[♨️] WARM SOULED || JJK

|| Closer ||

O cheiro de sua t-shirt preta me embriagava e ajudava a me acalmar. Eu sentia falta do seu cheiro, da sua voz macia e de como seus braços se pareciam ao meu redor, mesmo que não quisesse admitir.

Após algum tempo, meu choro cessa, meu coração se acalma e minha respiração volta ao ritmo normal. Só então Jungkook se pronuncia novamente:

— Você quer ir pra cama? - ele pergunta, ainda acariciando meus cabelos.

Balanço a cabeça positivamente. Eu estava cansada, mentalmente exausta mas simplesmente não conseguia dormir. Esperava que, depois de colocar para fora todo o choro ressentido, talvez pudesse ter paz.

— Certo. Consegue respirar melhor? - ele afasta meu rosto milimetricamente de seu peito para que pudesse olhar para mim.

Seus olhos fitava-me os meus como se nunca fossem me abandonar novamente. Mas eu os desvio dos seus, já que ainda doía de certo modo pensar em nós dois.

— Sim.. obrigada, já estou melhor. - respondo fraco e tomo consciência que nossos corpos ainda estava grudados um ao outro, então tomo a decisão de me afastar.

— Tem certeza? - ele se aproxima.

— Sim, já pode ir embora. Não estou morrendo, não precisa me olhar como se eu o fosse. — começo a andar pelo corredor, após dizer sem conseguir olhar em seus olhos.

Por fora, eu acabava soando friamente para compensar o quão quentinho e amolecido meu coração havia ficado por dentro. Apenas por ser amparada por ele, sério Yerin?

— Eu sei, você é forte. Vá se deitar então, eu vou pegar uma água para você e depois vou embora, tá? - ele espera minha resposta antes de se mover por qualquer direção.

Penso durante alguns segundos se deveria permití-lo ou não. Acabo concordando com a cabeça, eu não queria ser ingrata também. Ele logo sairia daqui, certo?

— Tá. - respondo.

Termino de fazer meu caminho até o quarto e deito-me na cama. O lençol fino não me fazia suar mas ajudava a me sentir protegida quando Taehyung não dormia aqui. Enrolo-me ao fino pano e viro-me na posição mais confortável.

Não tinha certeza se Jeon acharia copos ou água, ou até mesmo a cozinha e meu quarto já que ele nunca estivera aqui. O único lugar que ele estivera mais cedo era a sala.

Parando para pensar, ele chegou aqui muito rápido. E como adivinhara que eu não conseguia dormir?

Não consigo chegar à conclusão para essas perguntas antes de Jeon entrar no quarto, trazendo consigo um copo de água. Automaticamente sento-me na cama e ele entrega-me o que havia proposto.

A água desce e alivia a secura da minha boca, eu realmente precisava daquilo. Ao me ver terminar, Jungkook estende sua mão para pegar o copo de volta e eu lhe entrego.

— Precisa de mais alguma coisa? - ele diz após mais alguns segundos em silêncio.

— Não. - respondo automaticamente.

— Então eu vou indo. Se precisar de qualquer coisa.. - ele faz seu caminho até a porta do quarto mas antes que ele passasse por ela eu repenso minha resposta.

— Na verdade, eu queria te perguntar uma coisa. - deixo-me levar pela curiosidade e eu sabia que poderia me arrepender dessa decisão, mas sigo em frente.

Ele, que já estava pronto para sair, dá meia volta e pousa o copo em cima da mesinha de cabeceira e senta-se no colchão.

— O que quiser saber.. - ele encoraja.

— Onde tá passando a noite? Você chegou rápido aqui quando eu contei sobre minha crise. - deito-me no colchão novamente, deixando minha cabeça cair lateralmente no travesseiro enquanto eu lhe fitava.

— No meu carro. Estacionei na frente do seu apartamento. - ele foca seus olhos nos meus também e eu levanto minhas sobrancelhas, inevitavelmente surpresa.

— Planejava dormir no carro? Não arrumou um apê? - por que meu coração estava apertado? Eu já estava amolecendo, de certo.

— Não tive tempo. Num mundo ideal, você me escutaria e eu pediria para passar a noite aqui, esse era o plano inicial... - ele ri anasalado, em seguida negando com a cabeça - Eu não preguei os olhos, para falar a verdade. Não consegui.

— Então ficou observando meu status de offline para online no kakao? - respiro fundo, desviando meus olhos dos dele.

— O que mais eu poderia fazer? - ele ri mais uma vez, daquele mesmo modo sem jeito como eu bem me lembrava.

— Virou um stalker, foi Jeon? - caçoo, pois aquilo realmente não fazia o estilo dele.

Ele me observava atentamente enquanto eu ria e eu percebia pelo canto do olho que sorria ao me ver. Por que ele tinha que ser tão adorável?

— Mais uma pergunta. - anuncio.

— Vá em frente. - ele permite no mesmo segundo.

— Você usa ou só planta? - eu sei que era idiota, mas aquilo pairava na minha mente também, não sabia o quão envolvido ele estava.

— Maconha? - ele coloca seu rosto na direção do meu para que eu fosse obrigada à olhá-lo - Yerin, eu não sou o Sehun. Ainda me lembro daquela vez, mocinha.

— Nem me lembre daquilo! - meu rosto queima e eu rio com a memória da vergonha que passei, enquanto faço o sinal da cruz sobre o peito e ele gargalha.

— O que pensa que eu sou? Um viciado? Quando eu entrei, eu plantava e fazia a colheita para o dono da terra junto com outros jovens. Mas vai ver ele percebeu que eu servia melhor como segurança. - ri-se todo.

— Matava toda a safra da erva preciosa? - rio, pois realmente nunca havia me passado pela cabeça um Jungkook jardineiro.

— Pois é, acho que lidar com plantas é única coisa que eu não sou bom, eu era lento demais. Mas eu protegia bem a fazenda e depois subi para escolta pessoal do dono do negócio mesmo. - ele explica e seu olhar estava perdido em outras memórias.

— E como saiu? Foi difícil? - questiono mais uma vez e agradeço mentalmente por ele estar de acordo em me responder, tornava as coisas mais fáceis.

— Tomei um tiro pelo dono. - ele diz como se fosse a coisa mais normal do mundo e eu sento-me abruptamente na cama, assustada.

Jeon percebe a surpresa no meu rosto, enquanto eu tapava a boca com a minha mão. Ele então livra-se da blusa preta e, antes que eu pudesse reclamar ou corar, aponta para uma cicatriz que parecia recente abaixo de sua clavícula.

Por impulso, aproximo-me mais para ver melhor e toco a região em volta do sinal de uma bala retirada. Ele não se mexe e permite que eu faça como quiser.

Haviam mais cicatrizes em seu tronco do que eu me lembrava. Eu havia decorado todos os detalhes daquele homem e com certeza ele não possuía tantos sinais quanto agora, nem aquela tatuagem na costela.

Jungkook também havia passado por muito, muito mais do que eu. Imagino o quão difícil fora o caminho até aqui e ainda assim ele não havia quebrado. Estava inteiro e havia voltado para mim.

— Você é louco. - concluo negando com a cabeça e ele ri.