Quando encontrei aquele que nao queria nada com nada

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Lindos olhos castanhos e um espírito livre; combinação fatal.

Geração do Desapego

É, essa é uma daquelas vezes que paro para escrever sobre alguém e garantir que tudo que vou dizer vai ser tão cinicamente dramático que esse alguém terá vergonha de sair na rua.
Mas sabe, venho estando relutante em escrever sobre esse cara até porque não tenho muito o que falar e ele não inspira as mesmas coisas que as pessoas de outros textos inspiraram. Ele não me faz ter sacadas poéticas brilhantes, mas toda vez que consigo olhar bem fundo naqueles olhos castanhos quase tão escuros quanto os meus sei que tem algo, alguma história a ser contada que talvez pudéssemos ter dividido, mas parando bem para pensar temos alguns minutinhos de história sim.
Tenho essa mania de me envolver com pessoas que não buscam relacionamento algum, aventureiros de espírito livre, amantes de minutos e logo depois totais estranhos. Uma alergia a esse tipo de coisas palpita fundo no meu coração. Uma aversão a falta de amor e empatia que me deixa doente. Minha geração recebeu a má famã do desapego e eventualmente de forma quase que irônica são essas as pessoas que encontro no meu caminho. Corpos bonitos infectados com o a falta de amor e alma triste.
O garoto de olhos castanhos não está longe de ser assim, na verdade, ele é exatamente isso, assim como muitos outros e quase sempre me pergunto: "Quem pode ter partido seu coração em tantos pedaços que nunca mais foi capaz de junta-los?"
Já tive meu coração quebrado antes e queria poder dizer que uma amiga, um primo ou quem sabe sua mãe te ajudará a ficar inteiro novamente e você sabe que irão. Irão tentar até que percebam que você terá que fazer isso por si mesmo.
Não é a minha primeira desilusão, nem a primeira vez que xingo o Universo por curtir com a minha cara, muito menos é a primeira vez que lamento ter tão pouco de alguém.
Entenda bem, sou uma pessoas de exageros e intensidade, sentimentos medidos no potinho de remédio não são para mim.
Estava evitando os aventureiros até que ele pegou minha mão e tascou-me um beijo, olhei para seu rosto cheio de batom e sabia bem que poderia dar certo, dessa vez daria certo, dessa vez nada de insegurança ou joguinhos. Foi isso que pensei. Era isso que queria ter feito, mas sabia que jamais iríamos adiante se não houvesse um jogo para ser jogado.
Afinal, é isso que somos, não? Apenas peões.
Todas as vezes que depositei meus sentimentos em alguém só me descobri azarada no amor, então, fiz exatamente o contrário com o garoto de olhos castanhos.
Segui os conselhos da geração desapegada e deixei que ele pensasse que só tenho olhos para mim mesma. E isso acabou tornando-se uma guerra de quem demonstra menos, uma guerra que ambos perdemos quando a luxúria entrou no jogo. Porém, ela não ficou por muito tempo e logo as artimanhas do desinteresse retornaram e avançaram uma ou duas casas.
Perdi a primeira rodada quando enviei a ele uma mensagem tarde da noite. Paguei o pato quando ele deu em cima de outra garota. Mas ele perdeu uma rodada quando me chamou para um café. Jogamos os dados novamente, não nos falamos, nem mesmo nossos olhos conversavam, apenas agimos como se nunca tivessemos nos tocado, perfeitos estranhos negando o que sentem por medo de ser a piada do fim do dia.
Jogos são legais, mas cansativos. E além disso, viciantes. Não importa o quanto jogue sempre vai querer mais do menos que você possui.
E não devíamos viver dessa forma, achando suficiente migalhas de atenção e sentindo se grato por pingos de reciprocidade. Você ou qualquer outra pessoa merece um turbilhão de emoção em sua vida. Tudo aquilo que o amor, respeito e consideração mútua trazem consigo.
É claro que corremos o constante risco nos machucar ou acabar como piada. São as consequências desse estilo de vida e deixar que saibam que é capaz de amar não deveria ser um estilo de vida. É ou deveria ser algo que nos ocorre em determinado momento da vida.
Com algumas pessoas algumas vezes por ano.
Os contos de fada não seriam os contos de fada sem o beijo apaixonado do casal encantado no final e eu sei que é apavorante se entregar, mas ninguém quer ouvir histórias de pessoas que não sabiam amar.
Nossa geração trás na cartilha que dar o braço a torcer e assumir suas verdadeiras intenções é sinal de fraqueza, mas fazer algo que todos julgam como ruim não requer muito mais coragem?
O erro é que todos querem contar uma história de amor, mas poucos tem coragem para criar uma.

Poemas para o Cara que Partiu meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora