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Capítulo 02

Minha família e eu estávamos todos sentados no sofá encarando a televisão desligada. Eu tinha pedido para conversar com eles, mas eu não conseguia falar, eu não tinha coragem para isso. Apesar da conversa com a mulher do Centro de Valorização à Vida ter me feito bem, eu não sabia como iniciar essa conversa com meus pais.

— Joshua, você vai falar ou vai me fazer perder mais tempo? — meu pai disse me encarando.

— Tudo bem! — digo me levantando e ficando de frente para eles. — Tem algo sobre meu futuro que eu gostaria de discutir com vocês.

Eles continuavam me encarando e minha mãe apenas fez um sinal com a mão, pedindo para que eu continue.

— Sei que ambos fizeram faculdades consideradas importantes e possui profissões que a sociedade diz ser as melhores do mundo, afinal o senhor é advogado e a senhora é médica, e também sei que vocês querem que eu siga nesse ramo, mas não é isso o que eu quero para mim.

O olhar de meu pai quase me deixou arrependido por ter dito isso, mas eu só sentia alívio por finalmente ter conseguido dizer o que estava guardado há tanto tempo. Minha mãe ainda me encarava, mas ela parecia não ter gostado também.

— E o que você pretende fazer? Qual profissão você quer seguir? — a pergunta inevitável foi feita por minha mãe, e não consegui olhar para eles ao responder.

— Eu quero dançar. Essa sempre foi minha paixão, desde pequeno. Eu amo dançar, isso me faz bem. E, além de dançar, quero experimentar cantar também.

— Você está dizendo que quer ser um artista? É isso mesmo?

— Exato! É isso o que eu amo fazer, e é isso o que eu farei.

— Mas não mesmo! Eu sou o teu pai, e você vai fazer a faculdade que eu mandar — meu pai se levantou e ergueu o tom de voz, me fazendo dar um passo para trás.

— Mas pai, eu não quero isso. Me deixe seguir meus sonhos, por favor — digo me controlando para não chorar.

— Eu já disse! Não quero ouvir mais nada — e então ele saiu, e minha mãe foi atrás, mas ela piscou para mim antes de ir com ele.

Agora, para piorar, eu estava proibido de fazer o que sempre quis fazer. Eu tenho que viver a vida sendo controlado por meu pai. Eu, oficialmente, odeio minha vida.