Capítulo 2

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Depois de muito andar e chorar, já se fazia de noite.

Vou até um lago. Sento-me na beira dele e olho o meu reflexo. Não sou mais o mesmo.
Não me reconheço.
Aquele não posso ser eu! Onde está o menino Inocente de antes? Doce infância. Essas memórias são as que mais ficam, as que mais me lembro. Gostava de voltar a ser uma criança de novo, mas depois ....

Voz: Depois o quê? 'Tou curiosa.

Coelho das Cartas: Eu já ai contar de qualquer forma, mesmo sem teres pedido. Quando eu era pequeno, vivia numa Quinta de coelhos. Adorava aquele lugar. Eu lembro-me que às vezes ia para um vale de flores brincar. Eu nunca conheci os meus pais. Havia um homem que tomava conta de mim. Mas ele morreu, quando fiz 12 anos. A partir dai, eu tive de crescer por conta própria. Toda as manhãs, acordava bem cedo tratar da quinta. No começo era difícil, mas eu depois habituei-me. Até que um dia...

Voz (curiosa, com o tom animado): Até que um dia o quê?

Coelho das Cartas: Calma! Deixa-me acabar de falar. Respeita o meu monólogo.

Voz (dá uma risada): Monólogo? Mas tu nunca estás sozinho... Nós estamos aqui sempre aqui, só que tu às vezes recusas-te a ouvir.

Coelho das Cartas (Tentando ignorar): Okay, tudo bem. Continuando... Um dia um furacão atacou a Quinta e tudo mudou. Eu consegui proteger-me. Mas quando aquilo acabou, tudo o que eu amava tinha voado junto com furacão. Eu chorei muito, porque não podia fazer nada. Não podia voltar a tê-los. Imaginem ficar sem nada, sem os vossos amigos queridos. Aqueles coelhos eram a minha vida! E aquilo traumatizou-me por completo. Os barulhos das trov... trovoadas... do furacão... A agonia dos meus pequenos amigos... As... Árvores... árvores a partirem-se ao meio. Nunca mais vou esquecer aquilo. Essa imagem não vai desaparecer.

Voz: Interessante...

Coelho das Cartas: Interessante? Ah poupem-me... Agora estou aqui perdido, a falar com minha mente... A vida dá voltas... Interessantes.

De repente, ouço alguém. É uma menina metade coelhinha. Ela tem o cabelo curto e liso. A cor dele é branco e com pontas da mesma cor dos olhos dela, os seus olhos são azuis claros. As suas orelhas são iguais ao cabelo. Ela tem um vestido da mesma cor dos seus olhos com bolinhas brancas. Está descalça, pode notar os pezinhos fofos. É pequena, fofinha e delicada.

Não posso acreditar. Há quanto tempo ela está aqui? Estava tão perdido na minha mente, que só agora dei pela sua presença.

Ao que parece, ela ouviu toda a história.

Coelho das Cartas: Ah... Olá, eu sou... O Coelho das Cartas.

Coelhinha (animada, com voz suave): Eu sou a Luy. Uau, mais um assassino para este mundo killer.

Coelho das Cartas: Tu também, és uma assassina?

Luy: Sim, todos nós somos assassinos aqui. É matar ou morrer.

Por mais linda e fofa que ela pareça... Não me posso esquecer que é uma assassina sanguinária. A sua voz não é a de uma criança inocente, mas sim de alguém que já viu toda a verdade e crueldia deste mundo.

Coelho das Cartas: Tenho uma pergunta.

Luy: Diz.

Coelho das cartas: Sabes onde é o Castelo da Rainha dos Assassinos?

Luy: Oh coelhinho... Tens a certeza que queres ir lá?

Ela olhou para mim com pena e curiosidade.

Coelho das Cartas (Determinado): Sim.

Luy (Séria): Vai ser uma longa viagem até lá, cheia de obstáculos, desafios, inimigos, morte e outras coisas.

Um começo para um assassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora