IX - novem

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Eu, que procurava tesouros por toda as partes

encontrei em você algo melhor que as artes.

Obrigado e adeus.

Quando acordou, ele estava em um estado humilhante: deitado de qualquer jeito no chão, a perna em um ângulo que ele não sabia que era humanamente possível, com uma dor na parte posterior do pescoço e um hematoma novo na testa. Isso por fora. Internamente Zach se sentia o pior dos seres humanos. Ele havia desmaiado por horas enquanto Alina se sacrificou no lugar dele.

Poseidon estava do seu lado. Quanto tempo ele ficou observando? Era perturbador imaginar que o deus tivesse ficado ao lado em pé olhando-o desmaiado.

-Alina pediu que eu te entregasse isso. - O deus falou estendendo um pedaço de papel dobrado para ele - Os pertences dela foram colocados na sua mochila para facilitar a viagem de volta.

-Quanto tempo eu fiquei aqui no chão? - Zach perguntou forçando suas pernas a se levantarem o que ocasionou uma leve tonteira.

-Cerca de quatro horas. - Poseidon respondeu - Eu nem sabia que um golpe fraco poderia fazer isso com um ser humano.

-Pra sua informação antes de entrar aqui eu lutei pela minha vida com uma estátua que tinha o rosto do meu melhor amigo, e ele não tinha muita pena de mim. - Zachary começou a gritar - Depois eu fiquei duas horas na porta do seu castelo esperando a minha amiga chegar e isso me desgastou emocionalmente, ''senhor deus dos mares''. Então não foi necessário muita força para me nocautear por horas. Sem contar que eu nem sei quando foi a minha última refeição! 

-Foi só uma piada. Calma!

-Mas o que eu estou falando não é piada. Desde quando eu pulei no mar eu fui escondido, amaldiçoado, virei amigo de uma sereia e um hipocampo, usei roupas ridículas de Hércules, cantei em um café, passei o meu Natal em um quarto de hotel, briguei com uma estátua e minha amiga morreu no seu castelo. - Zach parou para respirar - Me perdoe, mas parece que seu papel como rei dos mares não tem sido muito eficaz, porque isso tudo é uma bagunça!

Poseidon encarou o menino com um certa confusão. Aparentemente não são todos os seres humanos que vêm na casa dele e falam para ele que o seu governo é horrível. 

Zach esperou que ele pegasse o seu tridente e o perfurasse, mas o deus colocou a mão no ombro dele, o entregou a mochila azul e o conduziu pelos labirintos infinitos do castelo até a saída no grande hall bonito. 

-Eu lamento a sua perda, Zachary. - ele disse com sua voz bonita e grave - Alina era muito especial para você, da mesma forma que você foi especial para ela. 

O garoto piscou algumas vezes para dispersar as lágrimas que se formaram em seus olhos, o que não ajudou muito já que elas caíram como uma cascata em seus olhos segundos depois. Droga! Ele não queria chorar na frente do cara que ele tinha acabado de brigar.

-A saída daqui é naquele portão de ferro mais a frente. Você vai sair diretamente nas estátuas. - Poseidon falou apontando pro portão que apareceu magicamente a cerca de 20 metros a sua frente. - Boa sorte na sua vida humana.

-Obrigado. - ele disse baixo, mas tinha convicção de que a audição do deus era boa o suficiente para ele ouvir.

Ele caminhou até o portão. Por que castelos insistem em ter um jardim tão extenso na frente? Não que ele já tivesse entrado em muitos castelos, mas já havia visto fotos de alguns. Será que era pro castelo parecer ainda mais majestoso? Ou para as pessoas perderem a noção de quanto tempo estão andando até chegar em um gradil?

IN TOO DEEP [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora