Capítulo 2

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Capítulo 2

Naruto parecia outro quando saiu da casa de Hanabi. Suas dúvidas não existiam mais. Estava tão aliviado, tão feliz, que se flagrou assobiando enquanto dirigia para casa. Tudo porque Hanabi correspondera com paixão ao seu beijo e às suas caricias. Na verdade, em mais de um ano de namoro e noivado, era a primeira vez que ela se entregava sem reservas.
Como tinha sido idiota em duvidar de sua noiva. Hanabi o desejava com a mesma intensidade que ele, mas sua reserva natural a impedia de demonstrar seu lado apaixonado. Por que não concluíra aquilo antes? Por que perdera tanto tempo imaginando algo que não existia? Naquela noite, para sua felicidade, ele a encontrara em um momento de fragilidade, em que ela se deixou levar pela paixão.
Ele sorriu.
Era um homem feliz. Não via a hora de estar casado com aquela mulher maravilhosa, de tê-la ao seu lado noite e dia. Iam ser muito felizes.
Não havia mais motivos para se preocupar.
E um dia, quem sabe, poderia até falar como ela sobre o seu ideal de vida, seu trabalho com crianças carentes. Hanabi entenderia.
Quando Hinata conseguiu finalmente parar de chorar, lavou o rosto com água fria para afastar os sinais das lágrimas. Depois do desabafo, começou a pensar nas consequências de seu ato. Precisava contar para Hanabi o que acontecera, antes que sua irmã falasse com Naruto no dia seguinte. Por estar sem sono e pela preocupação, resolveu esperar até que Hanabi voltasse. Gastou o tempo pensando nas reações do seu corpo ao contato com o corpo de Naruto. Seus sentimentos iam da vergonha por ter deixado que o beijo acontecesse, à glória de ter experimentado um beijo de seu amado.
Quando se lembrava do modo como se abandonara às carícias de Naruto queria desaparecer da face da terra. Seu único consolo era saber que ele não descobriria jamais que beijara a mulher errada.
No momento em que ouviu o portão da garagem se abrir, desceu e foi para a cozinha esperar pela irmã.
Outra Hanabi entrou. Uma Hanabi com os cabelos despenteados, os olhos brilhantes e sonhadores, os lábios borrados de batom e inchados por beijos supostamente avassaladores.

- Hinata? Você ainda está acordada? Aconteceu alguma coisa?

Hinata engoliu em seco. Já sabia o que iria dizer.

- Não. Não aconteceu nada. Quer dizer, aconteceu uma coisa esta noite que eu queria lhe contar. Mas não precisa se preocupar, não foi nenhuma tragédia. Só que você precisa saber antes de falar com Naruto amanhã.

Hanabi colocou a bolsa e a chave do carro sobre a mesa e suspirou.

- O que aconteceu que eu preciso saber?
- Bem, eu estava tomando banho. e a campainha tocou - Hinata começou, mantendo o olhar firme e o tom de voz o mais casual possível. Mesmo porque não queria que Hanabi percebesse como estava abalada. - Era Naruto.
- E?
- Ele, bem, confundiu-me com você - ela conseguiu dizer, sem gaguejar. Hanabi riu.
- Isso não é novidade? Ele nunca consegue nos distinguir.
- Eu sei, mas desta vez, antes que eu pudesse dizer quem eu era, ele me beijou. E fiquei tão sem ação e surpresa, que não reagi logo e permiti que ele me beijasse. E depois, para não embaraçá-lo, continuei fingindo ser você. Então me ocorreu dizer que não estava passando muito bem e que já estava me preparando para dormir. Ele não ficou muito tempo. Você precisava saber disso, porque amanhã ele vai ligar para saber como você está se sentindo. Só isso.

Hanabi riu abertamente.

- Ele beijou você, é? E mesmo depois continuou achando que fosse eu?
- Sim.

Hinata não entendeu a reação de Hanabi. Ela não ficara nem enciumada muito menos irritada ao saber que outra mulher beijara seu noivo. Parecia até estar se divertindo com a situação. Em seu lugar, Hinata ficaria furiosa, talvez mais do que aquilo. Com certeza, morreria de ciúme.
Foi então que ocorreu a Hinata que havia uma coisa muito errada com sua irmã. Ninguém faria o que Hanabi estava fazendo às vésperas do casamento. O problema era mais sério do que pensara a princípio.
Depois do riso, Hanabi ficou séria e sentou-se em uma cadeira. O brilho de seus olhos foi substituído por uma sombra de tormentos e dúvidas.

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