Não conseguia perceber como ela tinha sido capaz de me fazer aquilo, não depois de tudo o que fiz por ela, não depois de eu a ter feito sentir completa. Quer dizer, pelo menos, era o que ela dizia, pelos vistos nem nisso podia acreditar.
A minha consideração desceu tanto, mas eu não conseguia parar de a amar. Eu amava-a muito, demais. Além do mais, não era qualquer rapariga que ficava a falar com um rapaz como eu até a madrugada chegar.
"Como foste capaz Kate? Como? Depoia de tudo o que fiz!" - isto era tudo o que me passava pela cabeça e eu só queria perceber o porquê!
Ela mandava tantas mensagens e eu não conseguia responder com a mínima decência, ignorei todos os seus sentimentos tal como ela tinha ignorado os meus no dia que me deixou por ele. Ao mesmo tempo, se ela não estivesse mesmo arrependida não iria ficar aquelas horas todas a tentar voltar para mim e comigo a magoar-lhe. Eu conhecia-a, se fosse com ele, ela já tinha ido embora e já o tinha mandado passear para bem longe, porque ela não suporta que a magoem, desata a chorar de forma incontrolável.
"Porque me dói tanto imaginá-la assim se ela também me magoou tanto?"
Por incrível que pareça, só me apetecia agarrá-la e dizer-lhe que tudo ia ficar bem entre nós, mas não o podia fazer assim de qualquer maneira, mas...a ideia de ela sofrer, magoava-me tanto !
*****
Passaram dias, ela nunca desistiu, nunca mais a vi a falar ou olhar para ele, muito menos a estar na mesma divisão ou no mesmo espaço que ele.
A única coisa que via, era ela escondida no nosso esconderijo, com um cigarro na mão e fumo a sair da sua boca. Será que estava mesmo a ver aquilo? A rainha, escondida, a fumar...mas ela parecia ficar tão "calma" e parecia que qualquer emoção que ela sentia antes se esvanecia em cada bafo que dava e em cada pedaço de fumo que saía da sua boca. Não era fumar por fumar, havia mais qualquer coisa ali que eu não compreendia.
"Desculpa estar aqui no esconderijo mas precisava passar tempo sozinha, vou já sair e depois não tens que olhar mais para a minha cara William!" - ouvi isto ser proferido da sua boca com cheio intenso a tabaco e assustei-me, nem a vi aproximar-se.
"Não precisas sair, eu não vinha para ficar..."
"Ninguém veio, por isso não esperava isso de ti." - a sua cara estava fria e o seu olhar insensível, ela estava a falar a sério.
Senti uma dor aguda no peito. A minha Kate tinha desaparecido e a culpa era dele e de todas as suas manipulações no seu inocente cérebro. As minhas mãos fecharam automaticamente e saí dali a correr, ia dar-lhe a maior sova da vida dele. Ao afastar-me ouvi a sua voz baixa, quase inaudível, parei por um segundo quando a ouvi.
"Amo-te"
Assim que me apercebi do que ela tinha dito, continuei a andar.
"Eu também" - pensei.
