AMOUR À TROIS

7 - PILOT

MATTEO

A boca de Astrid se abre ao que um gemido é solto e sua cabeça tomba para trás, encaixando no vão do meu pescoço. Continuo fazendo movimentos repetidos de penetração enquanto uma das minhas mãos segura firme seu seio esquerdo, e a outra repousa em sua cintura.

Ali, de pé embaixo do chuveiro ligado numa temperatura beirando a gelada, pra não embaçar as lentes, nós mão temos muito espaço por causa do box e isso faz com que a gente seja obrigados a ficar o mais colados possível.
Também não dá pra ver a cena direito pelo monitor da câmera, mas é o suficiente pra entender que ficou ótimo.

"Eu acho que temos mais do que suficiente para o piloto." Robin, nosso diretor, diz ao que todos terminam de assistir.

Foram três dias seguidos gravando as diferentes opções de roteiro. Boa parte delas foi descartada na reunião final, sobrando apenas cinco para teste. Agora, ouvindo os cochicos de Robin com algumas pessoas da produção, creio eu que a primeira ideia vai ser usada.

"Astrid sabe fingir orgasmos muito bem." Tyler comenta assim que entra no meu trailer. Eu ainda estou só de roupão, mas me trocar na frente dele já virou costume então não me sinto nada intimidado em ficar nú na frente dele e vestir minha cueca.

"Engraçadinho."

"Como você consegue gravar essas cenas sem ficar duro?" Pergunta e eu o encaro pra saber se ele estava falando sério. "Vai, me diz. Eu ainda sou um ator amador."

"No sétimo ano eu tive um professor que era muito barrigudo e seu umbigo quase sempre ficava pra fora da camisa. Uma vez nós vimos ele enfiando o dedo lá e cheirando depois." Digo e imediatamente sinto nojo ao me lembrar da cena. "Quando tem alguma cena de sexo, eu fico imaginando ele e é impossível ficar duro."

Tyler imita um som de vomito e eu continuo terminando de me trocar. Está perto do horário de jantar e toda a equipe marcou de irmos até um restaurante italiano pra comemorar o início da série.
O piloto vai sair logo na próxima semana então a gente estava realmente correndo com as filmagens, tanto que iniciamos ontem por volta das nove da manhã e só fomos acabar agora, tendo como intervalo cerca de duas horas e meia pra dormir durante essa madrugada.

Já no restaurante é meio engraçado ver que a nossa "mesa" tem quase vinte pessoas. Parte da produção não pode vir porque trabalham em mais de uma coisa além da série, caso contrário a mesa teria umas trinta pessoas.
Estão todos com grandes expectativas quanto ao lançamento e para o feedback do público. E eu, me sinto cada vez mais ansioso.

"Você me parece mais solto hoje." Tyler diz me olhando. Com todos alheios em seus próprios assuntos, eu, ele e Astrid somos uns dos únicos que nos mantemos apenas comendo e rindo de coisas que ouvimos.

"É porque eu gosto de atuar, sempre me anima bastante." Digo dando de ombros. Astrid por um momento me olhou e sorriu, mas logo seu celular vibrou e sua expressão se fechou um pouco enquanto ela respondia alguma mensagem.

"Problemas?"

"Adolescentes babacas atacando minha irmã mais nova." Ela diz bloqueando o celular novamente. "Algumas meninas da escola dela tinham um fã clube para o Matteo, e quando soltaram aqueles videos em que eu beijo o Tyler elas ficaram furiosas. Agora, elas acabaram descobrindo que Katherine é minha irmã e estão ofendendo ela."

E eu lhes apresento: o lado ruim de ser figura pública.
As pessoas que não tem nada a ver com a situação acabam sofrendo também.

"Caralho, que merda." Tyler diz baixinho, suspirando em seguida.

"Katy me afirmou que vai ignorá-las. Acreditam que ela me disse que ficaria muito melhor se eu chamasse minhas amigas Gucci e Prada para fazerem uma visita ao closet dela?" Astrid solta uma risada que eu nunca tinha visto dela dar antes. É sincera, e gostosa de ouvir.

Pela visão periférica posso ver Tyler sentado ao meu lado e sorrindo pra cena. Ele provavelmente achou o mesmo que eu.

"Tenho sorte que meu irmão ainda tem três anos e não sabe o que é dinheiro." Comento antes de levar o que restou do meu macarrão até a boca.

"Não consigo imaginar você perto de crianças." Tyler diz.

"Você é uma criança, e eu estou do seu lado." Respondo.

"Uuuuh, sugar daddy e baby boy." Astrid provoca me fazendo corar.

"Vou te mostrar quem é a criança quando a gente chegar no apartamento." Tyler, com toda ousadia que ele possuí acumulada em seus um metro e setenta, me sussurra isso. Eu o encaro incrédulo, e o garoto apenas pisca pra mim e vira o restante do vinho de sua taça em sua boca.

"Porra, vocês precisam transar logo. Por favor, me deixem assistir uma fodinha entre vocês." Astrid implora e eu reviro os olhos.

"Estou indo pra casa, preciso descansar." Digo já me preparando pra pagar minha parte da conta e me despedir de todo mundo.

"Tyler, levanta logo porque eu tenho certeza de que ele quer te ver provar que não é uma criança." Astrid diz toda animada, com um sorriso de orelha a orelha.

E ela não está errada, mas não vai ser hoje que eu e Tyler vamos transar porque eu realmente estou morto de cansaço.

A prova disso é quando passo o caminho todo do Uber em silêncio, ouvindo Astrid tagarelar com o motorista sobre conceitos de religiões e filosofias de vida, e Tyler simplesmente apaga de sono com a cabeça encostada no meu ombro.
Por mais desconfortável que fosse a cena, minutos depois eu me vejo o segurando no colo durante o caminho do elevador até nossa casa, que está com os dias de estadia contados.

Astrid sugere que eu o coloque no quarto, e que todos nós passemos as últimas noites dormindo juntos dela porque ela alega ter tido um pesadelo na noite passada e está com medo de dormir sozinha agora.

Foi meio estranho dormir ali. Primeiro a gente teve que tirar a roupa de Tyler mas ele acordou logo quando a gente tirou os sapatos dele, e ele tirou o resto das roupas ainda mole de sono e voltou a dormir logo em seguida, de cueca mesmo.
Astrid tinha tirado suas roupas e roubou minha camiseta pra usar de pijama. A garota teve a audácia de dizer que eu também deveria dormir só de cueca porque a gente já tem intimidade pra isso.

A parte incomoda em si foi ela ter ficado no meio, porque a gente começou dormindo em nossos respectivos espaços mas pela manhã, quando acordei, eu tive a visão de Astrid dormindo abraçada com meu peitoral enquanto a mesma tinha Tyler abraçando sua cintura.

No entanto, eu estava me sentindo tão confortável ali que simplesmente peguei no sono outra vez.