Capítulo da Semana. <3
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O navio zarpou ao meio-dia em ponto e Lady Margaery estava nele. Seus pertences tinham sido colocados em um cômodo de dormir, separado do resto da tripulação, uma vez que, ela era uma mulher e uma dama.
O Capitão não queria eventuais problemas com o Conde, por deixar a tia dele dormir junto com a tripulação em algum quarto coletivo, mesmo que tivesse vontade de jogá-la ao mar, por invadir o seu navio daquela forma.
A Lady tinha conseguido o que queria, estava viajando como tinha desejado, mas ele mostraria que naquele navio ele era o único que mandava.
― Imediato! ― ele chamou o seu primeiro em comando. ― Avise a todos que eu estou ordenando que se mantenham longe da dama que está navegando conosco, quero que finjam que ela nem mesmo existe. A ignorem completamente. E não deixem que ela saiba disso.
De onde estava, o Capitão observou a Condessa, ela estava na proa, olhando para o horizonte, lembrou-se de Sophia, ela também gostava de fazer a mesma coisa.
Sophia não era nada sua, não passava de uma criança quando a conheceu, mais do que isso, ela era filha de um Duque e estava fugindo. John havia corrido um risco imenso acolhendo-a no seu navio, mas não se arrependia, aquela criança tinha lhe dado um novo motivo para navegar, tinha lhe feito muito feliz e tinha aquecido o coração de um velho marinheiro.
A garotinha havia entrado na vida de John quando ele mais precisava. O Capitão havia perdido as pessoas que mais amava na vida há pouco tempo para o tifo: sua esposa e filha, que tinha a mesma idade de Sophia. Por não suportar o vazio que a morte precoce de sua família causou, procurou esquecer sua dor no trabalho, mas foi apenas quando conheceu Sophia, que começou a superar sua perda. A jovenzinha, de forma inocente, lhe ajudou a superar aquela fase difícil.
John estava agora com quarenta e dois anos, e trinta desses, havia passado no mar. A maresia havia lhe dado uma aparência mais velha do que realmente tinha, e a barba, sempre longa, ainda lhe acrescia mais anos à fisionomia. Ele não tinha motivo para se arrumar, o fazia quando era casado, porque sua mulher gostava dele sem barba e com o cabelo bem aparado, mas agora que enviuvara, não ligava se estava parecendo um velho náufrago em seu uniforme de marinheiro.
Claro que mantinha uma rotina de higiene, isso a viuvez não lhe tinha tirado, era um homem limpo, apesar de desleixado com a aparência. Desde que aprendera com um sábio chinês, que a sujeira do corpo atraia mais doenças do que o banho em si, mantinha os banhos uma vez por semana, claro que não era um banho por imersão, apenas passava um pano molhado por seu corpo e lavava o rosto, isso era suficiente para se manter limpo e costumava manter a rotina quando estava no mar.
John sabia que o hábito de tomar banho frequentemente era condenado pela sociedade e, por isso, mantinha seus banhos em segredo. Não precisava que seus homens duvidassem de sua masculinidade, apenas por preferir manter-se limpo e, muito menos, que eles rissem de seu hábito e o chamassem de tolo ou louco. Sua privacidade não dizia respeito a ninguém.
Sabia que os marinheiros sob seu comando, mesmo que descobrissem, não ousariam desafiá-lo em sua presença, nem caçoariam dele, o problema é que ele tinha certeza de que, caso soubessem, mais cedo ou mais tarde algum deles acabaria compartilhando a informação em uma mesa de bar, levado pela euforia da bebida e isso o constrangeria diante dos outros homens, portanto, para evitar expulsar seus subordinados e precisar encontrar uma nova tripulação, ele preferia manter segredo sobre isso.
Seus homens o temiam, na mesma proporção, que o respeitavam. Tinha adquirido o direito depois de anos de muito trabalho duro. Não tinha nascido rico ou nobre para, simplesmente, comprar uma patente de Capitão de navio. Tinha começado de baixo, adquirido experiência e provado seu valor diante dos outros marinheiros, tinha lutado com unhas e dentes na batalha de Tralfagar, defendido a Inglaterra dos franceses e espanhóis. Ele dava a vida por seu navio e tripulação. E, por isso, havia chegado ao posto de Capitão.
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Como se aventurar com uma Condessa (DEGUSTAÇÃO)
Ficción históricaLady Margaery fez tudo que a sociedade esperava de uma dama; debutou com graça e sem nenhum escândalo sujando seu nome, se casou com um Conde, foi uma boa esposa, uma condessa competente, não agradava a todos, era óbvio, mas era muito benquista por...