lust for life

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stylessweetcreature

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Resumo: Aquela em que Louis e Harry estão tendo um bebê.
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24 de dezembro de 2018

O segundo trimestre está acabando. Logo, os últimos meses da gestação se iniciam e, com eles, o desespero por serem os últimos meses.

Harry tem andado um pouco mais cansado, seus pés estão inchados e costas doloridas, mas ele sabe que isso é apenas por sua barriga estar ficando maior e mais pesada. Ele também não tem sido tão atento em suas aulas como antes, mas sempre teve notas boas, tão boas que algumas aulas sem sua atenção agora não fariam diferença no final de tudo.

Louis tem andado cada vez mais cansado também. Além de seu usual trabalho na loja de discos, ele está pegando um turno na cafeteria ao lado. Tomlinson sabe que tem trabalhado bastante, mas quer ter certeza que tem dinheiro o suficiente para comprar uma nova casa para ele, o namorado e o bebê e também dar conforto para a criança que em breve chegaria. E, claro, para comprar uma aliança para o cacheado também. Estava planejando o pedido de casamento há meses e, se tudo corresse bem, amanhã eles passariam seu primeiro natal juntos como noivos.

Talvez parecesse um pouco cedo para se noivar considerando que Harry tem dezessete anos e eles namoram há apenas um ano e cinco meses, mas Louis sente que é o momento certo para isso. Além do mais, eles se conhecem e se amam desde que o de olhos verdes completou quatro anos.

Ele e Felicité se conheceram na escolinha em que estudavam e se deram tão bem que em pouco tempo o menino mais novo já praticamente vivia na casa da amiga. Louis adorava brincar e cuidar dos dois, a cada ano que se passava se tornando cada vez mais próximo de Harry, cada vez mais apaixonado. Eles se beijaram apenas quando o cacheado completou quinze anos, no entanto. E, Deus, não poderia ter sido uma confusão maior. O mais velho se sentiu extremamente culpado e errado porque, bom, ele já tinha seus vinte um anos enquanto Harry ainda era um bebê no meio de sua adolescência, então a partir daí eles se afastaram um pouco.

Mas, o fato é, ambos estavam acostumados a terem um ao outro, então em menos de duas semanas eles já estavam se reaproximando e se beijando mais uma vez. Eles continuaram com aquilo por mais algum tempo, se beijando quando tinham vontade, até que finalmente resolveram oficializar a relação. Tudo aconteceu no dia vinte e oito de julho de dois mil e dezessete e Harry se lembrava de tudo com todos os detalhes possíveis.

"Boa noite, senhores." Louis, que estava mergulhado em seus pensamentos, pareceu acordar ao ouvir a voz e o sotaque carregado do garçom. "Já decidiram o que vão pedir?"

"Eu gostaria de um suco de laranja, por favor. E você, H?" sorriu fraco e olhou para o namorado, esperando uma resposta. Eles estavam num restaurante francês no centro da cidade caro demais para irem em qualquer outro dia, mas aquele era um dia especial, Louis estava fazendo vinte e três anos e Harry seria pedido em casamento, então tudo valia a pena naquele momento.

"Eu quero um suco de maracujá, por favor." fechou o cardápio que estava em suas mãos, o entregando para o homem.

"E para comer? Posso sugerir algo?" sorriu de forma amigável, esperando uma confirmação vinda do casal antes de continuar falando. "Um prato bastante típico na região de Paris é o Tartare de Boeuf. É carne bovina crua com cebola, salsinha, pimenta do reino, sal, ovos e azeite. Vem acompanhado de batatas fritas e salada também." Harry sentiu sua boca salivar com a descrição do prato, seus olhos brilhando ao olhar para Louis.

"Nós vamos ficar com a sua sugestão." sorriu também, vendo o garçom se afastar, logo sentindo sua mão ser pega por Harry sobre a mesa. A outra mão ele levou até a calça, tateando seu bolso, conferindo se a caixinha de veludo vermelho ainda estava ali.

Eles permaneceram conversando calma e amorosamente por mais um tempo, Harry sentindo o bebê chutar sua barriga, animado a cada vez que ouvia a voz de Louis. O cacheado estava rindo de algo idiota que o namorado havia falado, sua cabeça jogada para trás, uma mão sobre sua boca, quase tampando as covinhas fundas de sua bochecha, e outra sobre a barriga. Ele parecia tão feliz e tão bonito que Louis sentia seu coração se aquecer.

