogers.

Zeus. — Steve corrigiu, embora fosse apenas uma dedução. — Deus dos deuses, mas também dos raios e trovões.

— E o pior pai que existe em todo o universo. — Atena completou, andando até o quarto que compartilharia com Nat e Nyx e abrindo a porta. — Nos vemos na hora do jantar.

— Eu posso cuidar dela, não se preocupem. — Romanoff forçou um sorriso, e foi atrás da deusa. — Nenhum de nós está em seu melhor humor desde que tudo aconteceu.

As mulheres entraram dentro do quarto e trancaram a porta. Steve permaneceu do lado de fora. Mais uma vez, pôde ouvir o barulho de algo sendo quebrado no quarto ao lado.

— Você não vai entrar, Steve? — Sam perguntou, já dentro do quarto.

— Ainda não. - Ele respondeu, fechando a porta atrás de si.

Steve Rogers sentia-se sufocado, e trancar-se em um quarto não o ajudaria em nada.

Lembrou-se de Visão e Wanda, e se perguntou se estariam bem. Haviam deixado os dois na cidade anterior, e ele preferia acreditar que não havia dado nada de errado.

E, em breve, ele seria deixado para trás também. Caso não conseguissem nenhuma pista do homem que procuravam, Atena e Natasha teriam que seguir viagem. Nyx e Sam não deixariam de acompanhá-las, com certeza. E, no final de tudo, Steve Rogers estaria sozinho. Não seria mais o Capitão América, um Vingador.

Aquilo o aterrorizava mais do que gostaria de admitir.

O loiro perdeu a conta de quanto tempo ficou ali, do lado de fora, encarando a imensidão escurecida pelas nuvens carregadas de chuva, até seus pensamentos caóticos serem interrompidos pelo barulho da porta mais próxima —o quarto 93, de onde vinham os barulhos —se abrindo. O homem que saiu de lá parecia ofegante e cansado, e Steve logo notou que seus punhos estavam machucados, quase ensanguentados.

—Olá. —Rogers murmurou, encarando-o com uma desconfiança quase palpável.

—Oi. —O moreno lhe respondeu, escondendo os punhos feridos nos bolsos do moletom. —Hóspede novo?

Steve assentiu. O estranho acenou com a cabeça e foi embora. Mas o sentimento de que algo muito estranho estava acontecendo ali não abandonou a mente do homem.

E estava longe de abandonar.

zeus ── marvelOnde histórias criam vida. Descubra agora