05. Part-time

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- Annalise?! – ele arregalou os olhos, certificando-se de que estava mesmo a olhar para a sua estagiária com quem já não falava há um ror de tempo. – Não acredito que fodemos.

Nova Iorque – 10:30 a.m

Avistei o Edward a chegar à cozinha com o cabelo a pingar devido a ter acabado de tomar banho. Tinha vestido novamente umas calças de fato de treino juntamente com uma T-shirt simples e umas sapatilhas brancas. Confesso que não estava habituada a ver o meu chefe tão casual, mas gostava. Ele puxava os seus cabelos molhados para trás com os dedos e revelava um sorriso envergonhado enquanto me encarava. Eu já tinha vestido o meu macacão da noite anterior e devolvido a T-shirt que o Edward bêbado me emprestara e, como já tinha terminado de tomar o pequeno almoço feito por ele, preparava-me para ir embora.

- Desculpa mais uma vez por ter simplesmente assumido que nós, uh... tu sabes. – murmurou, fazendo-me dar uma leve risada que o fez esboçar um doce sorriso.

Escusado será dizer que eu fiquei realmente chateada quando me apercebi que o Edward bruto tinha regressado e ainda por cima a insinuar que eu e ele tínhamos tido alguma coisa; mas para sua sorte, pediu-me desculpa várias vezes até eu não aguentar mais ouvir os lamentos dele.

- E obrigado por me teres ajudado ontem. Estou com umas dores de cabeça horríveis e, para ser sincero, não me lembro de nada então espero não ter sido um parvalhão contigo. – acrescentou ao que dissera antes. Se ele ao menos soubesse que tinha revelado um lado extremamente querido... mas eu não lhe ia dizer isso. Preferia guardar para mim e acreditar que aquelas palavras eram verdadeiras ("Não sei qual é o efeito que tens em mim, mas... não quero manter-me distante. É verdade, é uma merda ser teu chefe e tu minha estagiária. É verdade, se alguém souber que estás aqui comigo neste preciso momento pode denunciar-te e tens que abandonar a empresa, mas, honestamente, achas que eu deixo isso acontecer? Todas as decisões passam por mim. Não vou fazer nada que te possa prejudicar, Annalise.) do que perguntar-lhe se ele estava mesmo a falar a sério e ele negar tudo.

- Não foste, não te preocupes. – respondi e ele tornou a sorrir de leve, deslocando-se ao frigorífico e retirando de lá uma garrafa de água. – Não precisas de me dizer o que se passou para teres ficado naquele estado, mas sinto que devo perguntar-te se está tudo bem e se posso fazer alguma coisa.

O seu humor mudou por completo, o sorriso desapareceu. Percebi que não devia sequer ter tocado no assunto.

- Estou bem. – foi a única coisa que ele disse e depois virou costas e saiu da cozinha.

Levantei-me da cadeira em que estava sentada e procurei a minha carteira pela sala, onde estava o Edward a apanhar as sapatilhas que na noite anterior tinha atirado.

- Vemo-nos segunda. – disse, já a agarrar a maçaneta da porta, pronta para me ir embora.

- Já vais? – questionou, surpreendido.

- Tenho algumas coisas para tratar.

Assentiu com a minha resposta.

Abri a porta para me ir embora e... para minha surpresa ou não...

- Annabelle, que bom ver-te aqui. Já ia tocar à campainha, fizeste-me um favor. – Rose, no seu tom sarcástico e antipático, proferiu.

- É Annalise. – corrigi e ela revirou levemente os olhos, entrando dentro da casa de Edward, sem qualquer tipo de permissão por parte dele. Provavelmente já nem precisava de permissão..., pensei.

Enquanto fechava a porta, Rose perguntava a Edward propositadamente para eu ouvir se ele agora, passo a citar, "até com meras estagiárias andava metido". Acabei, sem intenções, por fechar a porta com alguma força, dado que aquele comentário enervou-me. Aliás, ela enervava-me, mas tinha que aprender a lidar com ela: um ano passa rápido, não é?

boss - hesOnde histórias criam vida. Descubra agora