Seus cachos estavam grandes e quase chegando em seus ombros, sua pele estava mais macia e brilhante e Louis não achava que seria possível se apaixonar mais ainda pelo garoto, mas mudou de ideia assim que o viu naquela noite. Harry usava uma calça preta não muito justa e uma camisa branca sobreposta por um blazer preto, dando a ele um ar tão adulto que Louis sentia seu coração se apertar ao ver que seu pequeno bebê estava crescendo. Ele suspirou e encarou os olhos verdes, sabendo que aquele era o momento certo.

"Onde você vai?" Harry perguntou quando ele se levantou, confuso por Louis estar saindo sem falar com ele.

"Lugar nenhum, só quero ficar pertinho de você e do nosso bebê." sorriu fraco e se ajoelhou na frente dele, tirando sua caixinha do bolso, mas não deixando que Harry a visse.

"Lou, o que você está fazendo?" pressionou seus lábios gordinhos um no outro, algo que sempre fazia quando se sentia confuso.

"Eu tenho algumas coisas pra falar para você, bebê." suspirou, sorrindo como o bobo apaixonado por Harry que ele era. "Quando eu te conheci, muitos anos atrás, nunca pensei que um dia chegaríamos nesse nível. Você foi crescendo e se tornando um homem tão lindo, carinhoso, incrível e maravilhoso... Tão diferente de mim, que sempre fui um tanto barulhento e desorganizado. Eu sabia que iria me apaixonar por você no momento em que coloquei meus olhos em ti pela primeira vez, com seus cachinhos grandes e sorriso bonito, mas nunca pensei que você pudesse retribuir isso também."

"Louis..." Harry tinha seus olhos marejados, já entendendo onde Louis estava querendo chegar.

"Te ver assim hoje, namorando e dividindo a casa da minha mãe comigo e carregando o nosso bebê, me faz perceber que você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Eu amo você e cada partezinha do seu ser, cada uma dessas coisinhas que formam você. Então, eu gostaria de saber, amor, quer se casar comigo?"

"Boo..." ele já estava derramando inúmeras lágrimas, encarando agora a caixinha que Louis já havia aberto. Ele sempre fora bastante sensível e, agora, com a gravidez, ele sentia que isso havia se aflorado. "Sim, claro que sim." puxou o -agora- noivo para um abraço, tomando cuidado para não derrubar as alianças no chão. "Eu amo você."

"Eu também amo você, príncipe." sorriu e se afastou, apenas o suficiente para colocar a aliança no dedo gordinho do futuro marido.

"Nós vamos ficar juntos para sempre, não é? Até quando estivermos velhinhos." olhou esperançoso para o mais velho.

"Yeah, ficaremos juntos para todo o sempre, bebê."

•••

"Eu estou com sono." Harry murmura assim que entra no carro, passando as mãos sobre sua calça e blazer, tirando os resquícios de água que estavam ali graças a chuva que caía.

"Você pode dormir, amor." colocou sua mão sobre o joelho do cacheado, deixando um leve aperto ali, logo depois colocando seu cinto de segurança, vendo o noivo fazer o mesmo. "Eu te carrego para a cama quando chegarmos em casa."

"Eu estou pesado, Boo, não precisa se forçar assim." murmurou, a fala já meio embolada por conta do sono. "Você pode me acordar quando chegarmos, okay?" fez um biquinho e fechou seus olhos verdes, pronto para dormir.

"Eu vou te carregar, H." soltou uma risadinha fraca, balançando a cabeça de um lado para o outro, ligando o carro e o tirando do estacionamento do restaurante. "Eu posso ligar o rádio, por favor? Apenas se não for te atrapalhar."

"Pode ligar." sorriu, os olhos ainda fechados, levando suas mãos até a barriga. "Nosso bebê já precisa começar a ouvir boas músicas antes mesmo de nascer."

"Nós deveríamos mostrar suas músicas para ele, então." sorriu e desviou sua mão para o rádio, o ligando e colocando para tocar as músicas de seu pendrive. "Boa noite, príncipe. Eu amo você." sorriu mais um pouco, começando a batucar seus dedos no volante enquanto murmurava a canção baixinho.

