Capítulo 4 - Tempestade

344 77 7
                                    

Cinco dias se passaram. Margaery tinha se acostumado com a rotina do navio, e a trégua que tinha com o Capitão permitiu que os outros homens passassem a lhe tratar cordialmente. O Capitão, entretanto, se mantinha ocupado parte do dia e só a via em alguns poucos momentos, nos quais ele subia para o castelo da popa, para checar as coordenadas ou passar algumas informações para os seus homens.

A criada que lhe fazia companhia até tentou ser de alguma utilidade, mas sempre que ficava em pé, a pobrezinha ficava branca e, em seguida, verde e, então, colocava o que tinha em seu estômago para fora. Por esse motivo, ela permanecia no quarto, deitada, durante toda a viagem.

Não que Margaery tenha reclamado desse feito, gostava da liberdade que não ter uma acompanhante nos calcanhares lhe trazia. Da tripulação, o único que lhe fazia companhia era o Barry, os outros mantinham uma distância respeitosa, e alguns até continuavam evitando sua presença e olhavam feio para ela, Margaery tentou não se importar com aquilo, mas estava começando a ficar desconfortável. Por isso, decidiu perguntar a Barry o que aqueles homens tinham contra ela. Ele era um homem simples, que cresceu e se criou no mar, tinha trinta e dois anos, apesar de parecer mais velho. Seu pai havia sido marinheiro e seu avô, um pescador.

Enquanto fazia companhia a Barry, Margaery não pode deixar de notar um homem já idoso, parecia ser um dos mais velhos da tripulação, que a olhava com medo e até um pouco de ódio. E, vez ou outra, fazia o sinal da cruz como se ao olhar para ela visse o diabo.

― Barry, por que aquele homem ali no mastro da proa fica olhando para cá? ― Margaery perguntou, curiosa.

― Quem? Steve? Ele é só um véio supersticioso. ― Barry deu um sorriso amarelo para a Condessa e em seguida sussurrou: ― Ele acredita que uma muié a bordo dá azar. E que a tempestade que vino é culpa da senhora.

― Mas isso é uma tolice. ― A Condessa se empertigou. ― É óbvio que o fato de eu ser mulher não tem nada a ver com a tempestade.

― Eu também concordo. Mas o homem sempre acreditô nessas coisas e não tem ninguém que o convença do contrário. Mas, não se preocupe com ele, Milady, ele nunca faria mal à senhora. O Capitão não ia deixá.

― É claro, não estou preocupada. Mas a tempestade parece bem perigosa...

― Já sobrevivemos a piores. Não precisa se preocupar com nada. O Capitão já mandou que amarrassem caixas e qualquer objeto solto no navio para que não quebre nada. Quando a tempestade passar por nós, estaremos preparados para ela. Se tudo correr bem, logo estaremos vendo o sol novamente.

Quando escureceu e a chuva começou, as velas foram abaixadas e Margaery foi instruída a ficar em sua cabine e longe do convés superior, onde estaria exposta ao vento e as ondas. Alguns homens estavam fazendo o mesmo.

Ela seguiu para o quarto onde a criada estava, no exato momento em que um trovão ribombou ensurdecedor no céu acima deles. Ela fechou a porta atrás de si e fez o sinal da cruz, pedindo proteção.

Olhou para a cama da criada e sentiu o sangue gelar quando não a viu.

Onde a mulher havia se metido? Tinha dormido uns dois dias seguidos, mal conseguia se colocar de pé, onde ela poderia ter ido?

Preocupada, Margaery saiu do quarto e começou a procurá-la. O balançar do navio dificultava os seus passos e a fazia ir de um lado para o outro. Ela olhou na sala onde faziam as refeições, na cabine dos marinheiros, desceu até o porão onde guardavam os mantimentos... Olhou em todos os compartimentos internos, os quais teve acesso. Como não a encontrou, decidiu procurar o Capitão.

Como se aventurar com uma Condessa (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora