Machala on...Acordo a meio da madrugada, são 04:00h, saio do meu quarto e vou para a cozinha para comer alguma coisa. Ao passar pela sala, deparo-me com o cenário iluminado junto à lareira.
Olhar para isso, fez-me lembrar o quão animada e ansiosa eu estava no princípio de Dezembro. Porque para mim o natal sempre foi uma das melhores datas, e nunca foi pelos presentes, até porque quanto mais cresces menos presentes ganhas. Sempre foi a data que carrega a bela desculpa para toda a família se juntar numa noite, comer, conversar, receber e dar presentes a quem amamos, por mais pequenos que sejam, nunca me importou o preço mas sim o valor dessas coisas.
E olha para mim agora, eu deixei passar uma das datas mais importantes e simbólicas para mim.
Mas hoje ainda é dia 25 de Dezembro, ainda não é tarde.
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Kwan on...
Já são 09h, tomo um banho e visto-me que hoje é dia de arrumar. Desde que aqui cheguei, ainda não tirei um dia para limpar este quarto, é sempre outra pessoa a fazê-lo, e já que hoje é natal e eu acordei bem disposta, não custa nada.
Troco os lençóis da cama, as fronhas das almofadas, limpo o quarto de banho, o chão do quarto e agora só falta limpar o pó dos móveis.
Ao chegar na cômoda, tem um aglomerado de coisas, maquilhagem e até peças de roupa, tiro tudo isso e reparo numa câmera escondida. A câmera é de tamanho médio, preta e tinha um monte de coisas por cima, perfeitamente escondida, mas a lente estava descoberta, significa que ela está ligada. Momentos depois, reparo que a câmera está a filmar já a cerca de uns três ou dois dias, e reparando a posição em que a encontrei, ela podia ver praticamente tudo que se passava aqui no quarto.
Mas que raios, quem haveria de pôr uma câmera aqui? E porquê?
Nesse momento, lembro-me da noite em que acordei com o Sr.Valentim aqui no quarto, não quis acreditar, mas faz todo o sentido.Podia desconfiar de algum dos empregados, mas sempre que saio de casa, eu tranco o meu quarto, e quando estou em casa, ninguém entra lá, a não ser o senhor Valentim.
Estou tão irritada que decido ir até o escritório dele para tirar satisfações, esse vídeo pode ter imagens íntimas minhas, afinal é o meu quarto!
Bato a porta e ele me permite entrar, antes que ele diga alguma coisa eu começo a falar.
Kwan- Encontrei isso no meu quarto Sr.
Sr.Valentim- Bom dia para ti também minha filha. O que é isso? Uma câmera?
Kwan- Por favor, não se faça de desentendido, com todo o respeito, tenho a certeza que foi o senhor que colocou a câmera no meu quarto.
Sr.Valentim- Kwan, não podes fazer esse tipo de acusações sem provas, isso é crime.
Kwan- Sr.Valentim, não vou exigir que admita nada, mas tenho a certeza que a Sra.Sara não vai gostar de saber disso. *Digo e vou em direção à porta*
Sr.Valentim- Kwan! *Ele diz num tom agressivo, mas sem gritar, apenas com um poder na voz* O que me faz tremer e virar para ele que se tinha posto já em pé.
Kwan- Sim senhor?
Sr.Valentim- Sim, és mais inteligente que eu pensei, fui eu que pus a câmera.
Kwan- E porquê fez isso?
Sr.Valentim- Para te apreciar. *Diz e começa a aproximar-se de mim*
Kwan- Desculpe?
Sr.Valentim- Isso que ouviste mesmo minha linda. Já estou farto de não poder tocar em ti na minha própria casa. E já agora, não vais dizer nada a Sara, na verdade, não vais dizer nada a ninguém, pois a câmera está conectada com o meu computador, está tudo gravado e tenho imagens tuas que já deves imaginar que não seria nada bom se fossem parar na internet.
Fico paralisada, eu não posso acreditar no que estou a ouvir, com que tipo de monstro eu vivo.
Sr.Valentim- Para além de inteligente também és muito obediente, portanto, vais fazer tudo o que eu mandar, ou todo mundo vai ver o que tens por de baixo dessa roupa. *Ele diz acariciando o meu ombro com o dedo, baixando a alça da minha blusa*.
Só consigo sentir nojo, e medo, muito medo.
Kwan- O senhor é doente! *Digo e uma lágrima cái*
Sr.Valentim- Guarda essas lágrimas para depois meu amor. *Diz, dá-me um beijo na bochecha e sai do escritório*
Vou para o meu quarto e atiro a câmera para o chão, partindo-a. Começo a chorar desesperadamente, a minha vida acabou.
.......................Machala on...
Para espairecer, decido dar um passeio sozinha por Nova Iorque. Vou de bicicleta passando pelos pontos turísticos da cidade, vendo as luzes de natal ao rubro, lindas, passo em um Mc Donalds e como o meu menu favorito.
Vou a umas lojas e compro acessórios, faz tempo que não fazia isso, estou a dar-me um presente, eu mereço.Cris on...
Chamada on...
Cris- Antes que penses mal, não te estou a ligar com algum tipo de interesse amoroso Ava.
Ava- Então é sobre a Machala?
Cris- Não, eu liguei-te para acabar com todas as esperanças que possas ter se pensas que ainda vamos voltar.
Ava- O quê? Não faz sentido Cris, eu disse-te que ia ajudar-te com a Machala, eu já entendi que...
Cris- Não, não entendeste nada Ava. Eu não gosto de ti, e não é porque eu conheci a Machala e apaixonei-me por ela, mas sim porque simplesmente não gosto.
Ava- Cris...
Cris- Ouve Ava, eu peço-te desculpas por todo mal que te causei, eu admito isso, só ganhei coragem para te ligar e dizer isso tudo porque estou na mesma situação.
A pessoa que amo não quer saber de mim, nem pintado de ouro.Ava- Tu a amas?
Cris- Sim, eu amo a Machala, e eu nunca pensei que fosse amar tanto alguém que não é da minha família, acredita! Não é por não estar com ela que eu vou ficar contigo ou com qualquer outra rapariga. Eu amo ela, e isso não vai mudar tão cedo, porque eu não pretendo desistir.
Ava- Cris, eu já te perdoei mesmo antes de pedires desculpa, porque eu te amo, eu não quero ficar sem ti...
Cris- Eu lamento muito Ava, eu não te amo, e só estando na mesma posição para entender o mal que te causei, eu lamento muito, e quero muito que encontres alguém, que te ame da mesma maneira, mas essa pessoa não sou eu.
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Machala!
RomanceDescrição do livro Machala: Conheça a história de uma jovem indiana que regressa a Nova York, cidade onde viveu durante muito tempo. Nesta cidade que não dorme, ela reencontra-se com o nosso personagem principal, Cristian VanderWaal, um jovem frio...