Capítulo 8

62 15 8
                                    

Ao chegar em casa naquela noite, Eve quis saber como havia sido o dia de Scott.

— Pela sua cara, acredito que as coisas não evoluíram muito no caso da noiva assassinada.

— Realmente não. O laudo da perícia ficou pronto e confirmou várias coisas, mas ainda não temos um suspeito. Também interroguei o noivo da vítima, mas nada de novo foi acrescentado.

— Sabe que eu gosto dos detalhes. Por que ela estava vestida de noiva?

— Isso ainda é uma grande incógnita, já sabemos que o vestido de noiva não era o dela. Quero dizer que não é o mesmo que ela usaria no dia do casamento. Foi o assassino quem a vestiu daquele jeito, desde a lingerie até os sapatos e a maquiagem. Foi ele quem fez todo o trabalho para deixar o corpo daquele jeito. Claro, ainda não sabemos se teve ajuda de alguém, é uma hipótese a considerar.

— Credo, que horror! Quem fez isso queria que ela se parecesse com uma noiva pronta para se casar. Que crueldade!

— Sim, querida! E o pior de tudo é que realmente Isabele estava prestes a se casar, a cerimônia estava marcada para o próximo sábado.

— Ela foi estuprada?

— Por incrível que pareça não. O assassino a deixou completamente nua antes de vestir a roupa de noiva, mas não a violentou. Acredito que esta não era a sua intenção, mas apenas ter uma vítima vestida de noiva. Charlie, o noivo, disse que não imagina quem possa ter feito isso. Existem muitas hipóteses. Um ex-namorado traído, um noivo abandonado pouco antes do casamento, alguém que queria se vingar do noivo ou da vítima. Ou simplesmente um psicopata sádico, que talvez nem sabia que Isabele estava noiva. Mas eu já adianto que não acredito nisso, para mim o assassino sabia que Isabele estava com o casamento marcado.

— E qual é o próximo passo nas investigações?

— Tentar rastrear de onde veio o vestido e todos os acessórios que Isabele usava quando foi encontrada, talvez assim chegaremos a um suspeito. Espero alguma prova concreta antes que encontremos uma nova vítima.

— E eu espero que não exista uma próxima vítima. Mas agora vá tomar um banho enquanto eu termino de preparar o jantar.

Na manhã seguinte, Scott juntou todas as informações que tinha sobre o caso e anotou os endereços que deveria visitar. Para sua total frustração, ele tinha poucos lugares a investigar. Seu maior trunfo era o vestido de noiva, mas não foi possível saber a sua procedência. Segundo alguns estilistas, aquele vestido tinha no mínimo dez anos de fabricação e a etiqueta de identificação foi removida propositalmente. A lingerie que ela vestia também não tinha etiqueta, apesar de que aparenta ser de um modelo comum. Poderia ter sido comprada em qualquer loja de Nova Iorque, assim como os sapatos que apesar da marca, não poderiam ter sua origem rastreada.

Os outros acessórios ainda eram mais difíceis de terem a origem descoberta, sendo assim, Scott tinha apenas os locais que Isabele frequentou a fim de escolher coisas para o casamento e também o local onde ela trabalhava.

O primeiro lugar a investigar foi o salão de beleza onde Isabele trabalhava. Scott parou o carro na rua onde ficava o estabelecimento e caminhou alguns metros até a entrada. Assim que cruzou a porta foi recebido por uma bela moça, que acreditava que ele fosse apenas mais um cliente.

— Bom dia! Seja bem-vindo! O senhor tem horário marcado?

— Não! Na verdade, não estou aqui para um tratamento de beleza. Sou detetive Scott, departamento de polícia de Nova Iorque — disse mostrando seu distintivo.

A moça ficou assustada pensando o que o detetive queria ali, mas rapidamente lembrou da colega assassinada.

— Eu gostaria de falar com o responsável pelo local.

— Um momento, vou chamar Jodie.

Logo em seguida uma linda mulher de olhos azuis e cabelos cor de mel o recebeu em uma área reservada do salão.

— Como vai detetive? Sou Jodie, a dona do salão.

— Sou detetive Scott. Não quero atrapalhar o seu serviço, prometo que serei breve. Quero apenas fazer algumas perguntas sobre Isabele.

— Eu esperava mesmo que alguém da polícia aparecesse por aqui. Foi um crime terrível, todos aqui estavam convidados para o casamento. O salão ficou dois dias fechado, ninguém aqui estava em condições de trabalhar, Isabele era muito querida por todos nós.

— Realmente foi uma crueldade. Sei que Isabele estava de férias por conta do casamento. Mesmo assim eu gostaria de saber se ela tinha algum cliente que pode ser considerado suspeito?

— A maioria dos clientes são mulheres, mas também temos alguns clientes do sexo masculino. Isabele sempre tratava a todos da mesma maneira, sempre educada e sorridente. Não consigo imaginar que algum deles possa ser o assassino.

— Certo! A senhorita acredita que Isabele estava com medo de alguma coisa, ou ela comentou alguma coisa que indicava isso?

— Definitivamente não. Antes de sair de férias, Isabele estava muito feliz e sempre que tinha uma oportunidade falava sobre o casamento. A alegria que ela tinha no rosto não indicava que havia algo de errado acontecendo. Não havia nenhum sinal de que algo estava errado.

— Eu vim aqui porque até o momento não temos nenhum suspeito. Qualquer pista pode ser muito útil. Se souber de qualquer coisa, ou que por ventura lembre de alguma coisa que acredite ser importante, por favor, entre em contato.

— Com certeza farei isso se tiver alguma informação. Espero que o assassino seja preso o mais rápido possível. Gostaria muito de ter podido ajudar.

— Estamos eliminando todas as possibilidades, restam poucas opções. Mas de qualquer forma, obrigado por disponibilizar o seu tempo para falar sobre o caso. Até mais.

Scott tinha agora apenas mais dois lugares para ir e tentar encontrar alguma pista. A loja de vestidos de noiva onde Isabele tinha reservado o vestido e também a loja de decorações que também era responsável pela confecção do bolo e doces que seriam servidos na festa de casamento. Se após ir aos dois lugares ainda não encontrasse nenhuma pista, Scott voltaria à estaca zero. Apesar de ser um crime rico em detalhes, o assassino havia sido muito cauteloso para não deixar rastros, os locais escolhidos, as roupas utilizadas, a ausência de impressões digitais. Não foi um crime qualquer, era algo muito bem pensado, digno de um psicopata que não queria ser descoberto logo após o seu primeiro crime.

O assassino das noivas (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora