Que tal um capítulo enorme para terminar essa história com chave de ouro?
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Os três jovens estão novamente dentro da quadra, esbarrando nos outros adolescentes que estão no ambiente enquanto na sala da direção a cozinheira e o zelador trocam uns amassos bem quentes.
A música eletrônica já se foi e deu lugar a uma tradicional desta época, a que toca agora é alguma do Baião, o fato dos nossos três jovens já terem se desculpado não dá a eles o sentimento de terem sidos sinceros no ato, mas essas desculpas falsas e forçadas foram dolorosas o suficiente para o ego deles.
Anna já está pensando em ir embora na próxima música, o dia de hoje já rendeu o suficiente. E assim acontecem, no final da música, dando início a um remix eletrônico, ela segue em direção da saída da quadra e dessa vez não esbarra com nenhum dos dois garotos que trouxeram raiva para ela.
Seu primeiro destino é o banheiro feminino, que está incrivelmente limpo para o nível de cuidado que os zeladores têm com esse lugar. Ela põe sua bolsa pequena, mas com inexplicável capacidade de armazenar seu celular, umas maquiagens, identidade, fones de ouvido, uma cartela de remédio para cólica e uma barra de confeito ardido para quando fosse necessário, tudo ao alcance da mão. Ela abre a bolsa e joga tudo de dentro em uma pia que estava seca, era o momento de procurar algo que ela não tinha e ficar preocupada por isso, ela procurava a carta.
A maldita carta que Felipe escreveu para Anna, que Anna achou que fosse de Túlio, que nunca gostou de Anna e ainda não gosta, mas foi a primeira a demonstrar que o sentimento era verdadeiro, que não era, afinal ela não gostava de Túlio e sim de sua fama como todas as outras garotas.
Ela procurava a mesma carta que desestruturou sua amizade com Felipe, que a livrou de um garoto que gostava dela de verdade por ela ser ela e não por nenhum atributo a mais que tinha, a carta que foi a única coisa que Felipe conseguiu para tentar demonstrar seu amor, a carta que ele tinha escrito, mas mesmo assim não tinha a coragem de dizer que foi ele quem escreveu.
Essa carta que fez Túlio perder seus amigos interesseiros, que fez olhar para Anna de outra forma, que o fez odiar Felipe por não ter coragem de demonstrar seu amor por ela, que fez com que Túlio ficasse sozinho uma segunda vez na vida.
A carta que os libertou e que os prendeu, qual seria o motivo dela andar por aí com essa maldita e abençoada carta, a carta que acabou com amizades, com possíveis relações amorosas, com grupos de interesses, a carta que mudou a hierarquia da escola, tirando o garoto mais popular do seu trono e tirando os dois amiguinhos da invisibilidade perante os outros e colocando no centro das atenções por um tempo.
Essa carta, que ainda estava com ela, estava atrás da cartela de remédios, lá no fundo da pequena bolsa, amassada. Mas estava lá. A carta estava lá.
Anna pega a carta e encara aquele monte de letras cursivas escritas por seu melhor amigo, que agora não era mais tão amigo assim.
Leu novamente olhando agora não para o que a carta dizia, mas sim para as letras; como ela não tinha reconhecido essa letra que estava estampada na capa de seu caderno, na parede de seu quarto e até em um papelzinho que disputava lugar nessa bolsa. Como ela não reconheceu uma das coisas que ela criou junto com Felipe, uma bolinha acima do i. Uma bendita bolinha podia ter mudado toda essa história, essa bolinha poderia ter impedido um mordida, um soco, poderia ter impedido a separação entre amigos verdadeiros e entre amigos falsos.
Se essa carta fosse entregue da maneira certa poderia ter resultado em uma linda história de amor e, quem sabe, um novo "felizes para sempre" não pudesse ter ocorrido?
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NÃO SOU INVISÍVEL • 1
Teen FictionNÃO SOU INVISÍVEL gira em torno de Anna, Felipe e Túlio três jovens adolescentes que têm seus destinos entrelaçados apenas por uma carta de Correio Elegante da escola. O motivo de cada um se difere até conseguirem resolver os problemas no arraial da...