Capítulo 13

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"Eu quero sentir o que sinto. Mesmo que não seja felicidade, o que quer que isso signifique. Porque tu és tudo aquilo que tens".
Toni Morrison

A luz da manhã se infiltrava pelo vão da cortina tocando o rosto do querubim que jazia adormecido, ele virou o rosto tentando escapar da luminosidade incômoda e então abriu os olhos. Ficou confuso por um instante e então reconheceu o lugar onde estava, mas não conseguiu lembrar como havia chegado ali, forçou um pouco mais a memória e então lembrou-se de Izzy e da promessa que havia feito a Eve. Tentou sentar-se, mas não conseguiu, sentia-se fraco demais.

- Acho melhor você descansar mais um pouco - a voz de Laylah veio de um canto do quarto que ainda não havia sido alcançado pela claridade.

Ele procurou pela irmã e sorriu ao vê-la se levantar e caminhar em sua direção.

- É bom ver você finalmente abrir os olhos Rey. - disse abaixando-se até ele e beijando sua testa.

-Finalmente? Como assim, por quanto tempo eu apaguei?

- Cinco longos dias.

- Cinco dias? O que foi exatamente que aconteceu? Sinto como se eu tivesse perdido uma parte importante dessa história.

- Do que, exatamente, você se lembra? - Laylah sentou-se na beirada da cama e segurou a mão do irmão.

- Ok, agora você está me assustando. O que houve Laylah, por que toda essa gentileza?

Ela deu um suspiro profundo, seguido de um sorriso triste e então apertou a mão dele com mais força.

- Do que você se lembra?

- Não sei bem, parece tudo muito confuso. Lembro de voltarmos pra cá depois da luta e do desaparecimento de Izzy, lembro de prometer a Eve que encontraria sua mãe. Depois disso fica tudo embaçado e confuso, me lembro de ter atacado Anael, mas não lembro o motivo.

- Ela sabia onde Izzy estava - esclareceu Laylah.

- Oh Deus, Izzy, precisamos encontrá-la! - Ele tentou sentar e novamente falhou.

- Izzy está bem Rey, você já a encontrou. Agora volte para o que você lembra. - disse impassível.

- Eu a encontrei? Droga Laylah, fale logo o que você tem a dizer, estou enlouquecendo aqui. - gritou furioso.

- Você se lembra de quando encontrou Izzy? Lembra do que aconteceu? - sua voz finalmente deixou transparecer sua angústia.

Os olhos dele desfocaram por um segundo e então se arregalaram como se tivesse levado um susto terrível.

- Minhas asas, ele... Não, foi um sonho, tenho certeza de que foi um sonho. Ele não... Minhas asas? - e as lembranças e a dor voltaram como um raio, iluminando e queimando tudo o que tocava - Ele arrancou minhas asas!

- Oh Rey, eu sinto tanto, tanto. Se eu tivesse voado mais rápido, se eu... Eu sinto muito. - A voz da querubim embargou - Me perdoe!

- Não há nada para ser perdoado, foi minha escolha partir sozinho, foi minha escolha trocar minhas asas pela vida de Izzy. - disse parecendo exausto.

Laylah assentiu com a cabeça e então levantou-se.

- Vou avisar aos outros que você acordou, eles estão preocupados. Descanse mais um pouco, quando voltar trarei algo para você comer. - e saiu do quarto, as asas pendendo tristes.

A porta se abriu alguns minutos depois e Reyel estava pronto para mandar qualquer um embora quando notou que Eve se aproximava timidamente da cama. Não teve coragem de expulsar a menina, pelo contrário, sentiu o peito se contrair ao ver as olheiras enormes que haviam se formado sob seus negros olhos.

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