Capítulo 4 - Calmaria e a Tempestade

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Vick

Como cheguei em casa é um mistério, pois estava tão imersa em meus pensamentos que só reparei que estava parada na porta da garagem quando a sra. Lobotawisk buzinou querendo sair de da garagem com sua BMW vermelha. Dou ré e espero ela sair com o carro antes de entrar e estacionar o bebê na minha vaga na garagem. Mas não vou pra casa. Vou falar com Leyla.

Bato na sua porta e quem me atende é o irmão mais novo dela, Keny.

— Leyla está? – Pergunto olhando para dentro do apartamento por cima do ombro dele a procura dela.

— Não, ela está na faculdade. — Keny responde parado junto a porta. — Teve que ir para ver o resultado de uma prova. — ele explica e eu assinto me sentindo frustrada. Preciso que alguém que não seja eu assimile o que acabou de acontecer, droga!

— Quando ela chegar, pode pedir pra ela me ligar? — Peço com um suspiro cansado. — Preciso falar com ela.

Ele assente uma vez e eu me arrasto pra casa. Quando entro em casa tudo está em silêncio e isso me assusta ainda mais do que as brigas. Fico alerta, esperando algum sinal dos dois, um ataque.

— Como foi no trabalho? — Mauro pergunta quando chego a sala e o encontro jogado no sofá.

Meu coração dispara de medo por um momento, mas me mantenho firme. O ignoro e sigo para a cozinha imaginando onde estaria minha mãe. Mas acho melhor não dar esse gostinho a ele, não vou perguntar nada a esse imbecil. Preparo um sanduíche e encho um copo grande de água. Como e repito o copo de água antes de ir para o meu quarto. Tranco bem a porta depois que entro e me jogo na cama.

Tá. Já que Leyla não está e perturbar a outra maluca está fora de questão... eu tenho que ruminar sozinha sobre o que aconteceu.

Meu chefe quer sair para jantar comigo. E eu que pensava que essas coisas só aconteciam nos livros. Por um lado, ele é um cara bem legal e gostamos de um bocado de coisas em comum. Por outro lado, ele é o meu chefe e ele poderia tornar a minha vida um inferno quando se irritasse comigo. Seria falta de profissionalismo da minha parte aceitar. Ele com certeza iria acabar passando dos limites do local de trabalho e eu ficaria em uma fria.

Ah, Vick, aparece cada situação na sua vida, minha querida!

Após tirar os sapatos e começar a massagear os meus pés doloridos ouço alguém tentando abrir a porta do meu quarto. É Mauro. Tenho certeza de que ele pensou que eu havia deixado a porta aberta e que estaria no banheiro. Ele queria me pegar desprevenida de novo.

— Desse jeito vai acabar sendo mesmo expulsa, Victoria! — Ele diz e se afasta da porta.

— Acha mesmo que vai conseguir me dobrar? — pergunto com um sorriso vacilante por esse triunfo. Não sou estúpida de esquecer de trancar a porta. Ainda mais sabendo que minha mãe não está. — Está muito enganado!

Fico ouvindo ele se afastar irritado e então me levanto e vou para o banheiro. Graças a Deus esse inferno está para chegar ao fim! Amanhã irei embora!
Tomo um banho, visto um dos meus baby dolls – camiseta branca e short com estampa do Piu-Piu – e volto a arrumar minhas coisas para a mudança. Termino de guardar meus livros e começo a desarmar a minha cama com a ajuda de um martelo e outras ferramentas. Por volta da meia-noite minha mãe vem bater na minha porta.

— Só um minuto, mãe! — Aviso colocando as tudo no chão, saio do quarto e fechando a porta atrás de mim para ela não ver as malas.

— O que está fazendo aí dentro? — Ela pergunta batendo o pé.

Dividida - DegustaçãoWhere stories live. Discover now