ICARUS

283 24 4
                                    


I

Então era isso, minha irmã tinha voltado, minha tia estava indo embora e eu tinha um encontro com uma mulher. Tudo na mesma semana. Eu só conseguia pensar no que eu usaria no meu jantar com Nicole, mesmo com o guarda-roupa cheio eu estava naquele momento me torturando porque, raios, eu não tinha UMA SÓ roupa pra ocasião.

- Waverly, oi. – disse Doc quando quando apareceu do nada do outro lado do balcão. Dei um pulo na banqueta, estava atolada com esses pensamentos sobre a roupa. – desculpa, não queria te assustar. Como você está?

- Estou bem, Doc. Só um pouco distraída.

- Conheci sua irmã agora pouco, ela me contou do acidente. Você não deveria estar de repouso? – perguntou enquanto se servia de um whisky.

- Sim, mas queria vir falar com você antes. Sabe, são duas semanas que não poderei vir ajudar no bar. – falei preocupada.

- Não tem problema, menina. Wynonna também comentou sobre isso, e já está tudo resolvido. – respondeu calmamente.

- Não me diga que ela vai me cobrir... Doc isso não é uma boa idéia.

- O que? Não. Uma amiga me devia um favor, ela se dispôs a ficar no seu lugar de bom grado. Pra sua irmã eu tenho outros planos. – disse enquanto levantava o copo em um cumprimento, olhei no outro lado do bar e vi Wynonna fazer o mesmo com sua caneca.

- Uuh, entendi garanhão. – falei em um tom sugestivo o deixando sem graça. Ele pigarreou e pediu licença pra se retirar.

Me levantei e fui até Wynonna, infelizmente eu dependeria de carona por uns dias.

- Ei maninha, você se importa de me levar pra casa?

- De forma alguma. Vamos nessa. – virou todo o conteúdo da caneca e a deixou em cima da mesa de sinuca.

- Sabe, acho que você deveria ter pago por aquilo. – falei me referindo a cerveja enquanto entrávamos na picape.

- A cerveja de uma Earp fica sempre por conta da casa. Esse é o primeiro mandamento, Waves. – deu uma piscadela e ligou o carro, saindo do estacionamento. – antes de ir pra casa quero que vá comigo em um lugar.

- Que lugar?

- O escritório da advogada do papai...

- Wynonna! – exclamei. Só existe um motivo de ela querer me levar lá.

- Não tem escapatória. Precisamos da chave da fazenda e eu sei que está com ela e também que você precisa assinar alguma merda pra pegar de volta.

- Isso é mesmo necessário? É mesmo importante pra você? – perguntei em um suspiro.

- É sim, bebê. É o único lugar que já considerei como lar um dia. E eu quero de volta. Por favor. – quase me implorou, se mostrando frágil pela primeira vez desde que eu me lembre.

- Tudo bem, vamos lá. – me dei por vencida, ganhando um sorriso de gratidão. – Você se lembra onde fica?

- Sim, acho que sim.

Pouco tempo depois estacionamos em frente ao escritório da advogada. Não precisamos esperar muito, logo chegou a nossa vez e a secretária gentilmente nos guiou até a sala particular.

- Por favor, sentem-se, a Dra. Scott teve de atender um telefonema, mas estará de volta em breve. Fiquem à vontade. – nos acomodamos em duas poltronas e ela se retirou da sala.

Olhamos em volta nos atentando aos detalhes do luxuoso escritório. Poltronas em couro, uma grande mesa de vidro ao centro e um aquário que pegava toda a parede lateral esquerda dando ao espaço um tom azulado e bonito.

ParadiseOnde histórias criam vida. Descubra agora