❁ Capítulo 32:❁

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Jennie:

Corri pelas escadas sem me importar se tropeçaria em algo ou alguém, eu precisava sair de lá, precisava ficar sozinha. Entrei no quarto trancando a porta atrás de mim, as luzes se acenderam e foi quando as lágrimas se formaram embaçando a minha visão.

Soluços altos e abafados começaram a sair da minha gargante sem nenhuma hesitação, um dor forte em meu peito começou e eu respirei fundo. Era a dor da solidão, dor de estar completamente sozinha quando precisava de alguém, um abraço apertado e as simples palavras "Vai ficar tudo bem" enquanto limpava as minhas lágrimas.

Eu precisava de algo que me fazia ficar segura, um abraço que tirasse toda essa dor insuportável do meu coração carregado de cicatrizes.

Minha mente rondava pelo quarto procurando alguma forma de abrigo, sem perceber, caminhei até perto da cama, mas quando percebi isso, me sentei no pé dela no chão e abracei meu corpo deixando as lágrimas continuarem a fluir e a respiração ofegante ecoar pelo quarto.

Eu não pensei que veria-los tão cedo, Minha mente não estava nada preparada e muito menos o meu coração.

Eles realmente não se importavam por terem ficado 7 anos sem me ver, sem acompanhar o quanto cresci e evolui como pessoa, somente se importavam com o quanto eu posso suportar com uma responsabilidade que não é minha.

Pensei que já havia me acostumado com a falta da sua presença, mas não era verdade, a dor de saudade é a que mais machuca e deixa feridas permanentes no corpo de alguém, principalmente em um que já continha marcas.

Abaixei a cabeça em meus joelhos abraçando meu corpo mais forte, lembrei de suas expressões, eram tão diferentes das expressões que eu conhecia deles, eram como uma máscara pronta pra ser usada e difícil de ser retirada.

Mesmo com a dor cada vez mais presente, uma súbita raiva também permanecia em meu peito. A mesma frase se repetia.

"Queremos conhecê-la"

Não, eu não quero isso, eles não precisam conhecê-la, não podem analisa-la por algo ridículo, ela não merece ser humilhada dessa forma.

Passou alguns minutos mas as dores não sumiam, a cada palavra que eu lembrava, era como um soco no estômago ou agulhas sendo enfiadas em mim como um boneco, era doloroso apenas por pensar isso.

"Toc toc" 

- Jennie...? Você está ai?- Ouvi a voz de So Yeon abafada contra a porta.- Eu sei que está ai, sou eu...pode abrir a porta? - Sua voz saiu de forma triste.

- M-me deixe sozinha por favor... eu não quero ver ninguém...- Tentei dizer com a voz mais firme, porém ambas sabíamos o quanto eu não estava bem.

- Não, você não precisa ficar sozinha, eu sei que é um momento difícil pra você ver alguém agora, mas eu não quero ver você assim, não pode ficar assim por causa deles, eu não sabia que eles viriam, mas agora, me deixe cuidar de você como das outras vezes em que ficou triste...

Isso foi como um disparo de arma contra a minha cabeça, senti meu corpo paralisar e meus soluços também.

- Jennie...?- Ouvi ela me chamar, mas não respondi.

- So Yeon... eu não quero...

- Mas precisa! Eu cuidei de você durante 7 anos e sei tudo sobre você, até quando não consegue dizer você sente e eu vejo isso, por favor Jennie, não faça isso, sabe o quanto eu posso suportar por você.

Mais lágrimas começaram a descer, meu corpo estava fraco e frágil, mas mesmo assim, as palavras de So Yeon eram as únicas que conseguiram me acalmar o bastante para me levantar e abrir a porta.

- Meu deus...- Ouvi a voz preocupada de So Yeon e a olhei sem humor.

Ela entrou no quarto e fechou a porta se aproximando de mim e me puxou para um abraço apertado me fazendo soluçar contra o seu corpo.

- Está tudo bem, vai ficar tudo bem.- Ela disse acariciando meus cabelos levemente e eu abracei sua cintura sem muita força.

Após alguns segundos, So Yeon me soltou e nos sentamos na minha cama, ela me observava com um olhar triste e aquilo me fazia estremecer.

- Ei... - Me chamou- Não chore mais, seus olhos estão inchados...- Ela disse limpando meu rosto com os dedos.

So Yeon me passava a segurança que eu precisava, ela havia sido tão próxima e importante pra mim quanto eles, todas as vezes que eu precisei ela estava lá, quando chorava, quando sorria e quando eu simplesmente precisava, ela estava comigo.

Eu, de alguma forma, era sortuda por te-la ao meu lado durante todo esse tempo, seus olhos levemente castanhos e sua aparência cansada deixava exposto qual tipo de trabalho ela tinha.

Seus cabelos escuros e pele branca, lhe deixavam bonita, mesmo com uma expressão triste.

- Desculpe...- Sussurrou - Eu não devia te deixar sozinha num momento daqueles, eu sinto muito mesmo...- Seus olhos lacrimejaram.

- Não... Não peça...- Sussurrei com a voz embargada.

- Eu sinto que devo, eu prometi cuidar de você mas... naquela hora eu não consegui encarar aquilo, era muito difícil pra mim também...- Abaixou a cabeça.

- Não faça isso, não é culpa sua...- Ela me olhou- Eu devia ter me preparado pra...isso.

- Não, não deveria. Eles não merecem uma filha como você...

- Você...

- Eu ouvi a conversa toda, eu queria ter interferido, mas não consegui me mover pra isso, estava assustada... se eu tivesse ido.... se tivesse parado eles...

- So Yeon...- Peguei sua mão - Não se culpe, você é muito melhor que eles pra isso, sempre cuidou de mim quando eu precisei, por favor não diga palavras duras pra sí mesma quando não merece.- Sua mão acariciou a minha.

- Você é muito melhor do que eles imaginam, não deixe que as palavras que eles disseram afetem você, eles não tem o direito de escolher o que é melhor pra você quando não sabem o que estão perdendo a cada dia.- Sorriu fraco e pousou sua mão em meu rosto acariciando com um olhar triste- Uma filha maravilhosa, que prova todos os dias o quanto trabalhar aqui vale a pena, já que pude vê-la crescer todos os dias e ama-la, como se fosse minha.- Meus olhos lacrimejaram e os dela também.- Eu juro, que se você fosse realmente minha filha, lhe daria tudo o que você não teve com eles, todo o tempo perdido e aprendizado, eu lhe daria tudo isso.- Meu coração se aqueceu.

- Você é minha mãe So Yeon, não importa se não temos o mesmo sangue, você faz parte de mim.- Lhe abracei e ela abraçou meu corpo.

- Eu te amo...- Disse baixo.

- Eu também So Yeon, nais do que pensa...- Ela respirou fundo e beijou a minha testa.



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