Ele não obteve uma resposta, mas sabia que Harry estava cansado demais e precisava dormir um pouco, então não se importou muito com isso. Ele poderia respondê-lo depois. Louis o entende, sabe que não é fácil carregar um bebê, ainda mais quando ele estava no auge de seus dezessete anos, estudando e trabalhando durante todo o dia. Harry tinha o apoio do noivo, claro que tinha, mas ainda assim era difícil lidar com algumas coisas específicas.

Jay, depois de Louis, era a pessoa que mais estava o apoiando e ajudando-o com tudo isso. Desde pequeno, ele sempre a viu como um exemplo e sempre teve um amor grande por ela. Quando sua mãe morreu, aos seus doze anos de idade, ela realmente passou a ser sua figura materna. Johannah também foi muito receptiva em dar a ele um lugar para morar quando seu pai o expulsou de casa, cerca de cinco meses atrás, quando descobriu que estava grávido. Então, sim, ele seria eternamente grato a ela.

Louis suspirou e diminuiu um pouco a velocidade ao entrar numa avenida bastante movimentada. Estava escuro, a pista escorregadia e ainda chovendo, então mantinha mais cuidado ao dirigir, não querendo que algo de ruim acontecesse com seus dois bebês que estavam ali com ele.

Um carro com farol alto apareceu no campo de visão do Tomlinson, vindo na direção contrária, e ele apertou seus olhos, tentando enxergar alguma coisa. Ele se desesperou um pouco e acabou soltando um grito assustado quando o carro veio em sua direção, o que acabou acordando Harry, virando o volante de forma brusca, tentando fugir do eminente acidente.

A pista estava escorregadia e molhada, fazendo o carro derrapar e andar desgovernado. Louis tentava de todo jeito fazê-lo voltar para a pista enquanto o noivo gritava e segurava sua barriga com força, tentando a proteger.

"Não, por favor! Não! Não! Não!" o cacheado repetia desesperado. Com as manobras de Louis e a chuva não ajudando muito, o veículo começou a capotar, rodando violentamente pela estrada, parando apenas quando atingiu outro carro mais a frente.

Louis estava apagado sobre o volante, sangue escorrendo pelos inúmeros cortes em seu rosto. Muitos machucados estavam espalhados pelo seu corpo, diferente de Harry, que tinha apenas alguns pequenos cortes causados pelo estilhaços do vidro do carro. Ele estava chorando e pedindo a Deus que Louis não morresse.

"Não me deixe, Lou." praticamente implorou, soluçando um pouco, esticando sua mão para tocar a do mais velho. "Por favor..."

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25 de dezembro de 2018

"Senhor, você sabe onde está?" foi a primeira coisa que Louis ouviu quando acordou, piscando os olhos desconfortavelmente, tentando se acostumar com a luz repentina que os atingiu. Seus olhos azuis vagaram pelo local, procurando por algo que lhe desse uma pista.

"Hospital?" sua voz saiu fraca, a garganta doendo, assim como todo seu corpo, fazendo com que ele tivesse que forçar muito para conseguir falar. "O que aconteceu? Onde está Harry?"

"Isso mesmo, você está no St Thomas' Hospital, eu sou a Dr. Johnson e estou cuidando de você agora. Pode me dizer qual seu nome e quantos anos tem?" sua voz estava tão tranquila e confiante que Louis não se importou tanto em ter que fazer esforço para respondê-la.

"Louis Tomlinson, vinte e três." suspirou, olhando para os lados, procurando por Harry.

"Certo. E você sabe o que aconteceu? Se lembra de alguma coisa?" ela perguntou, não se abalando quando o garoto negou. "Tudo bem, isso não é grave. O seu cérebro deve ter apagado essa informação por ser algo traumático, não necessariamente significa que está com algum dano, talvez essa memória volte com o tempo. Você sofreu um acidente grave de carro e foi trazido para cá."

"O meu noivo Harry estava no carro comigo, onde ele está? Está tudo bem com o nosso bebê?" perguntou, visualmente preocupado.

"Ele foi direcionado para um outro grupo de médicos, assim que tiver alguma informação sobre ele, irei dá-la a você, okay?" Louis suspirou e apenas concordou. "Você vai passar por uma tomografia agora para verificar se não houve algum dano em seu cérebro, já que bateu a cabeça contra o volante. Não vai doer, você apenas precisa ficar quietinho enquanto a máquina faz todo o trabalho. Se você se mexer, irá atrapalhar o exame, então permaneça o mais parado que conseguir." deu um sorriso fraco em sua direção e se afastou, deixando-o sozinho naquela sala.

Louis suspirou e piscou pesadamente, sentindo um aperto tão grande em seu peito que por um momento ele pensou que estaria tendo um infarto. Ele havia submetido Harry e o bebê deles a um acidente e agora não tinha nenhuma informação sobre eles, o que o deixava realmente apreensivo. Algumas lágrimas escorriam por seu rosto, mesmo que ele tentasse as conter, não querendo se mexer muito para não atrapalhar o resultado do exame.

"Prontinho, já acabou." ele ouviu a voz meiga da médica após cerca de dez minutos e sorriu minimamente, ter aquela maca se movendo para frente e para trás estava começando a lhe dar vertigem. Louis se perguntava se a médica era carinhosa dessa forma com todos os pacientes ou estava sendo assim especialmente consigo por poder perceber o quão desesperado ele estava. "Por que você está chorando? Dói em algum lugar?" ela logo perguntou, preocupada com o garoto, já tirando o estetoscópio que estava em volta de seu pescoço e o colocando em seu peito, querendo ouvir o coração do jovem.

"Minha perna dói bastante." confessou, retorcendo um pouco o rosto com dor.

"Você a fraturou durante o acidente, então eu vou te dar um remédio para aliviar um pouco a dor. Antes de você acordar nós fizemos um raio-x e ele foi enviado para uma das nossas médicas da ortopedia para ver se você não precisa de uma cirurgia, então em breve nós teremos uma resposta. E o neurologista já está vindo para verificar o resultado da sua tomografia.."

Louis concordou e a médica se afastou novamente, logo voltando com alguns enfermeiros que a ajudariam a colocá-lo sobre a cama.

•••

Já era hora do almoço quando a mãe de Louis chegou para visitá-lo. Ela estava com olheiras fundas abaixo dos olhos e rosto cansado, parecendo que não havia dormido um minuto sequer durante a noite. Apesar de tudo, Johannah estava feliz por ver que o filho já estava bem e em um quarto. Sua perna já estava engessada, uma vez que ele não precisou de operar, e não houve nenhum dano sério em sua cabeça, então ele já teria alta no dia seguinte, passaria a noite ali apenas para ficar em observação.

"Eu estava tão preocupada com vocês, Boo..." ela confessou, se sentando na beirada da cama. "Eu e Harry estávamos planejando uma pequena festa surpresa para você ontem, então ele me ligou quando estavam saindo do restaurante para que eu pudesse terminar de preparar tudo. O tempo passava e nada de vocês chegarem, era agoniante ficar lá esperando por algo. Foi horrível receber uma ligação do hospital, mas foi um pouco tranquilizante de saber que vocês estavam sendo cuidados."

"Mamãe, eu juro que estava prestando atenção na estrada. Harry estava dormindo e eu estava bem focado, mas, de repente, veio um carro em nossa direção. Eu tentei desviar e isso acabou fazendo com que o carro capotasse."

"Eu conversei com alguns médicos que estavam atendendo quando vocês chegaram. Eles disseram que o motorista também se machucou e foi encaminhado ao hospital. Ele estava embriagado e dormiu enquanto dirigia, por isso o carro veio para cima de vocês." explicou, sabendo de todas essas informações por também trabalhar no hospital e ter amizade com os médicos.

"Nós batemos em um carro, não foi? Alguém se machucou?" perguntou, sua voz demonstrando preocupação.

"Um dos passageiros está em cirurgia por ter fraturado alguns ossos, mas o outro está bem, não teve nada." Louis balançou a cabeça positivamente, absorvendo toda aquela informação.

"E Harry, você sabe alguma coisa sobre ele? A médica que estava cuidando de mim disse que me traria informações, mas até agora eu não tive nada."

