Bem Vindos a Harland

63 4 4
                                    

Elas não morreram. Elas nunca vão morrer. Essa não é uma história qualquer e nem plagio de um filme. Ela realmente aconteceu assim como várias outras histórias enigmáticas que ocorrem em Harland. Para começar, Harland é uma cidadezinha ao pé de uma montanha cujos arredores é escondida por uma vasta e densa neblina. Apesar de distante da civilização possuí energia elétrica, ruas pavimentadas e sistema de saneamento básico em perfeito funcionamento. Temos como moradores pessoas normais, boas, ou nem tanto, como no caso da prefeita Abigail. Não há quem se recuse a fazer o que ela manda. Isso tudo por conta do brilho por trás dos seus olhos. Ela chama aquilo de dom, mas os populares ao descobrir a faceta, chamaram-no maldição. Entretanto eles mal sabiam o que de verdade era uma maldição naquela cidade.

Reza a lenda que há dois séculos, viviam na floresta três jovens bruxas: Francine, Jenna e Hannah. Francine era a mais bela, sua voz era doce e angelical. Quem a ouvia perdia total consciência, hipnotizado. Jenna, era a menor. Tinha sobre suas posses um livro feito de couro humano e através dele, produzia diversos tipos de poções. A mais velha era Hannah. Era guardiã dos quatro elementos: fogo, água, terra e ar.

Se os pássaros cantavam reclamando por água, ela fazia chover. Se o inverno congelava as flores, ela trazia o fogo do verão. Se a terra fosse infértil, ela a tornava fértil. Se o ar estivesse poluído, ela criava redemoinhos que dissipavam a poluição tornando o ar puro. Apesar dos gestos de bondade, ninguém agradecia, pois, o boato que se espalhava é que elas eram demônios do inferno e temiam possíveis infortúnios.

Mas, em certa noite de lua cheia, uma criança desapareceu. O corpo foi encontrado no dia seguinte, esfolada e sem os membros superiores - braços - e inferiores - pernas.

O chefe de polícia imaginou que pudesse se tratar de uma matilha de lobos e deu o caso por encerrado. Mas na noite daquele mesmo dia, outra criança desapareceu, só que dessa vez havia uma testemunha: O garoto Michael Lewis. Michael tinha dez anos e corria atordoado pelas ruas da cidade. Ao ser parado pelo delegado, contou-lhe o que ocorrera.

- Eu e a Emily estávamos brincando próximo da cerca que dá para a floresta quando ouvimos a voz dos anjos. Flutuávamos quando eu esbarrei no arame da cerca e caí. Quando olhei para cima, lá estava ela.

- Ela? Ela quem? - Perguntou o delegado.

- A bruxa. Foi ela quem levou Emily.

Unindo uma coisa à outra, o delegado tinha suas suspeitas confirmadas. As irmãs Carter, andavam a sequestrar e assassinar crianças. Arquitetou então um ousado plano para pega-las em flagrante. Assim que o sol nasceu, o corpo de Emily foi encontrado, dessa vez sem a cabeça.

Muitos dos aldeões, revoltados com tamanha crueldade, queriam por conta própria matar as bruxas, mas foram impedidos pelo delegado Bruce, que já sabia o que fazer. O plano era perfeito e para ele precisou da ajuda de Duende, o anão. Caracterizou-o como criança e o levou para um ponto fora dos limites de Harland.

- Boa sorte, meu amigo. Se conseguirmos pegar esses demônios hoje, você pode se considerar um muito, muito rico.

- Eu não falharei. - Disse o anão.

Passou-se uma hora, duas, três. Duende já adormecia e não havia nenhum sinal das irmãs Carter. Em dado momento, foi despertado por um grito vindo de longe, do alto do céu. Saiu de debaixo da árvore para enxergar melhor e viu Francine carregando Michael dependurado pela mão em sua vassoura mágica. Sem perder tempo, Duende correu floresta adentro, sempre de olho nas frestas do topo das árvores, atento na direção em que a bruxa voava. Após muito percorrer, tropeçou em uma raiz e caiu barranco abaixo, parando apenas quando bateu com a cabeça em uma pedra. A última visão que tivera fora de que uma delas se aproximava. Ou eram duas? E apagou.

A Guardiã Dos ElementosOnde histórias criam vida. Descubra agora