O filósofo Diógenes e outros cínicos acreditavam que a vida feliz e ética só viria através do abandono das convenções humanas, onde o ser humano viveria livre delas e das instituições sociais (escola, trabalho e etc). Isso se denominava autarquia.
A autarquia podia ser alcançada através da apatia. Um estado imperturbável, quando uma pessoa não se deixa afetar emocionalmente pelas circunstâncias ao seu redor. Entretanto, era também sintoma profundo da depressão.
Chanyeol amava filosofia. Mesmo tentando compreender a teoria dos cínicos, era algo impossível. Ser apático. Já tinha tentado quando tudo aconteceu.
No fim do primeiro ano do ensino médio, descobriram que ele era um frutinha. Beijou um garoto em uma festa e no dia seguinte todo mundo sabia, já que ele nunca tinha se preocupado em esconder nada, não mentiu. Admitiu tanto para a escola quanto para sua mãe histérica.
Talvez eles tenham gostado da coragem e decidido deixá-lo viver a própria vida em paz, pelo menos durante os dois primeiros meses. Depois, fizeram questão de mostrar o quão deplorável era não gostar do sexo oposto. Bullying ainda não tinha nome na época, então aquilo era só zoação. Um tipo cruel de humor, baseado em um preconceito quase milenar.
Aos poucos Park perdeu os amigos, os colegas e por fim a dignidade. As vezes nem o tratavam como humano. E o seu ambiente escolar, antes até agradável, agora era uma completa droga.
Já tinha chegado perto da apatia, mas o pingo de esperança que ainda restava em seu coração, faziam com que desejasse uma mudança voraz naquilo. Uma luz após tantos anos de escuridão. A alvorada. A véspera de um mundo melhor.
(...)
Os piores dias eram os dias de educação física. Segunda e quarta-feira. Porque o vestiário masculino era um só e o que acontecia nele, ficava nele. Ninguém ali denunciaria qualquer abuso de outros colegas. O que tornava o lugar extremamente hostil quando não tinha ninguém supervisionando o que faziam.
— Você se acha esperto, né Park? Se ouvisse calado apanharia bem menos. Você tem dificuldade em seguir a porra das regras, né?
— Lex malla, lex nulla. — Chanyeol brincou, mas eles provavelmente levaram a sério, considerando que a sua cabeça foi parar dentro da privada na momento em que entenderam do que ele falava.
Eles estavam certos no final. Ele apanharia menos se ficasse calado, reagisse. Mas isso era menos divertido.
E a sua diversão custou seu óculos, agora quebrado, um sangramento nasal e o pior: sua dignidade.
★ notas
Esse vai ser o único capítulo tão curtinho, juro. Eu sou péssima em introduzir qualquer coisa, então por isso preferi deixar menor, para que a narração não ficasse confusa, sem sentido e etc.
Enfim, obrigado pra quem leu até aqui e até a próxima!
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there is a light that never goes out
Fanfiction《Anos 80 | Colegial 》 O ano é 1986. Homossexualidade não é lá algo muito comum e muito menos aceito na pequena cidade onde Park Chanyeol mora, por conta disso, sofre com homofobia no colégio por ser assumidamente gay. Entretanto, a sua vida sofre um...