A mulher ficou um tempo em silêncio, tocando a mão do filho e a acariciando, como se estivesse ponderando contar a ele o que aconteceu ou não. Naquele momento, Louis começou a sentir um pouco de medo, sabendo que alguma coisa estava errada com seu noivo.

"Mãe, o que houve com ele? Harry está bem?" perguntou mais uma vez, tentando se sentar na cama.

"Quando Harry chegou aqui ele parecia bem, estava consciente e falando, chamando por você. Ele estava apenas com um pouco de dificuldade para falar e com alguns sangramentos no nariz."

"Ele chegou consciente, isso é bom, não é?"

"Os médicos suspeitaram que ele pudesse ter tido um traumatismo cranioencefálico, então o levaram para fazer alguns exames." ela continuou explicando, ignorando os questionamentos de Louis. "Ele perdeu a consciência durante a ressonância magnética e quando saiu o resultado, foi confirmado o traumatismo, então ele foi encaminhado para uma cirurgia."

"Eu não entendo." franziu o cenho, se sentindo confuso. "Eu também tive traumatismo craniano e estou bem."

"Apesar de você ter batido a cabeça no volante, Lou, você teve um traumatismo leve, que requer apenas medicação para dor e circulação. Já ele sofreu um traumatismo mais grave, o que precisou de cirurgia e vai necessitar de internação também." continuou a acariciar a mão do filho, tentando não o deixar muito nervoso. Ela estava assustada com tudo aquilo, obviamente, mas trabalhava com os médicos que estavam cuidando de seu genro e confiava na capacidade deles.

"E o bebê? Ele está bem?" Johannah suspirou pesadamente mais uma vez e abaixou o olhar, sentindo Louis apertar sua mão ao mesmo tempo que ela sentia seu coração apertar por ter que contar aquilo para ele.

"O bebê não pode ser retirado de Harry porque ainda é bem pequeno e não está todo desenvolvido. Se optassem pelo parto agora, provavelmente ele não sobreviveria." explicou, ainda olhando para baixo, sentindo o aperto em sua mão ficar mais forte. "O Hazz agora é a prioridade para os médicos, apenas quando ele estiver bem eles vão preocupar com o bebê."

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26 de dezembro de 2018

"Lottie." Daisy murmurou, abrindo um pouco a porta do quarto da mais velha. Era madrugada, por volta de duas da manhã, e ela deveria estar dormindo, mas não conseguia relaxar de jeito nenhum.

"O que houve, amor?" perguntou preocupada, se sentando sobre a cama enquanto deixava o telefone no criado mudo, encarando a irmã apoiada no batente de sua porta.

"Eu não consigo dormir." resmungou e foi andando até a cama da irmã mais velha, se deitando com cuidado sobre o corpo dele.

"Você já está ficando grande demais pra deitar no meu colo assim, Dai." soltou uma risada fraca, começando a acariciar os cabelos lisos e longos da garota.

"Louis diz que eu nunca vou ficar grande demais para deitar no colo dele." ela zombou, dando de ombros enquanto sorria. "Eu sinto falta dele e de Harry." suspirou, fazendo um bico, e Charlotte sentiu seu coração apertar um pouquinho. "Tudo fica silencioso demais sem os dois aqui, é estranho não ouvir a voz de Harry cantando e o Louis o elogiando o tempo todo."

"Eles vão voltar em breve, florzinha, não se preocupe. Louis vai receber alta por volta da hora do almoço, então amanhã mesmo ele já estará em casa." beijou a bochecha da mais nova, ainda fazendo cafuné em seus cabelos. "Harry ficará mais alguns dias no hospital, mas logo logo estará aqui também, okay?"

"Okay..." concordou, abraçando o corpo da irmã mais velha com um pouquinho mais de força. "Eu estou com saudade da voz do Hazz, eu não consigo dormir sem ele cantar pra mim."

"Você quer assistir os vídeos dele?" viu a garota acenar positivamente, deixando-a deitada sobre a cama enquanto caminhava até sua escrivaninha do outro lado do quarto, pegando o computador. "Eu vou deixar você dormir aqui comigo hoje, uh? Mas amanhã você vai voltar para o seu quarto e dormir com a Phoebe."

