Eletric Heart

Aceito.♧9

De fato ir para psicológa era bem melhor do que pensava e, logo eu,tímida, consegui pela primeira vez me abrir com alguém que não tenho uma real intimidade. Doutora Rosa é uma mulher que só tenho a elogiar, me entende e compreende minhas dores- Coisa que pensava que apenas Hanna era capaz de fazer. E bem, hoje estou a caminho da minha quarta consulta com ela, tenho me visto confusa com a gravidez, é bem pior quando paro para pensar sobre. Ela me acalma, de alguma forma.
Quando estou prestes a abrir a porta de seu consultório, me deparo com Bernadette - Ou melhor, Birddie-, saindo de sua sala. Ela me encara com espanto, sem pronunciar uma falar se quer: Ela se retira, nervosa, enquanto entro na sala da Doutora Rosa. Agradecendo por vir e perguntando como foi minha semana, porém ainda estou com Birddie na cabeça, então pergunto:

-- Rosa, a maioria dos seus pacientes foram vítimas de estupro?- Ela se espanta com a pergunta

-- Todos, Aura. - Diz, limpando a garganta - Já que tocastes no assunto - Tenho uma idéia muito boa para você, tem um círculo de ajuda para pessoas que já passaram o mesmo que você.. Acho que lhe faria muito bem se fosse, vou te passar o endereço, certo?

-- Bem.. - Não queria ir sozinha - Você vai?

-- Ah.. Você não entendeu? Todos que estão lá foram vítimas de abuso, todos. Não posso estar se não sou, entende?

Parte de mim ansiava por ir, mas o medo era maior, sozinha. Última vez que estive sozinha foi em 17 de setembro, minha pior experiência, meu pior pesadelo. Era como se nunca saísse de minha cabeça por maior que sejam minhas tentativas. Tudo que me resta é saber lidar com isso.

-- Como vai sua relação com Ravi? - Diz

-- Rosa.. Eu.. Não sei, honestamente estou confusa, sem ter em quê acreditar. Tentei despejar meus sentimentos num poema e, só me sinto mais confusa!

-- Consegue recitar-lo para mim?

-- Sim..
Não posso
Não consigo te apagar dos meus sonhos
Mesmo que esconda-os
De pouco a pouco
Crio em ti, confiança
Unidos como uma aliança
Rápidos como uma lança
Intensos como uma chama
Não posso negar
Que sou quem eu te ama
Que entende e compreende
Das dores que tu sente
Quero tu aqui presente
E você, não entende ou não sente? - espero ansiosamente sua resposta, porém ela apenas me encara, é como ambas ja soubessem a resposta de tudo isso.

-- Aura.. Você sabe o quê deve fazer, acredite em mim - ela me lança uma piscadinha.

Não sabia- ou na verdade, queria esconder que no fundo já tinha certeza. Mas não posso, como poderia? Toda essa situação me impede, principalmente o fato dele não sentir um pingo de amor por mim... Não no sentido que queria. Decido tentar explorar meus sentimentos da forma mais... sincera? Depositando-os em letras, logo quando volto para casa continuo a escrever e agora tenho uma grande inspiração: A esperança.
Quando estou concentrada em cada palavra, minuciosamente checando cada vírgula, analisando cada parágrafo, me deparo com uma mensagem e, é claro, foi o Ravi.

[ Ravins-Ravins ] : Adormecida, sei que esses dias foram bem difíceis e quero me fazer presente, entende? Refleti que se você, que é a pessoa mais especial que tenho, não gosta da Juniper,estou disposto a abrir mão dela porque você vem sempre e sempre virá em primeiro lugar. É bem difícil escrever isso porque você sabe que sou horrível com palavras, só você as entende. Espero honestamente que esteja tudo bem.

Meus dedos tremem, tento escrever e nada sai, é como se isso fosse só minha imaginação e estivesse parada em meus pensamentos. Nada fazia sentido.

Digito: Quero que você seja feliz, mesmo que não seja comigo.
Apago.

[Aura M.] : Ravi, tá tudo bem, sério. Só quero que você seja feliz! :)

[Ravins-Ravins] : .. :)

[Ravins-Ravins] : Posso te ligar?

[Ravins-Ravins] : Quero passar o resto do dia escutando sua voz.

[Aura M.] : Minha voz rouca e muito fina? Tudo bem, você tem gostos estranhos. Aceito.