Andei pelos corredores do colégio pensativo, criativo (um pouco), indeciso (talvez) e decidido (com certeza). Se tudo desse certo, talvez eu poderia me livrar das correntes que me prenderam desde o oitavo ano, ou ao menos minimizar a dor que elas me causam. Não é drama, é só uma colocação muito objetiva do que eu sinto. Não me julguem. Eu já faço isso demais no dia a dia.
Certo.
Eu sou uma pessoa naturalmente romântica. Isso deve influenciar nas minhas ideias mirabolantes e nas borboletas que voam dentro do meu estômago, fazendo tour pelos meus sentimentos. Ficou estranho, porque dei a entender que os sentimentos ficam no estômago, mas tudo bem, porque dizem que os sentimentos ficam no coração. Outra visão romântica que criaram para justificar os sentimentos quando não correspondidos. Não é drama, entendam. Os sentimentos se localizam em um lugar que eu ainda não sei qual é. Deve existir uma razão para isso. Se soubéssemos, seria mais fácil expurgá-los de nós.
— Como vou falar com ele?
Eu me questiono.
Ao menos, sendo eu romântico, não me precipitei e enviei uma mensagem de amor com a música tocando no fundo.
— Olá, Charlie. Tudo bem? Não...
Muito bobo. Se tivesse que fazer isso, qual música escolheria?
— E aí, Brow! Como é que vai o lance?
Ai, drogado demais.
— E aí, cara?
Eu sou péssimo nisso. Conversar não é meu forte. Nunca sei o que falar. Sempre começo falando sobre o clima. É ridículo, não fale sobre o clima com ninguém.
— Bom, meu nome é Jamie. Eu sou o garoto a quem você pega no pé desde o nono ano e eu queria dizer que eu te odeio do fundo do meu coração, mas nesse momento eu preciso de você. Se importaria em me ajudar?
Ai, meu Deus. Charlie vem pelo corredor a passos lentos, mas estamos quase nos encontrando. Paro de falar sozinho. Ele parece muito acabado. Usa um boné vermelho e caminha com as mãos ensacadas nos bolsos de seu casaco azul. Eu respiro.
— É agora ou nunca.
Ando decidido em sua direção, estufo o peito para parecer mais forte, levanto a cabeça para não dar a entender que ele me intimida
e então passo direto por ele. E escolho o "ou nunca".— Merda.
Por que preciso ser tão fraco? Suspiro e encosto nos armários.
— Jamie sempre com medo, Jamie nunca com as pessoas, Jamie sem coragem, Jamie, Jamie...
Parece que eu saí de um filme da Disney e espero constantemente que alguém venha me salvar, e então nós dançaremos felizes, e cantaremos uma música alegre até que o próximo problema apareça. Sabe, às vezes a expressão sair do armário é inválida para mim. Mesmo eu saindo do armário, eu continuo dentro dele, morando nele constantemente. Sem roupas pro baile.
— Espera aí, o armário!
Claro. Como não pensei nisso antes? Imediatamente retiro meu caderno de dentro da bolsa e escrevo um bilhete.
Quer reconquistar Yolanda?
Sim ( ) ou Não ( )Me encontre embaixo das arquibancadas
no campo de futebol.Ass: alguém que vai salvar a sua vida.
Perfeito. Sempre fui bom em me esconder por trás de coisas. Escrever um bilhete não é muito difícil. Dobro e enfio o papel entre as brechas de ar da porta do armário de Charlie. Em seguida, saio correndo para a aula de teatro. Aliás, acho a aula de teatro desnecessária. Tem gente que odeia interagir. Como eu, por exemplo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Enquanto Amei Você, Matheus (Físico)
RomanceJamie é um garoto tímido que é apaixonado pelo namorado de sua melhor amiga, Nat, secretamente. É perseguido por Charlie no colégio, donde é vitima de bullying frequentemente. Porém, na intenção de esquecer Matheus, Jamie verá que ele e Charlie têm...