O satã

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Rascunho

Levou apenas dois minutos para finalmente chegarmos ao edifício, ficava a uma quadra da Universidade e ainda estava da mesma forma que o vi pela última vez, com seus tijolos vermelhos e vasos de plantas em todas as janelas menos uma, a única janela com as luzes totalmente acesas e persianas abertas.

. - Ele aí?. Perguntei me virando para Tyler assim que paramos em frente a entrada onde o velho senhor Manuel cochilava sob o balcão da recepção.

. - Olha, ele provavelmente está, me pediu algum tempo para tirar as coisas do antigo morador.

. - Tinha alguém morando...

. - O cara já tava de saída, tudo bem, não estamos colocando nenhum universitário na rua, o garoto não aguentou nem duas semanas. Disse ao sair do carro, Ótimo saber disso, respirei fundo antes de finalmente colocar meu pé para fora daquele fusca, de alguma forma ele me parecia mais confortável e aconchegante que o lugar que passaria os malditos seis meses.

Tyler pegou minhas malas, uma pequena de mão com coisas pessoais e outra maior de acampamento com minhas roupas, peguei minha mochila e a coloquei em minhas costas pressionado o botão para destravar o portão de fora, eu não tinha mais as chaves, pois a primeira coisa que fiz foi joga-las pela janela do fusca quando estava partindo daquele lugar com a ideia inocente de jamais voltar.

Manuel pulou da sua cadeira confortável e esfregou a mão no rosto antes de a erguer em minha direção, seu cabelo já estava totalmente grisalha e bochechas mais gordas que antes, seu uniforme parecia apertado e totalmente gasto.

Ele me olhou com surpresa, como se estivesse vendo uma miragem ou algo totalmente anormal com seus olhos verdes esbugalhados e sobrancelhas brancas erguidas.

. - Senhorita Ângelo?. Perguntou se aproximando, não tirando os pés da recepção.

. - Olá Manuel, eu vim ver o...

. - Senhor Callum, sei, sei, só pensei que...

E o silêncio desconfortável subiu como névoa. " Que você preferisse a morte a ter que cruzar o caminho do satã de novo". Completei s

. - Será que poderia?. Olhei para sua mesa onde agora havia algumas embalagens de doces, seu monitor e o computador que controlava o acesso dos moradores.

. - A sim, claro, me desculpe, esse velho já não bate muito bem da cabeça. Disso com um sorriso doce nos lábios se inclinando até o botão de liberação, assim que o portão abriu Tyler passou caminhando direto para o elevador.

. - Muito obrigada. Sorri para meu velho amigo e ele sorriu de volta.

. - E bom te-la se volta senhora, muito mesmo.

Não demorou muito para o elevador chegar no quinto andar, e muito menos para chegarmos a porta, a segunda porta já que só havia dois apartamentos por andar, Tyler bateu três vezes e se afastou quando ouviu o barulho de passos se aproximar, atrás dele a visão era pouca mas a sombra dos pés do Satã na fresta me causavam cala frios por toda parte do corpo.

. - Segura a onda Angel, vamos tentar ser adultos aqui. Meu amigo falou assim que o barulho de chaves tomou conta do pequeno corredor.

Eu poderia dizer que foi agradável rever Callum após dois anos sem sequer olhar para seu rosto, que agimos feito adultos próximos da graduação, mas não, não foi nada agradável ou adulto.

Assim que a porta se abriu a primeira coisa que vi foi a inclinação em seus lábios, a forma que seus olhos me procuraram evitando totalmente Tyler, como eles se tornaram maiores ao me ver, não de uma forma positiva, de uma forma totalmente assustadora, Callum negou com a cabeça e deu estralos com a língua como se estivesse repreendendo uma criança de três anos, deu dois passos para frente e soltou seu veneno fresco que provavelmente ficou por anos na ponta da sua língua.

. - Ora ora, e não é que a chutadora de bolas voltou para o aspas pior lugar na face da terra fecha aspas.

Ele literalmente falou as partes dos "aspas", enquanto sorria diabólicamente em minha direção.

O babaca do meu Ex namorado ( EM BREVE)Onde histórias criam vida. Descubra agora