Beauty and The Beast || [ShowKi]

Capítulo 11 - Injustiças

Durante toda a madrugada, Son se remexia na cama, não era calor, falta de ar, menos ainda insonia. Ele não sabia bem o que era, só não conseguia sossegar, estava inquieto demais até mesmo para fechar os olhos, revirou-se na cama até o amanhecer. Foi a primeira noite em que dormiu longe de seu amado, talvez seja isso -pensou ele. Não aguentou mais um só segundo, logo que o dia clareou, Hyunwoo pulou de sua cama, vestiu suas roupas, escovou os dentes e partiu rumo ao quarto do Yoo. Sua mão alcançou a maçaneta, mas dessa vez, não conseguiu abrir, tentou por diversas vezes. Mal sabia ele, que suas tentativas eram esperadas.

Sentiu a movimentação atrás de sí e virou-se rapidamente, tendo em vista Ailee e seu "exército". Era óbvio que iria ter vingança pelo ato ousado de Hyunwoo, e isso era tão claro quanto o dia, na expressão facial da mulher, que mantinha seus braços cruzados e um sorriso vitorioso no rosto.

— Eu já disse, Besta: é do meu jeito que as coisas funcionam, quer você queira, quer não.

— Abra a porta, cadela. — Hyunwoo não tinha a intenção de se referir a ela como um animal, mas Amy Lee havia ido longe demais. Ultrapassou todos os limites e isso afetou a paciência e alto controle de Son

— Do que me chamou?

— Cadela! Abra essa porta!

— Quem você pensa que é para se dirigir a mim, Besta?

— Sou mais do que você nunca será. Abra essa maldita porta.

— Tranquem-no! — ordena.

As armaduras saem de trás dela, marchando em direção à ele, Hyunwoo se deixa levar quando seu consciente adormece, permitindo que sua furia assuma o momento. Novamente o uivo foi ouvido por todo o castelo, a Besta não teve dificuldades em jogar as armaduras pelos ares, a enorme dificuldade foi ser arrastado para o jardim, pela janela. Seria uma luta justa entre a Besta e um ogro.

O pobre do cabideiro correu para socorrer o amigo, mas era tarde demais, ele só podia rezar para que Hyunwoo saísse dessa luta, vivo. Ambos se atacaram, com direito a socos, chutes, trancos, pauladas e garras afiadas rasgando a pele de ambos. A Besta estava ferida, afinal, o ogro estava em vantagens segurando uma madeira cheia de pregos e a acertando em seu rival, covardemente, sempre que este caía. Fraco, caído e ensanguentado, a Besta não podia mais aguentar, sabia que tinha que lutar, mas suas forças foram sugadas em seu momento de dor, por mais que ainda quisesse lutar, não se tratava de querer, se tratava de não conseguir.

Deitou-se no chão e os raios solares iluminaram suas belas íris marron-clara, lembrou-se do Yoo sorrindo, lembrou-se de quando Son lhe dera uma rosa, durante o passeio pelas redondezas do castelo, o pequeno ficara feliz com o gesto nobre e sentimental. Hyunwoo se apaixonou pelo sorriso daquele pequeno…

Mas suas memórias retrocederam, se viu deitado em uma maca, dentro de uma tenda, parecia tendas que os médicos usavam para atender os feridos da guerra. Se viu chegando no castelo, viu seu melhor amigo, sorridente como sempre e… viu seu amor, serenamente adormecido. Sentiu o leve gosto de seus lábios macios, viu seus belos olhos, admirando-o, eles brilhavam na imensidão castanha que eram os olhos de Kihyun. Eles se apaixonaram, lembrou-se do sonho que tivera, que não foi um sonho, foram lembranças de antes de sua partida, onde ambos dançaram juntos, Hyunwoo havia se declarado para o menor e, após, a trágica partida de Son, para longe do seu amado. Lembrou-se de ver sua própria mãe beijando o inimigo de seu pai… sua mãe, à quem lutou para salvá-la até o último instante, mas não se pode salvar aquele que não quer ser salvo. Lembrou-se do que fez, ao descobrir que o inimigo de seu pai, havia roubado tudo o que era dele, e nada mais justo, do que ajudar pessoas carentes, havia aberto a maleta com euros e a jogou para quem quiser pegar. Lembrou-se de Minhyuk… lembrou-se até mesmo da sensação que sentiu, ao ter o feitiço enfraquecido sobre sí, escondeu-se próximo ao castelo, quando retornava para os braços de seu amado.

Lembrou-se de tudo.

O sorriso do Yoo, brilhava em sua mente, esse foi o único motivo para que a Besta se defendesse de ser morto, quando o ogro lhe daria um cheque-mate. Ele segurou a madeira e a arrancou das mãos de seu rival, ainda sangrando, ergueu-se do chão, e partiu ao meio, jogando-a no chão. Enraivecido, o ogro correu em sua direção, a Besta esperou, até que pudesse perfurar a pele do outro, com sua mão, e arrancar-lhe o coração. Não fez isso por raiva, não fez isso por vingança, maldade, crueldade ou por ser A Besta, fez isso por justiça. Ele sabia de toda a verdade, sabia quem estava por trás de toda a maldade, mas não buscaria a justiça agora, pelo menos não até se recuperar.

Son havia sido tratado como um monstro, não só por Ailee, como por todos, recebia visitas apenas de Hoseok. Seu único e fiél amigo que não o deixou mesmo quando estava transtornado e transformado, em momento algum havia lhe virado as costas, independente de ser como era, Jung Hoseok foi o único a ficar consigo, o único a ficar ao seu lado, o único que de fato, poderia confiar sua vida. Em momento algum, Hoseok deixou de cuidar de sí, levantou o animal peludo e quase morto, em seus braços de madeira, com tantas pessoas curiosas á sua volta, foi o único a carregar o corpo do molhar amigo para dentro, arrastando a metade de seu corpo pelo chão, por onde largava rastros de sangue. Hoseok poderia ter seu corpo feito apenas de madeira, o que era pior, é o pior não demorou a acontecer, o cabideiro perdeu dois de seus braços, antes que pudesse chegar até o elevador. Suas lágrimas escorreram por seus olhos, manchando sua cor. Ao ver o sacrifício do amigo, o outro cabideiro se prontificou a ajudar, teria feito antes, se não tivesse ficado preso na cozinha, quando todos correram para fora, para assistir a batalha. Namjoon e Hoseok carregaram Hyunwoo até o elevador e assim subiram com o corpo. Não era justo, não mesmo, Kihyun sempre lutou contra as injustiças, e justo em seu próprio castelo, haviam tantas injustiças bem abaixo dos olhos de cada um, que foi impossível deixar de se culpar por nunca terem feito nada. Mas sabiam que não podiam deixar se abater, precisavam ajudar Son, e ao menos dessa vez, agir pelo certo, por tudo o que Kihyun fez por sí, por tudo o que lhes foi ensinado. Estava na hora de agir por justiça.