Robô no modo automático

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POR CARLOS

Os dias foram se passando e os preparativos para o casamento estão indo a todo o vapor. Enquanto tudo isso foi acontecendo me dei conta de que agora parece até que eu não sou mais eu, que eu não mando mais em mim, me tornei apenas um robô no modo automático que só sabe obedecer a todos os comandos aos quais me mandam. Eu fiquei preso no meu subconciente como um humano quando fica em coma. Eu preciso sair dessa enroscada, eu sei disso, tenho essa noção, mas não sei como.
Eu sei que desde o dia que a Linda voltou, desde aquele dia eu me desconectei de mim mesmo, tudo parece ter ficado cinza.

Linda: Amor, o que você acha das rosas que cantam? Acha básico demais ou é melhor as rosas acabaxis?
Carlos: Ta tudo ótimo, você tem um ótimo gosto minha querida.
Linda: Meu amor, eu sei que eu tenho um ótimo gosto, mas quero a sua opinião.
Carlos: Ta tudo ótimo, você tem um ótimo gosto minha querida.
Linda: Amor, você está me ouvindo?
Carlos: Ta tudo ótimo, você tem um ótimo gosto minha querida.
Linda: Carlos, eu estou falando com você.
Carlos: Ta tudo ótimo, você tem um ótimo gosto minha querida.
Linda: Eu já volto.
Carlos: Ta tudo ótimo, você tem um ótimo gosto minha querida.

Eu virei um robô automático, onde ela vai eu vou atrás, parecia um cachorrinho que não vivia sem sua dona e por conta disso, quando ela foi até outra sala da casa de eventos, eu fui atrás, mas por algum motivo fiquei travado atrás da porta e acabei escutando ela conversando com os meus pais.

Linda: Eu acho que vocês foram longe demais, ele não está me ouvindo.
Minha mãe: Minha querida isso é a apenas um efeito colateral, você o queria de volta e aí está ele, caindo aos seus pés.
Linda: É eu sei, isso é bem legal, mas se eu quisesse um robô eu pediria aos meus pais um do mundo humano. Quando vocês me prometeram que eu teria ele de volta se o hiponotizasse como vocês me disseram eu achei que ele seria ele, como sempre foi, mas não é isso o que está acontecendo.
Meu pai: Linda, você sabia muito bem onde estava se metendo, você concordou com tudo o que dissemos a você, agora volte pra lá e sorria. Você vai se casar.

Ela então saiu da sala e me viu do outro lado da porta.

Linda: Ah, oi meu amor, vamos voltar aos nossos afazeres.

Voltamos até a mesa e nos sentamos.

Linda: Então, onde estávamos? Ah sim, nas rosas. Quer saber, vou pedir ao coordenador para fazer uma mistura entre as rosas que cantam e as abacaxis, isso mesmo, vai ficar lindo. Não concorda meu amor? - segurou a minha mão.
Carlos: Ta tudo ótimo, você tem um ótimo gosto minha querida.
Linda: Obrigada, meu amor.

Vi uma lágrima escorrer de seus olhos, mas ela logo a enxugou e voltou a anotar os detalhes da decoração do casamento.
Eu entendi, eu finalmente entendi, meus pais, aqueles doentes disseram pra ela me hipinotizar, isso deve ter acontecido quando ela gritou pra eu ir até a cozinha, daí começou tudo isso. Mas ela não quer isso, pelo menos não assim, eu nunca achei que a Linda fosse um ser do mal, até porque ela não é, ela é apenas uma feiticeira aprendiz.
Eu me esforçava para me mexer, para falar algo que não tivessem me mandado falar, mas simplesmente não dava, eu estava surtando em meu psicológico enquanto meu físico tinha dono.
Não tinha como, ela teria que fazer alguma coisa. E só o que restava a fazer era torcer para ela perceber em que furada ela se meteu e o mal que estava fazendo a nós.

Amigos Unidos, Jamais EsquecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora