Duas de mim

Victor narrando

Saio da casa da Yonara atordoado, lágrimas escorriam pelo meu rosto. Estava tão furioso que sentia meus ossos ficarem rígidos de tanta raiva.

Andei pelas ruas sem saber pra onde ir. A minha vontade era de voltar lá é dizer o quanto ela é uma idiota sacana por tudo o que fez.

Yonara sempre fez tudo errado, mas isso é demais para fingir que nada aconteceu.

Ela é uma prostituta. Ou era. Tudo o que ela fez foi mentir e me enganar. E pensar que queria casar com ela, formar uma família e até mesmo mudar a minha percepção de vida.

Ela fez tudo por dinheiro. Tudo pra ela é dinheiro. Ela não sabe o valor real da vida e nunca vai saber porque a única coisa que ela quer é dinheiro e uma vida de princesa.

Estou com tanta raiva.

Chuto a primeira coisa que eu vejo, só escuto o barulho da lixeira voando pela rua após o meu chute. Algumas pessoas me olharam, estranhando a minha atitude.

Caminho em direção ao bar da esquina, lotado como sempre. Entro sem cumprimentar ninguém, vou direto ao bar.

— Vai querer o que Victor?

— A bebida mais forte que você tiver.

O dono do bar, José, arregalou os olhos estranhando o meu pedido. Era de estranhar mesmo, não sou de beber

— Dá pra ir logo? — adianto, de forma arrogante.

Sento no banquinho em frente ao balcão, as pessoas passavam e me cumprimentava. Eu quase nem falava, estava com tanto ódio. A voz de Yonara percorria pela minha cabeça como um tormento. Inferno de mulher!

— Seu pedido é uma ordem. — Diz, trazendo uma garrafa de vodka. Coloca no copo e imediatamente eu viro, queimando a minha garganta. Peço mais.

***

Meu pensamento ainda estava nela. Desgraçada da minha vida. Mesmo depois da sua confissão, ela teve a coragem de dizer que eu não a amava o suficiente, por não conseguir aceitar o fato de que ela sempre me traiu, se vendeu pra nada e além de magoar, machucou a própria mãe. Por que tive que me apaixonar por esse monstro? Por que não me apaixonei por alguém que realmente me ama, e além de tudo uma boa pessoa? Por quê????

Já não sabia quantos copos havia bebido, só estava colocando para dentro. Sem perceber a sua presença, senti o toque gélido da Jennifer. Ela sim devia ser alguém porque meu estupido coração deveria bater mais forte, quem eu deveria dar o mundo.

— me falaram que você estava aqui. Eu quase não acreditei.

Olhei bem em seus olhos castanhos, ela é tão bonita, pena que não consigo vê-la como mulher ou por alguém que eu poderia ter algo. Simplesmente meus olhos, a porra do meu coração e o meu pênis só consegue pensar nela: Yonara desgraçada.

— O que houve? — perguntou preocupada. Sua mão gelada tocou em meu rosto, que provavelmente estava vermelho com o calor que a bebida estava trazendo para o meu corpo.

— Nada. — bebo. Peço ao José para trazer cerveja. Precisava beber mais para parar de pensar nela.

Não posso perdoa-la, não dessa vez. Embora a minha vontade fosse de correr de volta para os seus braços e dizer que esta tudo bem, que eu a amo de qualquer jeito. Mas onde estaria a minha dignidade e o meu orgulho? Não, não posso fazer isso.

Talvez quando eu estiver de cabeça fria e quem sabe...

Não!

— Foi a Yonara? — indagou, acertando de primeira.