"Tudo bem..." ela concordou contrariada, se aconchegando no corpo de Lottie quando ela voltou a se deitar. "Qual você colocou?"

"She will be loved." respondeu simples e apagou a luz do abajur, abraçando o corpo de Daisy e fechando os olhos. "Boa noite, florzinha."

"Boa noite, Lottie."

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28 de dezembro de 2018

"Oi, amor." Louis sorriu fraco ao entrar no quarto, se aproximando com um pouco de dificuldade da cama onde o noivo estava deitado. Ele havia tido alta há dois dias e estava se sentindo melhor, o único problema era sua perna, que atrapalhava um pouco na hora de andar, já que estava usando gesso. "Eu trouxe flores para você." Se sentou na beiradinha da cama e apoiou as muletas na cadeira que estava ao lado. "Girassóis, na verdade. Eu sei que você os ama." sorriu fraco, sabendo que não teria uma resposta.

Era estranho ver Harry daquela forma, entubado e ligado a máquinas que registravam seus batimentos cardíacos. Haviam se passado apenas quatro dias desde o acidente, mas já estava sentindo falta da voz do noivo, de seu sorriso e seus lindos e brilhantes olhos verdes.

"Eu espero que você acorde em breve, querido." suspirou, levando sua mão até o rosto de Harry, começando a acariciá-los. "É tão ruim não tê-lo aqui, H. Não ouvir sua risada ou ver as suas covinhas quando você sorri é horrível."

Transferiu sua mão para a barriga grandinha do cacheado, sentindo o bebê chutar assim que encostou nela. Ele sorriu e sentiu seu coração se aquecer um pouquinho. Em meio a toda aquela confusão e coisas ruins, o filho deles ainda o dava esperança de continuar firme e forte para seguir sua vida.

"Eu e papai Harry mal podemos esperar para seu nascimento, meu amor." se abaixou e deixou um beijinho ali, sorrindo fraco. Como resposta, ele obteve mais um chute, podendo ver o formato do pezinho do bebê marcar a barriga do noivo.

"Me desculpe incomodar..." ouviu uma voz baixa e carinhosa dizer após um tempo, se virando para a porta para ver quem era. "Eu sou a neurologista responsável por cuidar de Harry. Eu preciso levá-lo para um encefalograma agora, apenas para verificar a atividade cerebral."

"Ele ainda vai demorar muito para acordar?" pegou suas muletas e se levantou da cama, pronto para deixar o noivo ir para seu exame.

"Isso pode variar um pouco, já que o coma não tem um tempo certo para durar. Harry pode acordar amanhã, daqui uma semana ou um mês."

"Ele também pode nunca mais acordar, não é?" mordeu seu lábio inferior, um pouco apreensivo pela resposta que teria.

"É uma possibilidade também. Se não houver atividade no exame que iremos realizar agora, significa que ele teve uma morte cerebral. O coração e todos os outros órgãos continuam funcionando, já que ele está ligado às máquinas, mas ele nunca mais vai acordar."

"Okay..." suspirou, piscando os olhos demoradamente. "E nosso bebê? Não é perigoso deixá-lo dentro de Harry?"

"Na verdade não. O corpo de Harry ainda está funcionando perfeitamente, mesmo durante o coma, então podemos continuar a gravidez sem problemas. Inclusive, isso é comum de acontecer quando grávidas e grávidos entram em coma." explicou, sorrindo um pouco para o jovem. "O bebê de vocês ainda está bem pequeno também, fazer o parto agora seria um pouco arriscado para a vida dele."

"Tudo bem, muito obrigado." balançou a cabeça, concordando, se preparando para sair do quarto. "Papai já está indo, amor." falou com a barriga de Harry, acariciando-a. "Amanhã eu volto, tudo bem? Amo vocês dois." deixou um beijo ali e outro na testa no noivo.

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25 de janeiro de 2019

"Oi, bebezinho, como você está?" Louis acariciou a barriga grandinha de Harry, sentindo alguns chutes fortes atingirem sua palma, como se o bebê deles reclamasse de algo. "Eu sei que eu demorei, amor, me desculpe. Tem sido difícil pro papai ter algum tempo livre." suspirou, sendo completamente verdadeiro.

