— Então é você que está na outra ponta da linha?
Pensa num cu trancado. Pensou no meu.
Juro para vocês que a respiração parou pouquinho, o cérebro deu um delay, o coração falhou uma batida, o cu trancou. Mas aí que vem a revelação: eu estava assim porque a voz dele era — ainda é — maravilhosa.
— Sim. Kim Taehyung, prazer. — Estendi a mão. Como já disse algumas, várias, vezes, eu estou ficando louco, se já não estou.
Ele olhou para a minha mão e fez uma cara de “hahahahaha, não” e eu, para não passar vergonha — não que tivesse um meio de me fazer parar de passar vergonha —, bati com a minha outra não no meu pulso e disse: Ben 10!
Acho que não causei uma boa impressão.
— Ah, ok… — Certeza que ele estava decepcionado comigo. O que posso fazer? Eu causo isso nas pessoas. — Vá embora, agora.
Vocês acreditam que ele teve a audácia de fechar a porta na minha cara? Puta falta de educação. Aí depois reclamam que essa geração é mal educada, mas na verdade os mais velhos que passaram essa falta de modos para nós. Uma prova viva disso é o vampirinho gato, que deve ser, no mínimo, uns cinquenta anos mais velho que eu — já que transformações foram proibidas na metade do século passado.
A única coisa que eu podia fazer era voltar pra casa. Pelo menos eu sabia onde essa maldita linha ia dar.
[...]
Depois de passar um bom tempo dormindo — tempo suficiente para repor todo meu sono perdido na noite passada —, Seokjin chegou na minha casa junto com Namjoon e lógico que eu não pedi para ele trazer o lobinho.— Então quer dizer que na outra ponta da linha tem um vampiro bonito? — Eu havia explicado toda a minha grande desenrolação de linha e o pequeno sentimento estranho que havia surgido em mim. Beleza, esse último eu não tinha sequer tocado no assunto.
— Quantas vezes eu vou ter que dizer que sim? Até o lobinho já disse que eu estou cheirando a sanguessuga! — Estava putasso. Essa devia ser a quinta vez que Seokjin fazia a mesma pergunta. Parecia que as pequenas engrenagens do seu cérebro haviam parado no meio do raciocínio e eu tinha a certeza que isso era culpa do Namjoon.
— Desculpa se isso não faz o mínimo sentido na minha cabeça!
Eu estava puto. Seokjin estava puto. Namjoon estava puto. Todo mundo estava puto.
— Gatinho, você não precisa entender nada, é só levar o Tae para a casa do sanguessuga e torcer para ele não morrer. — Namjoon, pela primeira vez na sua vida, não fez o papel de amigo-mais-novo-idiota e foi a voz da razão. Quero agradecer aos dois neurônios dele por funcionarem numa hora tão importante como essa, obrigada.
Ah, é, eu pedi para o Seokjin me deixar na casa do vampirinho bonito. Eu sei… eu sei… vocês devem estar achando que sou louco, mas nesse momento, a loucura já é um fato e não vou negar o que sou, né? Além de que eu sinto que preciso ir até lá; sinto que preciso rever ele, sinto isso no fundo do meu âmago. É como um dever, ou uma ordem. Simplesmente não controlo essa necessidade de revê-lo e todos sabem que a noite é o melhor horário para se conversar com um vampiro, pois eles sempre estão acordados.
— Ok, ok… eu te levo, só… não morra. — Procure um amigo melhor que Seokjin e falhe miseravelmente.
— Seu pedido é uma ordem!
Então as duas crianças — eu e o lobinho — foram correndo até o carro do mais velho só para ver quem sentaria na frente e, obviamente, foi eu que ganhei. Sim, eu tenho dezoito anos com uma mentalidade de três.
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Loveburn (Taegi)
FanfictionNum mundo onde o sobrenatural é conhecido como normalidade, o amor vira uma lenda chamada Akai Ito. Todos a conheciam e Taehyung não era exceção. O humano só não esperava, após tantas brincadeiras relacionadas a lenda, acordar com uma pequena linha...