Our World,Vivi

Novos Presentes

“COMO ASSIM NÃO? VOCÊ NOS TROUXE AQUI E NEM PENSE QUE PODE DIZER NÃO!” gritou Vincy irritado. Mas ele estava com medo e não irritado.
... Quando percebeu estava abraçado ao Sábio com os fios vermelhos e marrons entrelaçados entre si e apertando-o contra ele. A garota observava tudo com um sorriso no rosto, Vincy sentia de Vinny sua tristeza e suas perdas... O tempo que passou na rua pedindo ajuda e sendo ignorado por tanto tempo, dormindo em um beco ao lado de urina e lixo e chamando aquilo de lar pois era o que tinha e sem conseguir enxergar com clareza...
“Desculpe...”
“Está com medo é normal.” Vinny disse acariciando os cabelos de Vincy, ele gostou apertando mais o Sábio Mendigo “Continue com medo isso é bom, é saudável ter medo. Mas também se acalme... Olhe pra mim.”
... Ele o olhou, ele viu aquele brilho outra vez o acalmando deixando Vinny mais lindo na sua opinião...
“Está brilhando, isso me acalma”
“Ótimo, quando estiver com medo e acha que não consegue se acalmar olhe para mim, pode olhar”
... Vincy sorriu com essas palavras, eram como um porto seguro para si e ele continuou a olhar para o Sábio, os fios vermelhos aumentando sua quantidade e ligando consigo, seus fios marrons também sem que nenhum dos dois fizesse nada para soltar o outro do abraço...

—— Eles vão ficar juntos?
—— Paciência

... A garota continuava a olhá-los, ela sentia neles uma forte ligação. Ela não via os fios mas sentia que eles seriam ligados, e uma ligação que duraria a eternidade...
“Prontos? Vamos começar”
“Mas... Você... Disse... Que...”
“Brincadeirinha... Desculpe, agora vamos”
... Sem mais nem menos ela foi seguindo a frente deixando ambos confusos e abraçados. Com muito receio Vincy se afastou de Vinny e seguiu a garota, o Sábio Mendigo seguiu logo depois com um sorriso no rosto...
... Boa parte do dia seguiu com Vincy olhando para Vinny, o brilho que o outro tinha ao seu redor era bom e o acalmava, os fios vermelhos as vezes vinha até si e enlaçavam sua mão e ele se segurava aquilo, o mantinha seguro para seguir ela. Vivi não precisava olhar para sentir que os dois se olhavam, Vinny disfarçava seus olhares para Vincy e deixava as árvores ao redor um tanto em alertas...

—— Vinny controla as árvores?
—— Paciência

... Para deixar tudo mais interessante Vivi resolvem fazer uma pequena brincadeira. Os fez seguirem-na pelo um caminho que dava a uma floresta bem densa e do nada sumiu. Nenhum deles percebeu a ausência de Vivi, o Sábio quando se deparou com todas aquelas árvore frondosas e altas sorriu amplamente, saiu da estrada caminhando por entre as árvores e elas lhe saudando...
‘Olá Mestre’
‘Seja bem vindo, Mestre’
“West, ceryja, outsi...”
... O Sábio dizia os nomes de cada árvore como se fossem pessoas, parentes e amigos sempre sorrindo. Ali ele se sentia alguém, não existia solidão ao lado das árvores. Vincy observava tudo aquilo ao seu redor banhando de fios. Fios dos mais variados tons de verdes, claros, escuros, bem claros, bem escuros... O brilho delas lhe dava uma paz enorme e fazia querer ficar ali para sempre até que ouviu uma melodia, uma doce melodia... Acompanhada de um fio vermelho vivo...
“Uhhhhh uhhhhhhh uhhhhhh uhhhhhhh...” o Sábio cantava para suas árvores
... Então o vento veio levando as folhas de encontro ao Sábio enquanto ele cantava, o vento soprava fraco nas notas mais baixas e forte nas mais altas. Triste o viu ser rodeado por folhas e uma luz verde o envolver e então até que tudo parou no ar, as folhas pararam e voltaram para seus devidos galhos de suas devidas árvores e no centro estava ele, Vinny só que diferente...
... Seus pés estavam descalços, suas roupas não mais desgastadas mas novas, calças perfeitas nele e não como antes pois pareciam largas demais, usava uma camisa e por cima um grande casaco que esvoaçaria se o vento soprasse, os cabelos continuavam bagunçados. O que chamou a atenção de Vincy fora os detalhes na roupa, como se fossem gravuras de galhos com folhas por todo o casaco e raízes nas calças...
... Quando o Sábio virou para ele, Vincy viu gravuras de flores na camisa quase invisíveis como no casaco e nas calças, os olhos mais verdes, bem verdes mas não como antes, vários tons de verde como se colorissem um círculo com todos os tons existentes de verde começando do mais escuro para o mais claro e por fim em suas mãos uma flauta de madeira.
... Ele se aproximou e entregou a flauta para Vincy. A flauta era de madeira das árvores, madeira que foi dada como presente pelas árvore e feita por elas mesmas enquanto o Sábio cantava, era simples e avermelhada...
“Obrigado”
“Toque, minhas árvores e eu queremos ouvir”
... Vincy se sentiu tentado a atender aquele pedido, os olhos verdes se mantinha por detrás dos óculos vermelhos tão gentis que Vincy levou a flauta a boca e soprou a primeira nota.
... Dalí saiu vários e vários fios, de todas as cores. Um arco-íris de fios deixando Vincy impressionado mas não parou de tocar, a mesma coisa aconteceu: os fios o envolveram dançando ao seu redor, ele sentia todas as emoções até que a música parou, os fios desapareceram e Vincy se viu com uma roupa nova, igual a de Vinny porém de cor azul bem claro com gravuras também, de notas musicais e em seus pés estavam sapatos da mesma cor que sua roupa.
“O que foi isso?”
“Acho que foi um presente.”
... Vinny se aproximou mais de Vincy que virou para ele porém seu olhar subiu a cabeça do outro e estendendo a mão arrancou uma folha que crescia em meio aos cabelos castanhos de Vinny.
“Ai. Doeu.” então viu o que Vincy pegou, uma pequena folha.
“É linda” seu olhar mudou de novo para a flauta, tinha detalhes agora. Ainda tinha seu tom avermelhado mas agora tinha detalhes como se fossem raízes em baixo relevo.
“Novos Presentes, agora vamos continuar ainda tem mais.”
... Ouviram a voz dela e voltaram a seguir caminho.