Spaces

(Louis Tomlinson)

     Lembro-me de 2010, eram tempos bons, se eu pudesse voltar, acho que mudaria algumas coisas. Acho que pensaria duas vezes antes de escolher um cacheado de olhos verdes para ser meu marido...gostava mais quando éramos apenas namorados. Éramos felizes, bem felizes. Parecia que nada no mundo poderia nos separar e tirar nossa felicidade. Agora é como se não nos conhecêssemos, nos comportamos como se o outro não existisse, já não nos amamos mais, apenas nos suportamos por causa de nossa filha de 6 anos, ela é pequena demais para entender essas coisas e não seria o certo nos separar logo agora, não seria bom para minha pequena Willy.

     Já não aguento mais esta vida. Estamos sentados jantando, mas é como se eu estivesse sozinho, ninguém fala nada e o único barulho que se é ouvido é dos talheres batendo nos pratos ou quando nossa filha resolve falar algo, mas sei que ela também se sente estranha com tudo isso. E essa é nossa rotina, apenas moramos na mesma casa e nada mais.

- Papai, tô cum sono - Willy esfrega os olhinhos.

- Vamos querida, eu te ponho na cama - diz Harry colocando-a no colo.

- Daqui a pouco eu subo para te dá boa noite, ok - disse, mas parecia que não tinham escutado, Harry apenas subiu as escadas para o quarto de Willy e fiquei terminando meu jantar.

     Harry era o garoto mais doce e sensível que eu já tinha conhecido. Pode parecer clichê para quem quiser, mas naquele tempo vivíamos sim,uma linda história de amor. Eu era o garoto nerd da turma do último ano que era perdidamente apaixonado por um garoto não tão diferente de mim, só que ingênuo, inocente, fofo, meigo, doce, sensível, lindo...perfeito aos meus olhos, só de olhar para ele, eu sentia um instinto de protegê-lo muito forte. Harry tinha apenas 16 anos e eu 18 quando nos conhecemos, ainda me lembro muito bem do dia. Haveria um show de talentos na cidade, eu havia me inscrevido. Estava bastante nervoso na hora, então passei meus últimos minutos no banheiro olhando meu reflexo no espelho. Quando resolvo sair, esbarro nele assim que chego a posta, ele solta um "Oops", e eu só consegui dizer apenas um "Oi" ao me deparar com aquela doce criatura toda tímida à minha frente.

     Fomos desclassificados na última etapa, mas sai de lá com um prêmio bem maior que preencheu meu coração por bastante tempo. Depois disso, eu tentava fazer de tudo só pra ver seu sorriso brilhar. Ele era tão adorável, me fazia tão bem e me preenchia completamente, e eu só queria lhe retribuir da melhor forma possível. No final de 2011, fomos morar juntos, pois ninguém podia segurar nosso sentimento pelo outro, e estamos até hoje, não somos casados, mas vivemos ou vivíamos como. Acho que tudo começou quando decidimos ser pais. Todos concordaram, apenas nossos pais diziam que éramos jovens demais para sabermos lidar com isso, e agora sei que eles tinham razão, mas queríamos muito uma criança, então sua irmã, Gemma, se ofereceu para gerar o bebê, oque achamos perfeito, pois ele iria nascer com características nossas, e realmente assim se fez. Willy tem os cabelos cacheados e o sorriso lindo como Harry, e tem olhos azuis e lábios rosados como eu. Depois disso tive que arrumar um emprego para manter nossa família, eu trabalhava o dia todo e a noite eu estava exausto e só precisava de minha cama. Eu trabalhava demais, eu só queria dar um bom futuro para Willy e um conforto mais apropriado possível para Harry. Só que a única coisa que aconteceu, foi eu perder o grande amor da minha vida...

     Termino meu jantar e vou direto para o quarto de Willy, onde encontro a mesma já deitada na cama e recebendo um beijo de boa noite de Harry que em seguida sai do quarto passando por mim como se não me visse, não liguei, pois ambos estamos acostumados com isso, até Willy já se acostumou com essa vida pois já se cansou de perguntar o porquê que nos tratamos assim. Acho que isso não está fazendo bem a ela, a nenhum de nós. Acho melhor parar com isso, já estou realmente cansado.

- Papai, eu vou dançar balé na escola - Willy diz assim que chego perto.

- Que bom, filha. Estou louco para te ver.

- Mas...Então o papai Haz não vai?- ela pergunta triste.

- Por que ele não iria?- estou confuso.

- Porque o senhor vai, é sempre assim, um vai e o outro não.

     Vejo seu olhinhos lacrimejarem e isso acaba comigo por dentro. Ela está certa, nunca participamos os dois no mesmo lugar e isso está totalmente errado. Essa apresentação é muito importante para Willy e não seria o certo ela fazê-la sem o apoio de um dos pais, não mesmo.

- Não se preocupe princesa, papai vai dá um jeito nisso e tudo ficará bem - sorri e lhe dei um beijo.

     Vou para o meu quarto meio cabisbaixo e encontro Harry deitado na cama. Sigo para meu lado e deito sem desejar ao menos um boa noite. E assim é nossa rotina; não nos falamos, só quando brigamos e um sempre tem que ir dormir antes do outro para não ter que deitar na mesma hora, e eu continuo me perguntando : Quem vai ser o primeiro a parar a briga? Quem vai ser o primeiro a cair no sono? Quem vai ser o primeiro a romper o compromisso? Quem vai ser o primeiro a ir embora? Quem vai ser o último a esquecer esse lugar? Quem vai ser o último a esquecer todas as músicas e promessas que um dia fizemos?.

     Nós só estamos dando voltas, mesmo que eu tente, é como se houvesse um espaço entre a gente...e ainda assim eu me pergunto :

     Quem vai ser o primeiro a dizer adeus? .