Noite

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A noite me esperou
Qual uma dama enlutada de braços abertos e escuros
Beijou me a boca com a sede do desespero
Aconchegando-me em seu corpo febril e soturno
Teceu me asas etéreas para um céu de sonhos onde prometeu que viveria deslumbrado.
Uma porta,uma janela , cortinas de aço que se abriram, rasgaram para o indefinível.
A realidade está abatida
Não sei se lágrimas ou risos libertei
E no coração desguarnecido
Todo sentimento poderia invadir.
A noite pegou em minha mão
E sua cabeleira estrelada esvoaçava ao redor em uma insanidade de beleza.
Onde bebi o seu perfume açucarado
E encharquei-me ,fui encharcado pelos seus mistérios e nuances.
Estive louco,estive zonzo, tateando ao redor,querendo e não querendo
Que tudo acabasse.
A noite em sua dança ensandecida.
Tive o gosto de sua intensidade na boca
E o frescor de seu colo no rosto.
Meu desejo era que fosse eterna
Meu conflito era que partisse sem lembranças.
Sua despedida foi um riso doloroso
Um adeus que eu já esperava mas não acreditava, não queria.
Seu último toque antes da luz, um afago no rosto, um sangrar quente no coração.
Ainda assim, desenhou me um sorriso
Por tudo que deixou
Mais ainda, pela promessa dos seus braços outra vez.
Sem demora ou incerteza, noite.

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