bilhetes sob a porta

-02

Era seu terceiro dia de "férias".
Seus cabelos pingavam gotas em uma curta toalha branca pelo recente banho gelado e Jeon decidira explorar um pouco do apartamento.
Atravessou a cozinha compacta e entrou na área de serviço, encontrando algo inesperado.

Azul como sempre, levemente empoeirada, mas com as mesmas marcas arranhadas.
Um comprido traço vermelho a atravessando completamente em vertical.

A prancha de sua mãe.

Jungkook suspirou por um longo segundo antes de se aproximar.

"péssima ideia! volte pra cama!"

seu inconsciente tendeciosamente em crise gritava.

Tocou a ponta da prancha e fechou os olhos.

— Assassina.

Sussurou em sentença, deslizando os dedos pela linha vermelha.
Era uma bela pintura, uma boa prancha.

Mas já foi completamente tingida de sangue.

Seu psicólogo diria para enfrentar seus medos.
Seu pai o abracaria.
Sua Nova-Madrasta-Boa tocaria suas costas e ofereceria um bolo.
Seu tio diria para ele ir surfar.

Ele sempre gostou de seu tio.

Eram exatas duas e quarenta e cinco da tarde quando seus dedos foram enterrados em areia e seus pertences foram trancados em escaninhos na praia.

Correu em direção a água sentindo o cheiro de maresia estapear-lhe o rosto. Doia intensamente.

Prancha no mar.
Algumas lágrimas para seu tsunami de emoções.

Três segundos de olhos fechados e estava pronto.

Ele estava surfando.
Pela primeira vez nos últimos seis anos.

O vento e as lembranças castigavam, o sal e as memórias ardiam os olhos, a pele e o choro clamavam pelo lavar das ondas.

O mar e o passado eram cruéis.