"Aura" ♧6

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Estou definitivamente nervosa com a minha primeira consulta com Doutora Rosa. Não sei o quê esperar, ela terá um pouco de empatia comigo? Será que tenho algum distúrbio? Nem se quer faço ideia de como é uma consulta com uma psicóloga! O caminho era longo, ficava bem longe de casa e que ao menos me dava um tempo para escutar música: Dessa vez eram os Beatles acalmando meus sentimentos mais profundos. Precisava de otimismo agora, uma palavra boa.. Pelo menos um sentimento de esperança!
Bem, para minha surpresa a Doutora é bem mais jovem que imaginava, tento imaginar que me entenderá mais fácil pela idade. Ela me lança um sorriso sincero quando me vê, explica umas coisas para minha mãe("Nós trabalhamos em sigilo...") que decido não prestar atenção - meu nervosismo não deixava - no final de seu discurso ela aponta para sala e entra comigo.Eram apenas nós duas, uma sala azul-claro com detalhes em branco.. Tinha uma energia boa naquela sala que nunca serei capaz de expressar!

-- Aurora.. - Ela disse quebrando o silêncio, sua voz é a definição de calma - Lindo nome! Bem, como quer ser chamada?

-- Bem..Meus amigos me chamam de Aura. - respondo,friamente.

-- Interessante, gosta de ser chamada assim? - concordei com ela - Ótimo! Seus amigos, como são? Lhe tratam bem?

-- Bem mais do que poderia pedir, principalmente o Ravi, provavelmente a única pessoa que confio de olhos fechados- Ela anotou algo em seu caderno- Claro,tem Carmen que me apoia..va muito.

-- Apoiava?- Ela repete

-- É..é? Depois de..Você sabe, ela não apareceu muito.Sei que fica nervosa com situações assim, mesmo assim não acho certo ter sumido nessa situação..

-- Entendo. Seus pais me disseram que foi sua decisão manter a criança, certo?

Não foi.

-- Sim, foi minha decisão, em partes. Saiu da minha boca porém não era o que queria.

-- O que você queria,Aura?

-- Não faço ideia. Nem acho que estou perto de fazer..

Ela insiste em perguntar-me sobre meus amigos, especialmente de Ravi e como me sentia perto dele, como meus sentimentos se comportaram ao saber de Juniper..

-- Você fala de Ravi num tom..diferente- Ela me encara pela primeira vez- Como anda seu coração?

-- Que? Não,não..Você entendeu errado,Rosa! Ele é um irmão para mim.

Ou não..?

Nossa consulta durou exatamente cinquenta minutos. Me senti um tanto quanto mais leve quando sai da sala, não me sinto assim a anos! É como se estivesse renovando minhas energias aos poucos.Antes que fosse embora,Doutora Rosa me abraça calorosamente como se fosse a última vez que me veria, e não foi. Ela coloca meus cabelos atrás de minha orelha e diz, serenamente:

-- Até próxima sessão, Aura.

Caminho inteiro minha mãe olhava-me em silêncio, como se estivesse me julgando por dentro.Num tom não amigável ela diz:

-- Que nome dará para meu netinho?- Me lança um sorriso amarelo

-- Não darei nenhum nome, ele ou ela vai direto para adoção. Nem se apegue.

Ela ri.

-- Qual problema?- pergunto intrigada

-- É claro que não fará isso, Aurinha. Sei que minha doce criança não faria isso..

Reviro os olhos e coloco fone de ouvido, ela continua falando porém ignoro totalmente. Meu celular estava monótono como sempre - com exceção da mensagem de Hanna - fico parada na tela principal sem pretensão nenhuma, vejo as mensagens chegarem pouco a pouco.

[ Hanna Lowell ] : Ei.

[ Hanna Lowell ] : Tudo 'ok' para amanhã?

Droga, tinha esquecido totalmente que íamos amanhã na praia. Conversei com Ravi que iria umas horas mais cedo com ele e mais tarde nós encontrariamos com ela.

-- Vou sair com Ravi amanhã. - Disse, ela não fez questão de responder, continuou dirigindo como se não tivesse escutado.

[ Aura M. ] : Claro! Tô super ansiosa, tudo bem o Ravi ir?

[ Hanna Lowell ] : Sim, Aura.

É a primeira vez que me chama de Aura, fiquei sorrindo a toa olhando a mensagem de novo e de novo, sinto uma amizade florescer.

Eletric HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora