Machala!

"...ainda que seja a coisa menos provável a acontecer."

Joshua on...

A Ava e eu estamos sentados no jardim da parte de trás da minha casa, sozinhos, enquanto está todo mundo lá dentro.

Ava- Metas para o próximo ano?

Joshua- Sei lá, mas aprendi muita coisa esse ano, e vou levar muita aprendizagem para o próximo, portanto só quero saber pôr em prática tudo o que aprendi... e tu?

Ava- Eu não tenho metas, só quero que as coisas aconteçam naturalmente, esse ano eu fiz muitas metas, criei muitas expectativas , e por conta disso somei muitas desilusões. O que tiver que acontecer, que aconteça... *Diz e vira-se para mim, olhando para os meus olhos*
- ...ainda que seja a coisa menos provável a acontecer.

Eu não tirei o foco daquela boca e aproximei-me devagar, senti-a encurtar a distância igualmente, quando eu ia fechar os olhos eu comecei a ouvir a contagem decrescente do pessoal. E assim nós os dois fomos interrompidos por um primo mais novo que nos foi chamar.

Ava on...

Foi a situação mais constrangedora da minha vida, e olha que eu já passei por muitas. A criança ficou a chamar-nos de namorados o resto da noite toda!

E eu ainda não sei explicar o quê que aconteceu ali...

Machala on...

Foi incrível, ver aquelas luzes e ouvir a contagem de todo mundo, sentir o calor e o entusiasmo das pessoas. Na minha cabeça só passava uma retrospectiva de um ano cheio de memórias.
Assim que chegamos a casa eu abracei os meus pais, numa tentativa de mostrar-lhes o quanto estou grata por os ter do meu lado. Em seguida eu abracei a Thay para lhe lembrar que nós somos família também, porque não é o sangue que nos une, mas sim o amor.

Kwan on...

O resto da noite eu passei com o Nathan, conversamos durante horas, até eventualmente todo mundo se ir embora e ele também é claro. Nem ouvi a contagem decrescente, falar com um desconhecido fez-me esquecer da vontade que tenho de morrer por estar na situação que estou.

Eu só queria abraçar a minha família agora, eu queria que alguém me dissesse que vai ficar tudo bem, mesmo eu sabendo que não, não vai...

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2 de Janeiro, quarta-feira.

Chamada on...
Cristian on...

Cris- Alô?

Chala- Uao, não perdes tempo...

Cris- Pois é, não dá.

Chala- Quando é que estás disponível?

Cris- Estou disponível quando tu estiveres, não te preocupes!

Chala- Então quando é que marcamos?

Cris- Sinceramente depende de ti...

Chala- Arhg! Assim não chegamos a lado nenhum. Fazemos assim, tu ficas aí a preparar as tuas falas e depois marcas o dia que te der mais jeito. Assim que fizeres isso tu avisas-me. Certo?

Cris- Sim chefe!

Chamada off...

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Kwan on...

A Dona Maria veio conversar comigo e elaborou um plano, o senhor Valentim saiu para tratar de negócios e ela vai ao seu escritório "limpar", ou seja, procurar as gravações da câmera que estava no meu quarto.

Sim, eu contei a história toda a Dona Maria, eu não conseguia mais guardar para mim...

Eu fico na porta do escritório e ela entra para "limpar", alguns empregados passam pelo corredor mas assim que oiço passos eu dou dois toques na porta (para avisar a Dona Maria) e mecho no meu telemóvel como se nada tivesse acontecido.

Passado 10 min, oiço o barulho do carro do Sr.Valentim a estacionar, como não havia ninguém no corredor, abro a porta e aviso-lhe que o demônio chegou, ela está a vasculhar no computador e diz-me para ir para o meu quarto.

A caminho do meu quarto oiço-o subir as escadas e o meu coração aperta, se a D.Maria for pega eu destruo não só a minha vida como a vida dela.

Quando entrei no meu quarto, ouvi a porta do escritório fecharem-se e depois um silêncio absoluto.

De seguida oiço passos em direção à porta do meu quarto e o meu coração bate mais rápido que nunca.

Dona Maria- Tudo limpo...*Diz abrindo devagar a porta e com um sorriso enorme na cara*

Que alívio!!!

Kwan- Ai, eu ia morrer de ataque de coração...

Dona Maria- Eu não encontrei as gravações, mas tenho informações que não vai gostar de saber.

Kwan- Conte-me...

A D.Maria contou-me sobre o senhor Valentim não tem nenhum registro que comprove que ele trabalha para uma empresa, ou mesmo que tenha alguma empresa, ela contou que o computador que o senhor passa horas a usar, está limpo e livre de quaisquer documentos.

Ela viu um arquivo com várias outras pastas dentro, essas pastas eram mais de 16, e todas elas com nomes de meninas, tinha uma que estava escrito Kwan, a qual a Dona Maria entrou e estava completamente vazia, ela quis ver as pastas com nomes de outras meninas mas foi a altura que o Sr. tinha chegado.

Está tudo mais complicado do que antes, e eu preciso urgentemente de juntar as peças, mas eu não posso mais estar a pôr em risco o trabalho da D.Maria, por isso decidi ligar a Machala e contar-lhe tudo...

Chamada on...

Kwan- Machala, eu preciso de te contar algo...

Chala- Conta...

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Thaynara on...

Infelizmente, é amanhã que me vou, sou super grata pelo meu trabalho actual, trabalho com o que eu gosto, recebo muito bem e ainda vim para Nova Iorque passar esse tempo com a Machala, mas o que é bom dura pouco, e vamos voltar às nossas sessões de chamadas no Skype.

Não sei porquê, mas algo que me diz que não volto a ver a Machala tão cedo...

Mudando de assunto, nesse momento a Tauane está a falar ao telefone na sala, e eu estou no quarto a arrumar as minhas malas.
O casal da casa saiu para um jantar romântico, parece que o ano novo foi bom de mais!

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Cristian on

Hoje decidi dar um passeio de mota e calhei passar a frente do The Singers, que surpreendentemente está aberto, vejo a Jean e vou ter com ela.

Jean- Eu conheço-te menino...

Cris- Sim, eu sou amigo da Machala...

Jean- Ahm claro, "amigo" dela, sei.

Cris- O The Singers está lindo, e já abriu para clientes?

Jean- Não é? Está maravilhoso, os sócios gostaram tanto que quiseram investir mais 15% do combinado, portanto as obras acabaram mais cedo e o equipamento tem muito mais qualidade, entra, queres ver? Mas ainda não abriu para clientes.

Cris- Sim, por favor.

Entro e aprecio cada novo detalhe, está lindo!

Cris- Eu acabei de ter uma ideia, eu depois lhe explico, mas até dia 5 não chame a Machala para vir cantar, eu preciso de preparar algo.

Jean- Eu podia simplesmente ignorar tudo o que disseste porque ela não vem trabalhar de qualquer forma, demos-lhe a informação que seria só dia 10 que ela tinha de vir, e isso mantém-se apesar das obras já terem acabado. Mas tá bem, tu é que sabes, mas se precisares de alguma coisa aqui dentro avisa com antecedência.

Cris- Claro!!!