Capítulo 3

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Capítulo 3

O coração de Hinata disparou. Não queria mentir para Naruto, mas também não podia contar a verdade.

— Além do nervosismo, você quer dizer?
Ele assentiu, com o olhar preocupado seguindo Hanabi, que se despedia dos convidados.
— Ela parece nervosa, estranha. Não sei bem definir. Como se algo a estivesse incomodando. Você sabe se ela está com algum problema?
— Sinceramente não sei o que dizer. Você perguntou a ela se alguma coisa está errada?
Ele negou com a cabeça.
— E não acha que deveria perguntar a ela e não a mim? 
Naruto voltou sua atenção para Hinata, os olhos pensativos. Toda vez que aqueles olhos azuis a fitavam, Hinata sentia-se derreter por dentro.
— É, acho que você tem razão. É a ela que devo perguntar — ele afirmou, olhando outra vez para a noiva.

Hinata daria tudo para fazer desaparecer as linhas de preocupação que marcavam o rosto dele. Não era justo o que Hanabi estava fazendo. Naruto não merecia uma traição como aquela. Mas o que poderia fazer senão compactuar com o sofrimento da irmã?

— Naruto, se você quer falar com ela, eu vou embora agora e você a leva para casa e conversam no caminho.

Por um momento ele pareceu concordar. Depois mudou de idéia.

— Eu bem que gostaria. Mas ela está cansada, qualquer um pode ver. Ela tem trabalhado muito nestes últimos dias. Tanto que mal nos vimos nas duas últimas semanas.

Hinata se sentiu culpada pelos atos de sua irmã. E raiva também, porque estava assumindo uma culpa que não era dela. E o pior, sentia-se impotente diante dos fatos, e sabidamente o homem de sua vida sentiria o gosto amargo do amor não correspondido. Situação que ela mesma estava vivendo. Por que os céus permitiram que Konohamaru entrasse na vida de Hanabi e a transformasse em uma pessoa tão infeliz?
Não, Hinata, você tem culpa sim. Você enganou Naruto na semana passada. Lembra-se do beijo? Você poderia ter dito que não era Hanabi e você sabe disso. E agora não está mentindo para ele? Bem, mentindo não, omitindo. E omitir não é tão errado quanto mentir?

— Sinto muito — ela falou, sem saber o que mais poderia dizer.
— Pare de se desculpar. Não é culpa sua. De qualquer forma, obrigado, Hinata. Você é uma ótima amiga. A melhor que tenho. O homem que se casar com você vai ter muita sorte.

Oh, Naruto, por que você não percebe o que sinto?

Hinata abaixou os olhos para esconder a intensa emoção neles estampada. Por que tinha que amar logo Naruto? Por que não conseguia superar aquele sentimento?
Quando conseguiu controlar suas emoções, Hinata olhou para ele e sorriu.

— Obrigada, Naruto. Isso, vindo de você, significa muito para mim.

Uma hora mais tarde as duas irmãs estavam cada qual em seu quarto. O que estaria passando pela cabeça de Hanabi? Hinata podia ouvi-la andando pelo quarto, abrindo e fechando portas e gavetas. Hinata, mesmo não sendo a criatura mais feliz desta terra, não gostaria de estar no lugar de Hanabi. Estar dividida entre o que ela entendia ser um dever para com seu pai e um amor impossível não devia ser fácil. Enfim, a decisão final era de Hanabi. Havia muito Hinata vinha tentando se convencer de que não teria Naruto. Não era fácil aceitar a idéia, mas o tempo se encarregaria de curar suas feridas.
O trajeto de volta do restaurante tinha sido feito em completo silêncio. Hanabi imersa em seus pensamentos e Hinata respeitando os sentimentos da irmã.
Quando entraram em casa, Hanabo foi direto tomar uma aspirina.

— Vou direto para cama. Boa noite, Hina.
— Também já vou me deitar. Durma bem, Hanabi. 

Hinata não conseguia dormir. Seus pensamentos iam e vinham e não a levavam a nada. Deveria ter contado a Hanabi sobre a preocupação de Naruto? Mas se contasse, o que Hanabi faria a respeito? Já não tinham discutido o assunto à exaustão? Hanabi afirmara que casaria com Naruto conforme o programado. De que adiantaria retornar ao assunto? O máximo que podia fazer, era torcer para que tudo desse certo.
Fazia algum tempo que Hanabi não fazia mais barulho. Será que estaria deitada? Será que ela conseguiria dormir pelo menos algumas horas? Hinata não queria ver sua irmã na igreja com a tristeza estampada em seus olhos. Muito menos gostaria de deixar evidentes seus próprios sentimentos. Para tanto, deveria esquecer os problemas da irmã e tentar dormir um pouco. O dia seguinte ia ser a maior provação de sua vida. Ver o seu amado Naruto colocando a aliança no dedo de sua irmã e declarando seus votos de amor e fidelidade eternos exigiria todo autocontrole que possuía. Mas não era fácil dormir. Ela virava na cama de um lado para o outro, mas não conseguia repousar. Algum tempo depois, assustou-se com um som que a fez sentar-se na cama num sobressalto. Era o telefone do quarto de Hanabi
Hinata ficou completamente imóvel, tentando ouvir vozes. Nada. Deveria ter sido engano. Mas não, Hanabi estava conversando com alguém.
Será que Naruto tinha ligado para dizer boa noite?
Era possível. Afinal, no dia seguinte, àquela hora, ele e Hanabi estariam dormindo juntos. Santo Deus, como seria a noite dela? Sozinha em sua casa, chorando o amor perdido, sentindo-se a última das mulheres.
Mas que barulho seria aquele? Não, não podia ser, Hanabi estava descendo a escada. Onde ela estaria indo? Para a cozinha? Deveria levantar-se para ver se Hanabi precisava alguma coisa? Mas antes que decidisse, ouviu a porta da cozinha abrir e fechar, o mesmo acontecendo com a porta da garagem.
Não, Hinata, fique calma. Isto não está acontecendo. Hanabi não está saindo.
Mas o ronco do motor do carro provou o contrário. Sua irmã, somente algumas horas antes de se comprometer para o resto da vida com Naruto, estava saindo para encontrar-se com outro homem.

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