• Excluída •

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• Bom gente, vamos continuar? Ouçam esta musica para viverem mais a história: R.I.P 2 my youth - The Neighborhood, e leiam a tradução para fazer mais sentido! Boa leitura •

Acordei para me arrumar para a escola. Enquanto me vestia olhei para o meu braço. O número de cortes vai aumentando de dia para dia... Eu passei quase duas semanas sem me cortar. Bati no fundo de novo...
Desta vez vou de autocarro para a escola, então não vou ouvir de manhã.
Me arrumei a meu tempo, não tomei nada de pequeno almoço, e saí. O dia passou rápido, passei o dia inteiro sem comer até a hora do jantar. A minha mãe me obrigou a comer, e assim que cheguei ao quarto fiz exercício para queimar todas as calorias do dia. Não consigo suportar a ideia de comer. De qualquer maneira, fumei mais do que comi. To precisando de mais droga...
Falei com o Alex, uma colega minha me convidou pro seu jantar de aniversário. Nós não nos damos assim tão bem, mas ela convida sempre a turma quase toda. Falei com o Alex para ver se ele, a Taylor e o resto dos amigos queriam sair à noite. Ele concordou, mas Taylor está a fazer os possíveis para que eu não me junte a eles. Tabom, não tenho o direito de ter amigos. Compreendo, quem é que quer ser amigo de alguém assim? Só me pergunto porque é que ainda tento. Porque é que ainda penso sequer em ter amigos. Já desisti. É complicado... Não tem ninguém em quem confiar, e mesmo que as pessoas digam que podemos desabafar com elas, não podemos... ou não nos sentimos à vontade. Eu não consigo falar nem com a psicóloga. Mas sempre que eu falo alguma coisa seja a quem for, acabo por me arrepender e falar demais. Às vezes é muita coisa pra manter para nós. Eu não consigo mais assim. Então quando eu falo é como se estivesse a pedir ajuda, mas não tem ninguém para ajudar. Eles só ouvem e espalham. Ou ouvem e julgam. As pessoas não gostam de nós, elas gostam do que conseguem tirar de nós. É difícil encontrar uma pessoa que goste verdadeiramente de nós. Eu gostava de saber como é. Sentir que somos a razão do sorriso de alguém. Eu não sinto merda nenhuma, ninguém quer saber. Daí eu me apegar tanto às pessoas rapidamente e acabar me machucando logo em seguida, infelizmente ainda tenho a esperança de arranjar alguém, seja amigo ou outra coisa. Dá sempre errado, me odeio por isso também.
De noite, a minha colega do jantar disse que ia fazer o jantar hoje, em vez de sábado, e eu não pude ir. Não vou sair com Alex sábado também, duvido que ele queira. Eu não quero sair com alguém enquanto esse alguém não se importe de estar comigo, eu quero que esse alguém queira estar comigo... mas é difícil. Sou irrelevante mesmo.
Bom, é sexta feira de noite. O meu fim de semana está programado: não vou fazer nada. Mas desta vez tenho tabaco, devia ter arranjado pólen ou assim. Preciso de estar high, qualquer coisa... Uma coisa que aprendi nesta semana: Por muito má que esteja a sua vida agora, ela pode sempre estar pior.

