Capítulo Três

125 32 9
                                    

— Então é você que está na outra ponta da linha?

Pensa num cu trancado. Pensou no meu.

Juro para vocês que a respiração parou pouquinho, o cérebro deu um delay, o coração falhou uma batida, o cu trancou. Mas aí que vem a revelação: eu estava assim porque a voz dele era — ainda é — maravilhosa.

— Sim. Kim Taehyung, prazer. — Estendi a mão. Como já disse algumas, várias, vezes, eu estou ficando louco, se já não estou.

Ele olhou para a minha mão e fez uma cara de “hahahahaha, não” e eu, para não passar vergonha — não que tivesse um meio de me fazer parar de passar vergonha —, bati com a minha outra não no meu pulso e disse: Ben 10!

Acho que não causei uma boa impressão.

— Ah, ok… — Certeza que ele estava decepcionado comigo. O que posso fazer?  Eu causo isso nas pessoas. — Vá embora, agora.

Vocês acreditam que ele teve a audácia de fechar a porta na minha cara? Puta falta de educação. Aí depois reclamam que essa geração é mal educada, mas na verdade os mais velhos que passaram essa falta de modos para nós. Uma prova viva disso é o vampirinho gato, que deve ser, no mínimo, uns cinquenta anos mais velho que eu — já que transformações foram proibidas na metade do século passado.

A única coisa que eu podia fazer era voltar pra casa. Pelo menos eu sabia onde essa maldita linha ia dar.

[...]

 
Depois de passar um bom tempo dormindo — tempo suficiente para repor todo meu sono perdido na noite passada —, Seokjin chegou na minha casa junto com Namjoon e lógico que eu não pedi para ele trazer o lobinho.

— Então quer dizer que na outra ponta da linha tem um vampiro bonito? — Eu havia explicado toda a minha grande desenrolação de linha e o pequeno sentimento estranho que havia surgido em mim. Beleza, esse último eu não tinha sequer tocado no assunto.

— Quantas vezes eu vou ter que dizer que sim? Até o lobinho já disse que eu estou cheirando a sanguessuga! — Estava putasso. Essa devia ser a quinta vez que Seokjin fazia a mesma pergunta. Parecia que as pequenas engrenagens do seu cérebro haviam parado no meio do raciocínio e eu tinha a certeza que isso era culpa do Namjoon.

— Desculpa se isso não faz o mínimo sentido na minha cabeça!

Eu estava puto. Seokjin estava puto. Namjoon estava puto. Todo mundo estava puto.

— Gatinho, você não precisa entender nada, é só levar o Tae para a casa do sanguessuga e torcer para ele não morrer. — Namjoon, pela primeira vez na sua vida, não fez o papel de amigo-mais-novo-idiota e foi a voz da razão. Quero agradecer aos dois neurônios dele por funcionarem numa hora tão importante como essa, obrigada.

Ah, é, eu pedi para o Seokjin me deixar na casa do vampirinho bonito. Eu sei… eu sei… vocês devem estar achando que sou louco, mas nesse momento, a loucura já é um fato e não vou negar o que sou, né? Além de que eu sinto que preciso ir até lá; sinto que preciso rever ele, sinto isso no fundo do meu âmago. É como um dever, ou uma ordem. Simplesmente não controlo essa necessidade de revê-lo e todos sabem que a noite é o melhor horário para se conversar com um vampiro, pois eles sempre estão acordados.

— Ok, ok… eu te levo, só… não morra. — Procure um amigo melhor que Seokjin e falhe miseravelmente.

— Seu pedido é uma ordem!

Então as duas crianças — eu e o lobinho — foram correndo até o carro do mais velho só para ver quem sentaria na frente e, obviamente, foi eu que ganhei. Sim, eu tenho dezoito anos com uma mentalidade de três.

Loveburn (Taegi)Onde histórias criam vida. Descubra agora