Capítulo 6

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- Então seu sorvete favorito é pistache? Arthur, ninguém gosta de pistache – Eu disse rindo e ele fez uma cara de ofendido

-Você que é clichê, você gosta de chocolate igual a todo mundo- Ele disse fazendo uma cara de obvio e eu ri.

-Você não gosta, então não é todo mundo- eu fiz biquinho e nos dois rimos

Eu e Arthur tínhamos passado a noite toda na praia, nós falamos sobre toda a nossa vida, do que gostávamos, do que não gostávamos, nossas cores favoritas, as nossas matérias favoritas, musicas e ate mesmo nossos livros favoritos, ele me contou que desde pequeno sempre quis ser medico, que estudou muito pra isso e amava o que fazia, ser pediatra só veio depois quando ele já estava terminando a faculdade, ele disse que teve um irmão e se apaixonou por crianças, eu achei muito fofo.

Ele também me contou que o restaurante era da mãe dele e que ele tinha vivido muitas coisas por ali, mas nos últimos anos a mãe dele tinha descoberto um câncer no estomago e que as coisas tinham ficado muito difícil para eles, um amigo da família comprou o restaurante e hoje em dia Arthur é sócio dele, depois disso eu morri mais ainda de vergonha de tudo que aprontei por lá. Ele disse que depois da morte da falecida esposa e a doença da mãe ele achou melhor voltar a morar com os pais dele.

Ele me perguntou sobre minha vida, como que eu tinha entrado nesse ramo de moda e eu contei que depois que meu pai morreu, eu não tinha como bancar minha família sozinha, então eu arrumei uns trabalhos como modelo e acabei me apaixonando por isso.

A noite foi longa e gostosa, tinha muito tempo que eu não me sentia bem e confortável assim com alguém, quando fomos embora ele deixou o carro dele m frente ao hotel que ele estava e fomos andando a pé ate o meu, que não ficava muito longe, eu estava carregando meus sapatos não mãos e segurando a dele com a outra, e era estranho como isso parecia normal e confortável, não tinha muitos julgamentos, era fácil. Era bom.

Olhei para Arthur e ele olhava o nascer do sol na praia, sorri vendo como aquilo era doido, eu mal conhecia esse cara e já tinha uma intimidade que parecia ter mil anos, quando chegamos em frente ao meu hotel ele parou de frente para mim e passou a mão no meu rosto, eu deitei a cabeça na palma da Mao dele e bocejei, ele apenas sorriu e me deu um beijo na testa.

-Devo te dar boa noite ou bom dia?- ele me perguntou e eu dei ombros

-Acho que bom dia seria mais apropriado- nos dois sorrimos, com certeza tínhamos feito isso à noite toda, sorrir como dois bobos- Obrigadas pela noite, foi incrível tudo.

-Bom, eu vou voltar agora para o rio, você provavelmente vai passar o domingo aqui né- eu afirmei com a cabeça- então se divirta com a sua filha, e um dia eu quero conhecer ela.

Eu nunca tinha apresentado nenhum namorado a Lavínia, eu nunca nem tinha tido um relacionamento duradouro para isso, e ele não seria o primeiro que eu iria quebrar todas as minas regras, ele não iria conhecer a Lavínia nem to cedo, minha filha não era uma boneca pra se apegar a qualquer um que vai terminar alguns meses depois.

-Quem sabe um dia- eu sorri e ele concordou

-Eu vou te ligar- ele disse

-Eu não duvido disso- eu disse sorrindo lembrando da praia de manha quando recebi uma ligação nada a ver dele ele pareceu lembrar também porque riu

Ele se aproximou de mim e me deu um beijo na testa, eu o abracei e depois fui caminhando para dentro do hotel, quando cheguei à porta e olhei para trás e ele ainda estava ali, sorri e entrei no hotel de vez, fui direto para o elevador e me assustei quando me olhei no espelho, eu estava com olheiras e meu cabelo estava uma bagunça horrível, eu estava me sentindo uma rebelde, mas eu estava tão feliz naquele momento e de repente me lembrei do pai da Lavínia.

Nós dois éramos assim, rebeldes, vivíamos sem medo, gostávamos de passear de madrugada, se todo mundo gostava de piscina, a gente gostava de praia, se todo mundo saia de dia, a gente queria sair de noite, nós achamos um Maximo andar na contra mão, inclusive nosso namoro fazia parte da contramão, nossos pais não queriam que a gente ficasse juntos, meu pai queria que eu namorasse pra casar e os pais dele não queriam que ele se casasse comigo, era tudo ao contrario. Eu me sentia tão adulta com ele, mas eu era burra, se eu tivesse ouvido os meus pais eu não tinha terminado grávida com 17 anos, teria tido uma vida de muita curtição, teria me casado com um cara maneiro e estaria tendo minha primeira filha agora. Nunca me arrependi de ter tido a Lala, ela é a maior felicidade da minha vida, eu a amo mais que qualquer coisa nesse mundo, mas se eu pudesse faria tudo diferente, mais por ela que por mim.

Quando cheguei ao meu andar fui bem rápido para o quarto, Ari a porta e a Lavínia estava dormindo, fui na ponta do pé para o banheiro e tomei um longo e relaxante banho quente, escovei meus cabelos e fui deitar, em menos de um minuto já tinha dormido e sonhado com anjinhos.

Mariana - Agora é do meu jeitoWhere stories live. Discover now