Acordei, sábado de manhã, com a minha mãe a falar alto. Me levantei e fui ver o que se passava.
- Mãe? - perguntei, abrindo a porta.
- É sempre, sempre a mesma merda! - diz, chorando de raiva. - A tua explicadora mandou mensagem sobre o pagamento. Agora está a dizer que é 100€ enquanto era 75. E tu estás lá sem aprender nada! Para além de eu não ter uma árvore de dinheiro em casa, não te está a fazer nada!
- Tabom, eu saio - disse, suspirando.
- Isso não é maneira de falar comigo! - gritou.
- Mas eu falei normal! - levantei um pouco a voz.
- Estou farta! Não foi essa a educação que eu vos dei!
- Calma mãe não se passou nada! - gritei.
- Agora quero sair de casa, tenho que ir trabalhar e tive um problema com o carro. - Disse, caminhando até ao carro. - Vê se encontras uma tampa branca.
Procurei a tampa por todo o lado mas não a encontrei. A minha mãe continuou a estressar, a gritar e a chorar.
- Foda-se! Por vossa culpa a minha vida só me corre mal. E quando falas assim comigo só me das vontade de morrer. Daqui a pouco ponho-vos as duas a andar daqui pra fora! - Gritou.
Põe então. - pensei.
- Calma... - disse, suspirando de novo.
- Como é que queres que eu tenha calma?! Está sempre tudo a correr-me mal! - gritou mais alto ainda.
A minha mãe é assim de manhã. Normalmente é só de manhã, mas ela diz sempre muita merda. Ela costuma também me chamar de inútil e egoísta. Eu não acho que ela esteja errada.
Depois desse drama todo acabar, voltei para o quarto um pouco. Não posso ficar aqui muito tempo se não vou ouvir outra vez. Merda. To sem vontade de sair do quarto.
O Alex não tem respondido às mensagens. Ele está sempre a falar com a Taylor, mas como eu sou só a irmã mais nova não importo. Ainda por cima sou só um ano mais nova... eles agem como se eu fosse uma criança. Por falar neles, a Taylor vai agora sair com ele e com o grupo deles. Ela não me diz onde vai mas é óbvio, ela não vai mais a lado nenhum. Ela sai com eles todos os dias e eu acabo sempre sozinha em casa. Sou excluída por todos os grupos sempre. Nem tenho um grupo sequer. Amigos? Gostava de ter. Eu gosto muito da minha melhor amiga mas ela só está comigo na escola, o pai dela não deixa mais ela sair de casa. Eu não posso fazer nada que eu goste, não tenho amigos para isso. Podia ter, mas a Taylor empata, e se também não houver vontade do lado deles não vamos a lado nenhum. Sim não tenho amigos. Por muito que tenha colegas a me dizerem "Eu sou teu amigo, podes falar comigo sempre que quiseres", não temos mesmo, se eu por acaso mudasse de escola ou assim eles não iam mandar mensagem, a menos que precisassem de alguma coisa, já sei como é.
Estou triste. Nunca me senti tão sozinha. Todo o mundo tem me substituído por outras pessoas mais interessantes.

O meu telefone tremeu. Fui ver quem era e era a minha melhor amiga! Atendi.

- Bá?
- Cassie?
- Então, tudo bem?
- Sim, e contigo?
- Também...
- Liguei só pra por a conversa em dia. Novidades?
- Mais ou menos... Lembra do Tiago?
- Sim, já abriste os olhos ou ainda não?
- Sim mais ou menos, ele dizia sempre que gostava de mim e tal... e não queria relações, ele estava a tentar manter-me lá para quando ele quisesse. Eu percebi que isso não é bom, não é saudável, então eu tentei deixar as coisas claras entre nós. Eu preciso de seguir em frente... tentar coisas novas. Mas mesmo assim ele não para....
- Bom se eu precisar de bater nele fala logo. Pelo menos estou orgulhosa de ti, já não era sem tempo.
- Ahah, sim. O problema é que ele faz pressão psicológica, do tipo de "ah como podes fazer isso comigo depois do que tudo o que eu fiz por ti" e coisas do género. Pessoas boas não dizem isso...
- Ugh que nojo! Ele não é uma pessoa boa. Ele é hipócrita! Mas pronto não vamos falar de merda. De resto está tudo bem?
- Sim...
- Tens te cortado...?
- Hum... M-mais ou menos...
- Oh Cassie...
- Eu sei, eu sei... deixa estar...

Bárbara tentou ter aquela conversa comigo, do "tem gente que gosta de ti" e o caralho, mas depois teve que ir embora. Ela ainda está na ilha, então só pode falar por pouco tempo.

Bom gente, este capítulo chegou ao fim, como viram foi outro capítulo com Cassie a desabafar mais do que outra coisa ahah, mas espero que tenham gostado. Comentam o que acharam, e desculpem qualquer erro! Obrigada, beijinhos •

The broken girl Onde histórias criam vida. Descubra agora