Antes toda sua vida já era corrida, agora, sem Harry, as coisas têm se tornado mais difíceis ainda. Ele acabou tendo que trancar a faculdade de arquitetura e concentrar seu dia em dois trabalhos diferentes de meio período, fazendo mais alguns serviços extras no fim de semana para conseguir ter uma renda suficiente para se sustentar e pagar os tratamentos do noivo. "Eu trouxe o violão de seu papai Harry, vou tocar um pouquinho pra vocês. O obstetra disse que você já consegue nos ouvir, então seria bom se eu conversasse mais contigo ou até mesmo cantasse alguma coisa. Eu não sou tão bom nisso, essa é a especialidade do seu outro pai, mas eu posso tentar por vocês."

Sorriu mais um pouco e se afastou levemente da barriga, se inclinando sobre a cama para beijar a bochecha de seu noivo. Acariciou os cachinhos dele e notou o quão grande estavam, sabendo que Harry estaria completamente feliz pelo tamanho que eles atingiram. Ele sempre quis ter o cabelo longo, mas nunca tinha tido coragem o suficiente para deixá-lo crescer, mesmo que Louis o incentivasse sempre.

Levou sua mão até a do mais novo e sorriu ao ver as unhas dele ainda pintadinhas de rosa, quase intactas, mesmo que Tomlinson tivesse as pintado há quase três semanas. Harry era apaixonado por esmaltes, tinha uma maleta cheia de vidrinhos de todas as cores em casa, e sempre estava pintando suas unhas, então Louis julgou ser necessário continuar com essa tradição.

Balançou sua cabeça de leve, afastando todos os pensamentos, e caminhou até a poltrona onde o violão estava apoiado. Sentou-se ali logo em seguida e tomou o instrumento em mãos, começando a afiná-lo, pigarreando um pouco antes de começar a cantar.

"Climb up the H / Of the Hollywood sign, yeah / In these stolen moments / The world is mine/ There's nobody here / Just us together / Keepin' me hot / Like July forever" começou a cantar uma música que havia composto umas duas semanas atrás. Ele não era tão bom na hora de cantar, mas era bom com palavras e tinha plena consciência disso, tanto que ficou muito indeciso sobre qual carreira seguir antes de finalmente escolher arquitetura.

[Subo no H / Do letreiro de Hollywood, sim / Nestes momentos roubados / O mundo é meu  / Não há ninguém aqui / Apenas nós, juntos // Me mantendo aquecida / Como se fosse julho para sempre]

"Cause we're the masters of our own fate / We're the captains of our own souls / There's no way for us to come away / 'Cause boy, we're gold, boy, we're gold / And I was like" continuou, levemente balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto seus dedos vagavam pelo braço do violão, deixando a melodia calma tomar conta do quarto. "Take off, take off / Take off all your clothes / Take off, take off / Take off all your clothes / Take off, take off / Take off all of your clothes"

[Porque nós somos os donos do nosso próprio destino / Somos os capitães de nossas almas / Não há como fugir disso / Porque garoto, nós somos de ouro, garoto, somos de ouro / E eu falava]

[Tire, tire / Tire todas as suas roupas / Tire, tire / Tire todas as suas roupas / Tire, tire / Tire todas as suas roupas]

"They say only the good die young / That just ain't right / 'Cause we're having too much fun / Too much fun tonight, yeah" respirou fundo, tentando controlar seus sentimentos e continuar a cantar. Um de seus incentivos foi seu bebê, que chutava tão animado dentro de Harry que a marca de seu pezinho era facilmente vista. Aquilo poderia significar duas coisas: primeiro, ele estava gostando tanto que queria mostrar, com todos aqueles movimentos, que desejava continuar ouvindo o pai cantar. Ou segundo, estava tão terrível que tudo que ele mais queria era sair da barriga de Harry e chutar a cara do mais velho por ainda estar cantando. De qualquer forma, Louis preferiu pensar que era a primeira opção, então continuou com a música. "And a lust for life (and a lust for life) / And a lust for life (and a lust for life) / Keeps us alive (keeps us alive) / Keeps us alive (keeps us alive)"

[Eles dizem que somente os bons morrem jovens / Isso não está certo / Porque estamos nos divertindo tanto / Nos divertindo tanto essa noite, sim]

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