Aadya acordou horas depois com o corpo doendo. Não tido tempo de colocar uma roupa mais confortável que a blusa e calça jeans que estava, simplesmente apagou na cama, que aliás era a maior que já tinha visto na vida, e bem macia. Os lençóis brancos estavam amarrotados onde tinha deitado, e o travesseiro afundado.
Levantou se esticando, tentando aliviar a dor muscular. Pela porta para a varanda, viu que já era noite. Andou pelo quarto espaçoso até o banheiro. Era uma sensação nova e boa ter um quarto só para si. Tomou um banho revigorante e se surpreendeu ao achar suas roupas no armário. Ingrid deve ter trazido as para mim, pensou.
Depois de pronta, encontrou sua mala e verificou que todos seus pertences estavam ali, incluindo sua caixinha de recordações. Claro que não eram muitas, mas cada uma possuía um significado importante. A correntinha que lhe foi dada quando nasceu por seus progenitores, com uma árvore encravada, e agora usava como tornozeleira. O anel de amizade que Nova e Emory também usavam. Foi o primeiro trabalho manual com metais que fizeram na escola, e guardaram como lembrança. As primeiras sementes que tinha colhido com seu poder, de girassol. Cartinhas e presentes de aniversário, também dos seus únicos amigos.
Aadya recolocou a tornozeleira, o anel e guardou as sementes num saquinho e guardou no bolso. Sentia um pouco mais segura na primeira vez tão longe dos amigos e de tudo que conhecia.
Decidiu sair para explorar. Pegou o cartão magnético e caminhou pelo corredor com várias portas para suítes que deviam ser iguais à sua. Concluiu que deveria estar no hotel da Sede do Governo, e procurou por algum lugar para comer.
No 2º andar encontrou um restaurante onde estava sendo servido o jantar. Começou a se servir, e em pouco tempo Ingrid se juntou a ela.
-Descansou? - A mulher perguntou com um sorriso gentil.
-Sim, eu apaguei na cama. Ela é enorme! - Aadya comentou, o que fez loira rir.
-Verdade, as camas nos alojamentos são péssimas. Mas acho que se sempre tivesse dormido numa cama dessas não ia ter vontade nenhuma de acordar quando estudava.
-Mesmo naquelas camas horríveis eu nunca fui muito fã de acordar. Dormir é tão bom. - A morena comentou, e Ingrid riu alto. Era divertido para a assistente conversar com ela, era difícil terem garotas por perto na Sede do Governo. Depois do jantar, Ingrid disse que Aadya deveria descansar e que pela manhã a levaria no escritório do Meistr para discutirem sua missão, e seguiram para os quartos.
Deitada, mas sem conseguir dormir, Aadya ficou ansiosa para descobrir porque sua missão seria tão diferente a ponto do próprio Meistr a escolher, e dar a ela o poder de escolher seu Setor quando concluí-la. Isso a deixava receosa. E se ela falhasse? As missões que os Chefes de Setor dão para os novos admitidos costumam ser simples, é raro alguém não conseguir cumpri-las. Mas se não conseguisse, era exilado. O que aconteceria com ela caso falhasse numa missão especial? Existia algo pior do que ser exilado? Se existisse, ela não queria descobrir.
Horas depois, a menina ainda estava agitada, e resolveu procurar um lugar pacífico para se acalmar. Da janela do quarto, podia ver uma escada que dava para o belo jardim no térreo, que seria com certeza perfeito para distraí-la. Saiu para a noite, esfregando os braços ao receber uma rajada de vento frio, e caminhou pelo jardim iluminado pela luz forte da Lua, entre as estátuas e fontes ornamentadas.
Aadya sentou-se na grama, aspirando o aroma das inúmeras flores ali, sobretudo de jasmins. Instintivamente, começou a fazer a grama crescer mais, as flores desabrocharem e até as árvores mais secas voltarem a ter folhas verdes. Não havia nada mais relaxante que estar em contato com a natureza para ela. Podia sentir cada ser vivo emitindo energia, das formigas aos passarinhos dormindo nos troncos das árvores. Uma coruja pousou na estátua mais próxima e lhe observava com curiosidade, antes de voar para longe perseguindo um pequeno roedor.
Lembrou-se dos seus amigos. Nova ficaria entediada rapidamente nesse lugar, mas Emory provavelmente iria entretê-la reverberando os sons na construção ou fazendo a água das fontes vibrarem. Seu coração se apertou de saudades, com medo de nunca mais vê-los e da incerteza do que lhe aguardava pela manhã. Respirou fundo, entrelaçando seus dedos sobre a grama agora alta. Sorriu ao fazer uma margarida crescer entre suas mãos, até a altura do seu rosto, e colocando a flor atrás da orelha como um enfeite.
-Obrigada - disse sorrindo para a plantinha que criara. A transferiu para um canteiro próximo, onde a margarida se aprumou e floriu ainda mais, e cobriu o buraco de terra que deixara com mais grama.
Se sentindo mais calma, Aadya voltou para o quarto e se permitiu dormir. Tinha a sensação que precisaria de muita energia para o dia seguinte.
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A Sociedade dos Telepatas
FantasyCom 17 anos, todos os telepatas são destinados a cumprir uma missão, que irá definir se serão aceitos no setor que foram selecionados para trabalhar, de acordo com as habilidades e poderes de cada um. Tudo parece estar indo bem, até Aadya ser convoc...