1. Vaca Preta

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"Uma história não termina só porque o narrador para de conta-la..."
—Lemony Snicket.

—... E quando estávamos quase chegando, houve uma forte tempestade. – Beatrice disse enquanto passava levemente os dedos nas páginas do livro entitulado "Uma história incompleta". —Eles me deram prioridade, e Violet fez um mecanismo de emergência, que me guiou até a orla da praia em um pequeno berço que estava no barco, logo depois, eles todos caíram no mar...

—Então eu não estava cem por cento errado, depois de tantos anos de pesquisa eu estava quase me convencendo da ideia de que os Baudelaires estavam mortos. –Lemony disse tirando do bolso um pequeno papel e uma caneta, e logo fez um risco ao lado da frase "fundo do mar".

—Achou mesmo que poderíamos estar em todos esses lugares? – A garotinha pegou a pequena folha e olhou com espanto para todas aquelas possibilidades, mas logo depois, ela sorriu. —Nós sobrevivemos tio, fiquei sozinha na orla por apenas algumas horas, logo depois eles chegaram com o barco consertado! Eles me adotaram, e estão cuidando de mim até hoje.

—Estou extremamente estaziado, eu... São tantas coisas.– Pela primeira vez em toda a sua vida Lemony Snicket não sabia que palavra dizer.
Ali, à frente de sua sobrinha, ele apenas conseguia pensar em o quão ela era parecida com sua irmã, e também pensava muito em sua investigação. Ele tinha todas as respostas que precisava bem na sua frente, tudo estava terminado, e também descobriu que por mais que os Baudelaires tivessem passado por coisas horríveis, agora as vidas deles não eram mais as suas aclamadas "Desventuras em série".

—Estaziado, Uma palavra que aqui significa que você está feliz e surpreso ao mesmo tempo, não é?

—Exatamente. – Então o homem sorriu, pois quando olhara para Beatrice, vira muito de si mesmo naquela pequena garotinha, calma no falar e que bebericava lentamente a sua vaca preta, com muito gosto.
Ele mal a conhecia, e tinha certeza de que ela já havia entrado em seu coração e feito uma pequena morada ali.
A amou a primeira vista.
Seria esse um efeito colateral de conhecer uma Beatrice?

—Eu te procurei por tanto tempo tio, mal posso acreditar que você está aqui na minha frente! –Disse a pequena Baudelaire com um brilho no olhar, um brilho que causou certa admiração por Lemony, porque aquele brilho era uma consequência da felicidade e do amor, coisas que ele não sentia a muito, muito tempo, até conhecer a sua sobrinha. —É realmente muito bom em se esconder.

—Fiz muitas coisas para não pagar por crimes que não cometi, deve saber disso.

—Sim, sei sobre as acusações falsas de incêndios e homicídio... Mas você não precisa mais fugir, segundo o Pundonor diário você está morto, não está ? – A menina deu um sorrisinho, o que fez Lemony sorrir também. —Ninguém mais acredita nas calúnias daquele jornal, sabem que você está vivo é claro, mas depois de tudo o que aconteceu, com esse livro você poderia provar sua inocência até para a mais poderosa autoridade. –Então o homem pegou da mão de Beatrice o livro que ela mesmo o estendia, "Uma história incompleta".

Lemony começou a folhea-lo, e ao ver a caligrafia de sua amada libélula, seu coração bateu mais forte.
O detetive se deparou com inúmeras informações sobre C.S.C, antídotos, magníficos projetos de invenções e o mais importante...Beatrice havia descrito naquele livro a noite da ópera, a noite da cisão, a noite em que a vida de Lemony Snicket teve que mudar completamente.

Seu coração ardia enquanto em sua mente tudo voltava à tona, não conseguia tirar os olhos daquelas páginas, e em um certo momento ele sentiu em sua bochecha uma gota de um líquido quente e transparente; Uma lágrima. Ele tratou logo de limpa-la, fechou o livro depressa e logo após descansou suas duas mãos em cima da mesa.

—Você não está mais sozinho. –Beatrice disse enquanto colocava sua pequena e delicada mão acima da do seu tio.

Sozinho. Uma palavra que Lemony nunca havia falado em voz alta, mas ele sabia completamente o seu significado, porque era assim que ele estava em toda a sua investigação, em todos esses anos. Estava completamente sozinho.

—Quero ser uma Snicket, quero ter um escritório no mesmo edifício que ficou escondido esse tempo todo fazendo suas investigações!

—Você já é uma Snicket. –Lemony disse para sua sobrinha que deu o maior sorriso do mundo, como se o seu maior sonho estivesse se tornando realidade.

—Então vamos ser uma família? Uma família de verdade?! –A menina perguntou para seu tio, com os olhos cheios de lágrimas e com o coração acelerado.

—Sim, Beatrice. –Lemony respondeu.


Oi gente! Vocês gostaram? Quero muito saber.
Se vocês quiserem que a história continue eu preciso saber, então se você gostou, me fale por favor.
Um beijo!

After All || Desventuras Em Série.Onde histórias criam vida. Descubra agora