dois

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hope you like it ;*

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Minha pequena caminhada que começou calma e agradável logo se transformou. Já na rua de casa percebi uma figura alta e atlética se apoiando no poste de forma despreocupada em frente ao meu portão. Parei bruscamente e o coração palpitou como se eu estivesse em uma maratona. Então é assim que será o meu fim? "garota morta em frente a própria casa." Eu já podia imaginar as manchetes. Apesar de ser uma cidade pequena, coisas estranhas aconteciam em Purgatory. Como no último verão quando uma cabeça decapitada foi encontrada nas salinas próximas e nunca se teve sinal do corpo.

Ainda paralisada sem saber o que fazer, percebi que a figura se deu conta de que não estava mais só. Devia ter mais de 1,70cm, roupas pretas e toca, pelo que a luz fraca me permitiu enxergar não pude distinguir o sexo. À passos lentos porém despojados aquilo veio em minha direção.

- Ai meu Deus. Meu Deus. Meu Deus... – eu entrei em pânico! Com a respiração descompassada e as mãos suando eu fiz única coisa que me veio à cabeça.

Corri.

Corri o mais rápido que meus saltos e a calçada esburacada me permitiram.

"Traçe um plano e conclua todas as metas." Eu pude até ouvir a voz da minha tia Gus naquele momento. Eu tinha um plano. Em um milésimo de segundo arquitetei o seguinte: correr as 2 quadras de volta ao bar do Shorty's(eu fui líder de torcida no colegial então seria fichinha), gritar pelo Doc e esperar que o cowboy e sua Magnum .41 fizessem o restante. Estabeleci duas metas que eram basicamente não cair e não morrer. Falhei na número um.

Parecia até obra do destino. Enquanto a pessoa que me perseguia gritava alguma coisa que eu não conseguia entender, meu salto esquerdo que era redondo encontrou um buraco que se encaixava perfeitamente. Cai no chão e senti um "crack!" no meu tornozelo.

Ótimo. "garota cai enquanto é perseguida, quebra seu pé e é morta a poucos metros de casa."

- Por favor não me machuca!! – gritei. – Leva todo meu dinheiro, mas não me machuque! Eu sou muito nova pra morrer! – escondi o rosto no meu casaco já esperando pelo pior.

- Ai meu Deus você está bem?? – meu perseguidor respondeu. Sua voz era preocupada e...feminina? – me desculpa! Eu sou a nova oficial, o xerife me mandou. Me deixa te ajudar, vem. – ok, agora sim eu estou confusa.

- Ai, ai, ai! Meu pé, acho que quebrei meu pé. – a oficial colocou meu braço sobre seu ombro e me ajudou a levantar. Me encostei em uma parede e ajeitei meu cabelo tentando recuperar um pouco da dignidade.

- Você tá bem? – ela perguntou aflita. Como a luz nessa rua era mais clara pude vê-la melhor. A roupa preta em questão era a farda padrão da polícia, porém bem justa ao corpo. Notei um colete pouco usual e também a touca, que tinha um símbolo com a letra H dentro de uma estrela e alguns fiapos de cabelo fora do lugar, devido a nossa corrida eu presumo.

- Você enlouqueceu!? – falei ríspida. Meu corpo esquentando pela raiva e a dor no tornozelo. – Que tipo de policial é você? É procedimento padrão assustar as pessoas assim?

- O que? Olha me desculpe, mas eu não tenho culpa se você saiu correndo feito maluca. – Ela me respondeu com um sorriso nervoso.

Estreitei meus olhos não acreditando na situação em que eu me encontrava. As três horas da manhã de uma sexta-feira de lua cheia. Cômico se não fosse trágico.

- Escuta aqui ô sua va.... – Fui interrompida. Ela tampou minha boca com sua mão antes que eu pudesse terminar. Arregalei os olhos incrédula.

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