ENQUANTO AGUARDAVA MEU NOME SER CHAMADO, aproveitava para organizar meus pensamentos e sentimentos, que não era novidade para ninguém eles estarem uma tremenda e confusa bagunça dentro de mim.
Já fazia duas semanas que eu vinha adiando minha vinda à terapia, mesmo com Seokjin insistindo para mim que seria bom ter alguém com quem conversar sobre o que vinha acontecendo, alguém que poderia me ajudar a colocar as coisas nos eixos novamente e me ajudar com a adaptação da minha nova vida.
A verdade é que mesmo não querendo fazer terapia, eu no fundo sabia que Seokjin tinha razão, tudo dentro de mim estava um verdadeiro e completo caos e acho que ter alguém com quem eu pudesse conversar seria bom.— Park Somin. — ouço a voz da recepcionista me chamar. — A Dr. Kwon a aguarda, já pode entrar.
Respiro fundo me levantando do sofá, sinto minhas mãos suarem enquanto em passos lentos caminho até a porta e então giro a maçaneta. A sala é clara, com paredes brancas e uma enorme janela com um divã próximo a ela. Há um uma mesa de madeira e atrás dela uma estante repleta de livros e certificados em minha direita, e na esquerda outra estante ainda maior com muitos jogos de tabuleiro e lápis de cor.
A doutora Kwon é uma mulher alta e sorridente, seus cabelos pretos estão presos em um coque e seus olhos por de baixo da armação do óculos parecem me analisar.— Sente-se, por favor. — diz ela, apontando para a poltrona cor de creme, que fica de frente para outra poltrona de mesma cor, que está ao lado de uma mesinha de vidro com o que reconheço ser uma caixa de lenços em cima. Será que os pacientes dela costumam chorar muito nas sessões? — Bom, quero que saiba que tudo o que disser aqui está protegido pelo sigilo médico, a não ser é claro, que você represente ser um perigo para si mesma ou para outras pessoas, o que não parece vir ao caso. — ela sorri e se senta na outra poltrona, enquanto isso eu tento acalmar meus nervos. — Aqui é um local seguro para conversarmos sobre o que estiver disposta a me dizer, senhorita Park, sinta-se à vontade para começar quando se sentir pronta.
Demoro alguns minutos pensando no que dizer primeiro, tentando organizar a bagunça de emoções dentro de mim e colocar em palavras tudo o que sinto em relação aos últimos acontecimentos, então quando menos espero, as palavras começam a jorrar de dentro de mim como um rio que por tempos havia sido impedido de correr pelo seu curso natural.
Quando saio da terapia e pego um táxi – afinal de contas sim, eu também havia me esquecido de como se dirigia. –, me sinto um pouco mais leve por ter tirado de dentro de mim o que eu vinha guardando e não tinha ninguém com quem compartilhar, afinal de contas as coisas não eram tão simples assim e não havia sequer a possibilidade de eu conseguir dizer para alguém próximo à mim que eu não conseguia me sentir mãe do meu próprio filho. Com toda a certeza me julgariam e olhariam para mim como se eu estivesse louca.
No final das contas, não era como se eu odiasse Taewoo ou algo do tipo, não, muito pelo contrário. Eu adorava lhe contar histórias de ninar ou simplesmente cozinhar algo que ele gostava de comer, o real problema era eu não me sentir como uma mãe, era a estranheza ao saber que aquela pequena criança era uma parte de mim da qual eu seria responsável pelo resto de minha vida.
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Remember Me | Jeon Jungkook
FanfictionO que você faria se fosse dormir no ensino médio e quando acordasse descobrisse que, ao invés de uma noite, na verdade, treze anos já haviam se passado? E pior ainda, e se quando acordasse, você estivesse casada com seu maior arqui-inimigo do ensino...