Capítulo 4

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Logo após tomar café da manhã, Scott ligou para Alfred avisando-o de que antes de ir para o departamento, passaria no Queens e tentaria descobrir alguma coisa conversando com vizinhos da moça. Sua vontade era de interrogar o noivo, mas o corpo da moça ainda estava sendo velado e o enterro seria naquela tarde. Scott não acreditava que ele tivesse algum tipo de envolvimento com a morte de Isabele, mas certamente que poderia dar alguma informação que ajudasse nas investigações.

Pouco tempo depois, Scott estacionou seu carro em frente à casa de Isabele. Os cordões de isolamento ainda estavam no mesmo lugar. A casa estava fechada, o carro de Isabele já havia sido levado pela família. Certamente que a casa seria colocada à venda, ou alugada. Afinal, quem gostaria de morar em uma casa onde um de seus familiares, possivelmente foi assassinada?

O detetive caminhou até a casa da direita e tocou a campainha. Não demorou muito e um senhor de meia idade, com cabelos grisalhos, abriu a porta desconfiado.

— Bom dia! Sou detetive Scott, departamento de polícia de Nova Iorque. Poderíamos conversar por alguns minutos?

— Bom dia! Pode me mostrar o seu distintivo, por favor?

Scott estava acostumado a se apresentar com o distintivo na mão, nem sempre era necessário. Mas o senhor estava correto em exigir que ele se identificasse, afinal um crime havia ocorrido na residência ao lado. Então lhe mostrou a identificação.

— Entre! Em que posso ajudar?

Os dois se acomodaram no sofá da sala de estar.

— Gostaria de fazer algumas perguntas sobre o crime que ocorreu na casa ao lado.

— O senhor tem um mandado?

— Não tenho, mas posso conseguir um rapidamente. Esta é apenas uma conversa rápida, acho isso desnecessário. Quero apenas saber se o senhor viu ou ouviu alguma coisa, não é um depoimento formal. Se preferir assim, vou providenciar para que o senhor vá até o departamento prestar um depoimento.

— Tudo bem! O que o senhor gostaria de saber?

— Primeiro o seu nome?

— Claro! Meu nome é John.

— Senhor John. Ainda não temos todos os resultados da perícia, mas provavelmente sua vizinha, Isabele, foi levada de casa três noites atrás. Apenas gostaria de saber se o senhor viu ou ouviu algo diferente naquela noite.

— Isabele morava sozinha, nós quase nunca nos encontrávamos, então raramente eu falava um bom dia. Três noites atrás, eu lembro que cheguei em casa acompanhado de minha esposa, por volta das vinte horas e percebi que as luzes da casa dela estavam acesas. Mas eu não vi nada de diferente.

— Por acaso o senhor percebeu algum carro suspeito parado aqui por perto? Algo que chamou a sua atenção?

— Notei vários carros parados ao longo da rua, mas nada que eu pudesse considerar estranho. Em frente da casa dela também não havia nenhum carro. E que motivos eu teria para achar que algum daqueles carros poderia ser suspeito?

— Certo! Então o senhor garante que não viu nada de suspeito?

— Não! Absolutamente nada. Só descobri que havia algo de errado quando vi os carros da polícia e da perícia no local. Eu não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo. Apesar de não ter muita intimidade com a moça, fiquei com muita dó da coitada e também da família. Imagino quão terrível seria se isso tivesse acontecido com a minha filha.

— Não tenho filhos, mas sei que seria algo realmente terrível. Obrigado, senhor John. Desculpe o incômodo.

Scott deixou a casa e foi até a residência que ficava do lado oposto. Não foi necessário tocar a campainha. Uma mulher de aproximadamente trinta anos estava do lado de fora cuidando do jardim e o viu no mesmo instante.

— Bom dia! Detetive Scott, departamento de polícia — disse mostrando o distintivo.

— Bom dia! Sou Mary. Posso ajudar em alguma coisa?

— Não quero incomodar. Gostaria apenas de fazer algumas perguntas sobre a sua vizinha.

— Isabele? Não sei de nada. Ouvi dizer que ela foi levada pelo assassino quando estava dormindo, mas nem sei se isso é verdade.

— Ao que tudo indica, é verdade sim. Gostaria de saber se viu alguma movimentação diferente, três noites atrás. Foi quando ela supostamente foi levada e morta?

— Três noites atrás, eu e meu marido estávamos em casa como sempre, fomos dormir por volta das dez da noite, mas não vi nada de estranho na casa de Isabele. Não sou de ficar bisbilhotando a vida alheia. Mesmo que houvesse algo de estranho, provavelmente eu nem ao menos teria percebido.

— Certo! Também não viu nenhum carro diferente parado em frente à casa dela?

— Foi o que eu disse. Não vi nada, meu marido também estava em casa, mas se perguntar a ele a resposta será a mesma. Ele é ainda mais desatento do que eu.

— Tudo bem! Queria apenas me certificar de que ninguém viu nada. Foi um crime pouco comum. A vítima foi escolhida por um motivo específico, ao que tudo indica. Creio que vocês não precisam se preocupar com o assassino. Ele não teria motivos para retornar ao local.

— Fiquei sabendo que ela estava vestida de noiva quando foi encontrada, mas não acreditei nisso.

— Sim! Isso é verdade. Mas ainda não sabemos o motivo.

— Nossa! Ela estava noiva, mas não sei quando se casaria.

— Uma coisa eu tenho certeza, não era no dia em que foi assassinada. Mas tudo indica que a morte tem alguma relação com o noivado. A senhora não viu alguém entregando alguma encomenda, algo que pudesse ser um vestido de noiva?

— Não! Não vi nada. Alguns dias atrás ela recebeu uma encomenda, mas era uma caixa pequena. Vi porque estava aqui fora cuidando das plantas. Naquela caixa caberia no máximo um vestido de boneca.

— Tudo bem! Desculpe por fazê-la perder o seu tempo. Ao menos sabemos que ninguém viu nada que possa ajudar a polícia.

Scott ainda se deu ao trabalho de ir em mais duas casas que ficavam do outro lado da rua. Não conseguiu nenhuma informação relevante. Ao que tudo indicava, Isabele não era muito de conversar com os seus vizinhos. O detetive pegou seu carro e retornou para o departamento. Ele ainda não tinha nada de novo para acrescentar as investigações sobre a morte de Isabele. Mas Scott acreditava que o resultado da perícia que deveria sair no próximo dia, poderia esclarecer muita coisa. Depois de ter as informações em mãos seria a vez de interrogar Charlie, o noivo da vítima. Talvez aquele caso fosse solucionado em breve.

O assassino das noivas (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora