4 meses.

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Depois que Melissa e Christopher passaram a morar junto à um mês atrás, as coisas tinham ficado mais fácil de um jeito estranho para os dois. Ele pensava que seria complicado pois nunca tinha morado com ninguém além de sua família ou seus amigos e sabia que teria que mudar alguns hábitos por causa de Mel. Já ela, estava receosa não por morar junto com Chris em si e sim sobre como eles iriam se adaptar a isso pois ela só aceitou se mudar para que o seu filho tenha uma maior segurança e claro, por saber que Christopher a apoiaria.

A convivência entre os dois havia sendo... Surpreendente. O apartamento de Christopher era um ambiente confortável e totalmente diferente do que Mel pensou que seria, e se ela fosse arriscar diria que ele tinha decorado de um jeito para a receber, mas sabia que isso não era verdade. Só tinha uma coisa que estava começando a incomodar: o sentimento que ela insistia em combater contra Chris. O que nos leva ao seguinte momento.

[...]

Sexta feira. - 8pm

- Não vai sair? - Ela dizia enquanto se sentava no sofá com o telefone na mão.

- Não, hoje não. - Respondeu enquanto passava de canal em canal, não ficando satisfeito com nada - A semana foi exaustiva.

- Mas deveria. - Rebateu - Você trabalhou a semana toda, chegava todos os dias depois das dez da noite e acho que você merece se distrair.

- Mas eu vou me distrair, Mel. Ficando com você e curtindo um pouco a sua gravidez, nem que seja só por um dia e amanhã eu já precise voltar para essa rotina de novo.

Os olhos da garota se encheram de lágrimas e ela sentiu que pela primeira vez durante os quatro meses, ele estava cem por cento confortável com a situação em que eles estavam. Depois do teste de DNA e que Chris teve a certeza que seria pai, sempre esteve ao lado de Mel. Ou tentava estar, já que os compromissos com a banda estava o mantendo sempre ocupado.

- Tudo bem - Ela não tinha mais nada a dizer depois do que ele tinha dito - Você sabe o telefone de alguma pizzaria daqui? Seu filho está com uma vontade insaciável de comer uma de brócolis.

- Brócolis, Melissa? - Ele fez uma cara de nojo - Tanto sabor de pizza bom e você me diz que nossa filha quer comer pizza de brócolis? - Eles não haviam percebido mas já se referiram a filho e filha, involuntariamente.

- Pizza de brócolis, sim senhor - Disse firme, mas não aguentou e começou a rir - Podemos pedir uma outra pra você, guloso.

- Vou ligar para a melhor pizzaria da cidade então - Melissa entregou o telefone para ele e Chris deu o controle da TV para ela - Enquanto isso, ache um filme pra assistirmos. - Ela concordou.

[...]

Já haviam comido as duas pizzas inteiras - sim, inteiras -, Melissa dava a desculpa que estava comendo por dois enquanto Chris dizia que estava com muita fome e que durante a semana, por conta dos compromissos, não conseguia comer nada gostoso. Assistiram dois filmes e estavam prestes a começar o terceiro, dessa vez escolhido por Christopher, Silent Hill estava começando e Melissa já tinha deixado claro que odiava esses filmes e que, se tivesse pesadelo, a culpa seria toda dele. Christopher ria da situação e não conseguia parar de pensar em como eles dariam uma ótima família, imaginava Mel não somente como mãe do seu filho e sim como algo mais.

Nos primeiros dez minutos de filme, Melissa já tinha se assustado pelo menos cinco vezes. Eles estavam em sofás diferentes então a cada pulo de Mel, Chris começava a rir e logo tinha uma resposta dela, como um dedo do meio ou uma almofada arremessada. A garota pediu para que ele pausasse o filme para que ela pudesse ir ao banheiro, sua barriga estava começando a apertar sua bexiga e as idas ao banheiro tinham sido triplicadas. Christopher assentiu. Poucos minutos depois, ela voltou com uma barra de chocolate na mão e quando ia se sentar no sofá, Chris a surpreendeu.

- Senta aqui. - Ela o olhou e viu um Christopher sorridente - Aí quando você assustar, pode realmente bater em mim ao invés de fazer tudo isso distante.

Melissa riu e concordou, dizendo que só sentaria ao lado dele por isso, nada mais e Christopher já se sentia bem em tê-la perto. Deram play no filme e os sustos voltaram a acontecer, um atrás do outro. Melissa pulava, colocava a mão em sua barriga e depois jogava uma almofada em Christopher, e sem ela perceber, eles estavam cada vez mais perto. Tão perto que seus corpos se chocavam as vezes com certos movimentos que fazia com que eles se entreolhassem e rissem, não mudando de posição. Depois de uma hora de filme, Christopher já não estava mais interessado na história pois Melissa tinha se tornado muito mais cativante. Os olhos de Chris percorriam o corpo dela, mas de um maneira diferente. Ele analisava cada detalhe, cada curva que agora ela tinha ganho - e estava mais linda ainda -, seu cabelo preso em um coque bagunçado com alguns fios soltos pelo rosto, seu olhar fixo na televisão e, claro, como a sua barriga tinha crescido. No primeiro momento em que descobriu que ia ser pai, o sentimento foi de choque, mas agora ele já estava ansioso para ver com quem ela (ou ele) iria se parecer, se ia puxar o seu olhar, e rezava para que tivesse o sorriso de Melissa.

Em meio a isso, Melissa o olhou e encontrou um Chris com o pensamento longe e sorriu ao vê-lo tão sereno, sem preocupação, sem precisar fingir alguma coisa. Mas algo mais importante começou a acontecer.

- Chris?! - Ela chamou, sem sucesso - Christopher! - E nada - Seu filho está chutando e você não está me ouvindo, é isso mesmo?

- Chutando? - Ele despertou, logo olhando para ela e se dando conta do que estava acontecendo - Chutando?

- Sim, chutando! - Mel pegou as duas mãos dele e colocou em cima da sua barriga, se arrepiando com o toque dele - Sentiu?

Ele assentiu com a cabeça, não sabia o que dizer. Podia jurar que seu coração iria explodir de tantas emoções distintas. Nunca imaginou que poderia sentir uma emoção tão grande sem ao menos conhecer aquela pessoinha que estava usando a barriga de Mel como casa durante nove meses. Ele ficou ali, quieto e prestando atenção em só uma coisa: em seu filho. O sentimento que já vinha surgindo durante esses mês, agora já estava instalado em seu coração: era amor. Ele amava aquela criança, e sentia que poderia fazer de tudo para vê-la feliz.

Olhou para Mel e ela estava com os olhos fechados, também aproveitando esse momento. Eles estavam perto demais, podia sentir a sua respiração em seu pescoço, o ar quente e acelerado. Melissa era linda e conseguia ficar ainda mais linda grávida. Chris sentiu uma vontade absurda de estar com ela. Com eles, mas principalmente com ela. Se desencostou da barriga de Mel e a olhou profundamente, ela também já havia aberto os olhos e não desviava do olhar dele, eles mantinham o mesmo ritmo. As respirações estavam calmas, ao contrário da noite em que tinham se conhecido, onde estavam apressados. Era como se eles estivessem conhecendo - de novo - o corpo de cada um, os detalhes. Melissa passou uma das suas mãos no cabelo de Christopher e ele fechou os olhos em resposta, logo após os abrindo e fazendo carinho com uma das suas mãos no rosto de Mel. 

Sutilmente, eles iam se aproximando e quando perceberam, já estavam perto demais para recuar. Os dois estavam desejando a mesma coisa. Christopher colou seus lábios nos de Mel, que deu passagem para que o beijo se aprofundasse. As mãos de Christopher percorriam as costas de Mel e ela, ainda tentando se acostumar com a distância que sua barriga a deixava dele, massageava os cabelos de Christopher, que vez ou outra sorria entre um beijo e outro. Ficaram ali pelas próximas horas, tentando terminar o filme que começaram mas muitas vezes o deixando passar sem ao menos prestarem atenção, pois eles estavam mais interessados no que estava a sua frente. Os dois não sabiam o que iria acontecer depois disso, mas estavam com o coração em paz. Um sentimento novo estava surgindo e ambos não sabiam como explicá-lo.


The baby's comingOnde histórias criam vida. Descubra agora